Capítulo 66 - Monstros

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Então Jessy mandou uma mensagem no grupo:

Jessy: “o que foi isso?!”

Dan: “desculpe, fui eu”

Cléo: “aconteceu alguma coisa?”

Dan: “eu derrubei algo”

Eu: “o que foi? A porta da sala?”

Dan: “não só, um suporte de roupas idiota”

Cléo: “que susto 😑”

Dan: “é, desculpe, cadeira de rodas e tudo mais”

O pessoal se calou e 5 minutos depois meu celular apitou, achei que era o Jake, mas era uma conversa entre o Thomas e o Dan, fui ler:

Thomas: “Dan?”

Dan: “não cara, não tinha ninguém lá, eu só derrubei algo”

Thomas: “?”

Dan: “esquece, o quê?”

Thomas: “eu quero que você me dê a arma”

Dan: “você quer batatas fritas também senhor?”

Thomas: “qual é, estou falando sério”

Dan: “Chantilly por cima?”

Thomas: “se as coisas ficarem sérias, você sabe que seria melhor se estivesse comigo”

Dan: “é, claro”

Thomas: “você não pode nem passar de um andar para o outro naquela cadeira de rodas”

Dan: “mesmo assim ao contrário de você, eu já usei uma dessas antes, espera, agora eu entendi! A arma é sua!”

Thomas: “não, não é”

Dan: “é sim, eu vi pelo jeito em que estava olhando pra ela mais cedo”

Thomas: “Dan, não é minha”

Dan: “por que você simplesmente não disse que era sua?”

Thomas: “por que não é! Acho que a arma é do pai da Hannah”

Dan: “como é?”

Thomas: “sim, ele guarda escondida no sótão, ele prometeu para a mãe da Hannah que ia se livrar dela quando Hannah nascesse, mas ele não fez isso”

Dan: “e você tem certeza que é a mesma?”

Thomas: “sim, tenho certeza, é por isso que eu estava olhando pra ela”

Dan: “e como a arma do Nathan Donfort foi do sótão para esta maldita cabana na floresta? Espera, espera, você não acha que foi a Lilly, acha?”

Thomas: “acho”

Dan: “bobagem, por que a Lilly traria uma arma com ela? Ela quase fez xixi nas calças quando a Cléo tirou aquela coisa?”

Thomas: “sério? Não consegui ver como ela reagiu”

Dan: “ok, certo, mande ela até mim, podemos esclarecer isso”

Thomas: “não, me deixe fazer isso, caso contrário, ela vai saber que eu te disse”

Dan: “tudo bem e até lá esse bebê vai ficar comigo”

Thomas ficou offline e em um segundo ouvi a voz de Dan vindo da sala:

Dan: Raissa, consegue me ouvir?

Eu: sim Dan, tá tudo bem?

Dan: sim, eu só queria te agradecer

Eu: pelo o que?

Dan: por ficar do meu lado mais cedo, você acalmou os outros, você ganhou pontos brownie por isso

Eu: não precisa me agradecer

Dan: eu queria te contar uma história

Eu: sou toda ouvidos

Dan: quando eu tinha treze anos, um cara de repente apareceu na minha porta, ele estava segurando um chapéu com as duas mãos e estava tentando sorrir, me perguntando se minha mãe estava em casa. Ele tinha uma grande cicatriz branca na mão esquerda, ele não se apresentou, mas não precisava

Eu: por que? Quem era ele? Um criminoso?

Dan: bem... mais ou menos, eu soube quem ele era imediatamente e eu sei onde ele conseguiu aquela enorme cicatriz, o idiota ficou bêbado e depois escorregou com uma garrafa de cerveja na mão, ele estava mirando aquela garrafa na cabeça da minha mãe, mas acho que ela foi mais rápida que o babaca bêbado.

Eu: espera, era o seu pai?!

Dan: que nada, eu dei muitos nomes a esse canalha ao longo dos anos, mas pai não era um deles

Eu: por que ele apareceu novamente naquele dia?

Dan: eu não perguntei, eu disse a ele pra se afastar da nossa varanda e que eu não poderia garantir nada se ele mostrasse a cara de novo e perguntasse por ela. Alguns dias depois cheguei em casa à noite e esse cara estava novamente na varanda, mas desta vez minha mãe estava lá com ele,  ela estava cobrindo o rosto, escondendo o roxo que ele deixou nela, mas não estava escondendo as lágrimas, quando me aproximei dele, aquele idiota apenas deu de ombros como se tivesse sido um acidente ou como se ele quisesse se desculpar, mas eu não me importei

Eu: posso imaginar o que aconteceu

Dan: toda a minha vida minha mãe teve problemas pra andar, tudo graças a ele, ele a empurrou escada abaixo pq ela colocou ervilhas em sua vasilha uma noite, malditas ervilhas... enfim, até hoje ele não apareceu novamente e eu ainda não faço ideia se ele sabia quem eu era e pra ser honesto não dou a mínima

Eu: e nem deveria, nunca tinha o visto antes?

Dan: não e honestamente, eu poderia ter vivido sem conhecer ele, resumindo, eu sei como é quando você abre a porta e de repente se depara com um monstro, eu sei exatamente como lidar com aquele monstro

Eu: vamos torcer pra ser a última vez que vc precise lidar com um

Dan: vamos ver... aliás, o que você faz no seu tempo livre? Quando não está procurando por mulheres desaparecidas quero dizer

Eu: bom, eu gosto de ler

Dan: isso definitivamente não é minha praia

Eu: você só não leu o livro certo ainda

Dan: eu duvido, mas e filmes de ação?

Eu: eu gosto principalmente se for dos heróis da Marvel

Dan: e terror?

Eu: morro de medo kk

Dan: a líder dos escoteiros tem medo de filme de terror jura? Kk aposto que você é do tipo que cobre os olhos no cinema

Eu: e perco a metade do filme, sim kk você me pegou

Dan: eu gostaria de ver isso (vish que papo é esse Dan?)

Resolvi jogar um verde: como assim? Quer ver um filme de terror comigo?

Dan: sim, alguma coisa que pudesse ser contra isso?

Eu: sua namorada (eu poderia ter jogado verde mais tempo pra ver até onde ia? Poderia, mas não aguentei)

Dan: quem?

Eu: a Jessy ué, se vcs não fossem tão lentos vcs já estariam juntos

Dan: eu não sei se vc se lembra, mas foi exatamente tomando uma atitude que minha história na cadeira de rodas começou, não há por que insistir em alguém que claramente não me quer

Eu: eu concordo, mas não é esse o caso com a Jessy

Dan: não?!?

Eu: não, mas vc vai ter q ter paciência com ela, tente ser carinhoso e parar de passar raiva nela que talvez ela comece a se abrir

Dan: é, quem sabe

Nossa conversa foi interrompida com o celular vibrando, era o Jake no grupo:

Jake: “eu preciso de ajuda”

Cleo: “de todos nós?”

Eu: “🤷🏽‍♀️”

Jake: “se isso for possível então sim”

Dan: “aqui vamos nós outra vez”

Jessy: “oi 😊”

Eu: “olá 😄”

Jake: “como todos sabem, o Michael Hanson ativou o compartilhamento de localização via GPS no telefone da Hannah. No entanto, dessa forma ele sem saber, revelou uma fraqueza significativa pra mim. Alguns minutos atrás consegui estabelecer uma conexão com o telefone dele”

Dan: “e o que isso significa em palavras normais?”

Jake: “que agora é possível acessar o microfone do Michael Hanson como desejarmos”

Dan: “mentira”

Jessy: “😲”

Eu: “excelente!”

Jake: “isso não é exatamente o que eu esperava, mas deve ser o suficiente, então, assim que eu estabelecer a conexão, poderemos ouvir tudo que acontece nas proximidades do celular dele, talvez assim possamos ser mais espertos que ele”

Eu: “você não pode acessar a câmera dele também?”

Jake: “eu suponho que sim, mas isso levaria muito tempo”

Jessy: “o microfone também é uma boa, nós só precisamos tentar um pouco mais”

Jake: “e é aqui que vocês entram, ouçam todo e qualquer som, os marcantes e os imperceptíveis. Qualquer coisa pode ser importante”

Cleo: “ok”

Dan: “👍🏻”

Jake: “alguma pergunta?”

Eu: “ainda vamos poder falar um com o outro?”

Jake: “sim, acredito que conversar entre nós será vital e por favor, aumentem o volume dos seus celulares, seria ainda melhor usar fones de ouvido, se possível”

Jessy: “acho que não trouxe meu fone comigo 😔”

Eu: “ok vamos lá”

Jake: “não se assustem”

E então a tela do grupo onde mostram as conversas tomou uma tonalidade diferente de azul e vi que abriu um campo em cima que por enquanto estava escrito “desconectado” e percebi que Jake compartilhou seu mundo de hacker com todos no grupo. Dan foi o primeiro a comentar:

Dan: “mas o que?!”

Eu: “sejam bem vindos ao meu mundo pessoal 😆”

Mudei pra Duskwood!Onde histórias criam vida. Descubra agora