Cap 9

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                      Pov
                   Sakura
 
  - Fale sobre suas alucinações. Como você as chama? - Pergunta o homem sentado em uma poltrona do outro lado da pequena mesa de centro.
- Sombras.
- Sombras. - Repete o psiquiatra anotando no seu caderno. - E quando começaram? - Demoro pra respoder, o fazendo tirar o foco do caderno e redirecionar o olhar em minha direção.
- Quando eu era pequena, cinco ou seis anos não me lembro direito. - Mantenho meu olhar no dele esperando pela pergunta seguinte.
- E ainda as vê?
- Não. - Não fraquejo meu olhar para não ser captada na mentira. - Faz um tempo. - Sabia que as aulas de teatro seriam de alguma utilidade. Gente que tanto esse homem me encara, ele nem pisca! Não sabia que estava num concurso de encarar, nunca fui boa nisso. Me assustando com movimento repentino, deixa os papéis de lado e empurra  um copinho com umas três pílulas dentro, coloca um pouco de água no outro copo e põe na minha frente. Se reencosta na poltrona e aguarda o meu próximo passo. Eu sei o que ele e tantos outros psiquiatras que já passei, espera que eu faça. Mas não vou me medicar, não sou uma maluca que fica vendo coisas que não existem. Eu sei o que eu vejo e também estou certa que essas coisas são bem reais. Viro o rosto pro lado, me recusando a pegar o copo. Visualizando que minha pessoa não pegaria o que me foi oferecido, o homen se levanta e vai na direção da janela apoiando-se nela. Que pena, visto que fosse eu no seu lugar, esperaria sentada.
- Me diga Saky, porque acha que está aqui? Em Em Cherub?
- Pergunte ao juiz. - Dou um sorriso cheio de sarcasmo. Ele apenas ri do meu jeito de responder.
- Sabe eu li a sua ficha, sei o que o juiz pensa. - Quem bom pra você, queria eu saber o que os outros pensam. - No entanto o que não entendo é a sua decisão. O Doutor do seu caso disse que com a medicação você fica estável, não tem alucinações nem paranóias, pesadelos...
- Eu não sou doida sabia? - Não deixo ele terminar de falar, estou cansada das pessoas acharem que eu sou maluca.
- Ah, não é isso, ninguém está dizendo que você é. - Fala não acreditando muito na minha resposta.
- Todo mundo tá dizendo isso.
- Você entende que se tomar o medicamento prescrito você pode ir embora? Voltar pra sua antiga vida?
- Acontece que não me sinto bem com remédio. - Faço pouco caso sobre o assunto.
- Rumm, se não tomar vai ter que ficar aqui, numa instalação de tratamento sancionada pelo tribunal, sobre supervisão. - Balanço a cabeça como se estivesse concordando com ele, dissolvendo as informações que adquiri. Me abaixo pegando a bolsa sobre meus pés, deixada ali por mim quando cheguei.
- Mesmo que eu tenha que ficar presa prefiro ser quem sou, do que ter que fingir quem não sou só para agradar as pessoas. - Digo me levantando e me preparando pra sair do local.
- Você pode ter uma vida normal. - Olho em sua direção uma última vez antes de fechar a porta e me retirar da sala.  

                  ♤°♤°♤

   - Coitadinha, ela nem sabe no que está se metendo. - Diz a loira  descendo as escadas junto ao platinado e a outra garota com cabelos loiros escuros.
- Pode ser diferente dessa vez. - Exclama Temari.
- Sabe de alguma coisa que eu não sei? - Pergunta Suigetsu.
- Não. Só seria legal se fosse diferente.
- Tá vamos deixar isso interessante, aposto vinte que a Saky vai pegar fogo como sempre. - Diz o platinado pra Temari.
- Aposto cem. - Rebate a loira.
- Temari! - Exclama a Ino em choque por eles estarem brincando com algo dessa magnitude.
- Ino? - o platinado espera pra ver se a loira modelo vai entrar na aposta.
- Isso é cruel, não é um jogo Suigetsu. - repreende a de olhos azuis.
- Tá bom, talvez seja. - profere o garoto sem nem ligar para a repreensão da garota. - Lá vamos nós de novo. - Diz comforme os três terminavam de descer as escadas e olhavam na direção da Sakura que entrava na biblioteca.

                    ♤°♤°♤

   Entro na biblioteca, encosto a porta atrás de mim e caminho pelo espaço amplo e luminoso. Eu com toda certeza desse mundo, passarei toda a minha estadia aqui. Eu simplesmente amo livros, o cheiro de livros, ainda mais novos é uma das melhores coisas da minha vida. As estantes são enormes, vão do chão até o teto, e tem sofás de couro marrom  espalhados pela sala, colocados ali para os alunos descansarem enquanto leem.
-Esse intelecto seu, ele até pode do inferno ,Céu fazer. - Diz a professora de ensino religioso descendo a escada em formato de caracol, e me estendendo um livro de capa preta.
- O que é isso? - Pergunto pegando-o e  analisando o livro em minha mão.
- Milton, Paraíso Perdido. Então, creio que tenha vindo buscar seus livros?
- Aham.
- Por aqui. - Cinaliza o caminho a seguir. - Matemática, literatura, religião e história. - Fala me entregando os livros que estão sobre à mesa. - Ah, ainda está faltando um. - Exclama de acordo com o papel em sua mão.
- Você poderia pegar? Você vai encontrar na coleção especial.
- É claro. - Pego o papel que me é entregue e vou atrás do livro. Passo pelas mesas de estudos e entro no infinito labirinto de livros. Chego na seção dita pela professora, procuro pelas  prateleiras o livro, agaxando de vez em quando pra melhor visibilidade. Deixo a procura de lado quando ouço um leve baque de algo caindo no chão, ajeito a postura e ando  até achar a fonte do barulho, encontrando-o dormindo na poltrona. Vou chegando perto de vagarosamente, observando o raio de luz que atravesa à janela atingir sua bela face. Travo em sua frente, bloqueando a luz do sol de chegar até ele, assim formando uma sombra, fazendo-o abrir os olhos pretos. Quando seus olhos se prendem aos meus, sinto as mesmas coisas de sempre quando encontro com ele. Não sei explicar é como estar preso no meio de um furacão. Como saltar de paraquedas ou escalar uma montanha. É confuso e embaraçoso, ainda tem a questão da sensação de conhecer ele de algum lugar, mas eu não lembro de já ter conhecido ele, e isso mexe comigo, mexe com a minha cabeça. De uma coisa eu tenho certeza, eu não vou parar enquanto não descobrir toda e qualquer verdade.



 

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