↠Cᥲρίtᥙᥣ᥆ 048↞

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Fazia horas que Morgana estava sentada em uma sala de interrogatório algemada à mesa, e se ela quisesse poderia sair dali em poucos segundos, mas tudo o que ela fazia era olhar para as próprias mãos, o choque ainda não tinha passado, mas as lágrimas pararam de escorrer em algum momento.

Ela sentia aquele tipo de vazio onde tudo o que ela conseguia pensar era nos últimos acontecimentos repetidas e repetidas vezes, em um círculo de tortura mental interminável. Os gritos de Xavier chamando pela bruxa ainda preenchiam os ouvidos da garota, o rosto do rapaz com lágrimas escorrendo enquanto falava para ela que tudo estava bem, ainda estavam gravados nas retinas da ruiva.

Alguém entra na sala e fecha porta atrás de si, mas a garota continuava olhando para as suas mãos trêmulas enquanto alguém se senta em sua frente.

-Tudo o que eu quero é o seu depoimento, Morgana. - Galpin fala calmo. - Depois disso pode ir embora, não vou prestar queixa.

-Eu quero vê-lo. - É tudo o que a garota responde e escuta o homem suspirar enquanto entrega um copo de papel com água para ela.

-Sabe que eu não posso permitir. - O homem responde e a Faust fica em silêncio por quase um minuto e meio antes dele continuar a falar. - Me responda o que eu quero saber e eu te dou alguns minutos com ele. Thorpe já demonstrou ser agressivo antes?

A bruxa levanta seu olhar para o homem que tem suas sobrancelhas levantadas para ela enquanto espera sua resposta.

-Ele não é agressivo. - Responde Morgana sem emoção.

-Como explica ele ameaçar Wednesday com uma faca? - O xerife pergunta colocando o objeto dentro de um plástico em cima da mesa e a garota levanta uma sobrancelha em descrença. - Eu o vi com a faca, Morgana.

A bruxa tenta segurar a sua língua para não falar que todo mundo que já conversou com sua prima por cinco minutos tem vontade de esfaqueá-la. Ao invés disso ela responde de maneira neutra.

-Essa faca estava com Wednesday... me pergunto como ela foi parar lá, junto com ela. - A bruxa se inclina para frente. - Minha prima tinha um perfil de um suspeito que ela estava moldando de acordo com a personalidade de Xavier, quando sabemos que o certo é se fazer exatamente ao contrário. Ela queria que ele fosse culpado, mas ele não é.

-Como tem tanta certeza? - O homem pergunta pegando a faca de volta, apenas para precaução.

-Porque eu estava com ele em dois dos ataques. O do dia do festival e um que Wednesday alega ter visto o monstro. - Conta a garota. - Isso já não é prova o suficiente pra inocentar ele?

-Um depoimento contra uma pilha de provas? Nenhum juiz acreditaria em você. - Galpin suspira. - E pra ser sincero... nem eu.

-Ajax Petropolus e Enid Sinclair estavam com a gente no dia do festival, eles podem confirmar. - A bruxa rebate séria. - As algemas ainda são necessárias?

-Me desculpe se eu não posso confiar que você não vai fugir. - O homem responde e se recosta na cadeira cruzando os braços. - Vou pegar o depoimento deles depois. Você disse que já esteve no galpão antes, então sabia que ele desenhava o monstro. Não achou curioso que o seu namorado, que diz que nunca viu o monstro, o desenhar diversas vezes?

-Ele vinha tendo pesadelos com isso. - A garota responde não querendo entrar naquele assunto, era muito íntimo.

-Ele também desenhou a Kimboot sendo atacada pelo monstro. E adivinha só... ela apareceu morta hoje à tarde.

Morgana se inclina sobre a mesa enquanto deslocava seus dois dedões para se libertar das algemas.

-O pai do Xavier é Vicent Thorpe, um grande vidente e médium, e caso você não saiba isso pode ser hereditário. - A ruiva conta e monstra as suas mãos livres para o homem que a olha confuso. - Você não está lidando com pessoas normais, xerife. Temos dons que não conseguimos controlar, mas o Xavier nunca machucaria ninguém.

ᴍᴏʀɢᴀɴᴀ - 𝚇𝚊𝚟𝚒𝚎𝚛 𝚃𝚑𝚘𝚛𝚙𝚎Onde histórias criam vida. Descubra agora