O Primeiro Passo De Um Sonho

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Enquanto isso, na região mais movimentada da cidade estava Shinobu, a rainha dos venenos enviada diretamente por Amara para ganhar aquele torneio e adquirir a utopia. Ela negociava com o gato misterioso demonstrando grande interesse no frasco que lhe fornecia imunidade a magia de luz.

— Esse é um item bastante poderoso. — Dizia a criatura enquanto colocava o item em uma sacola e entregava para Shinobu.

— Você não precisa me pagar, em compensação o que acha de realizar uma pequena tarefa para mim? — O gato retirava algo em baixo do balcão, um papel com uma foto de uma planta.

— Essa é uma Flor da aptidão, dizem que ela consegue melhorar o corpo e limpar todas as impurezas de alguém até o seu auge, também ouvi dizer que ela consegue rejuvenescer alguém, mas nunca coloquei a mão em uma dessas, não precisa ter pressa. — Disse o felino.

— Mas se algum dia encontrar uma dessas, por favor traga para mim, acho que você pode encontrá-la na... Montanha do santuário. — O gato sussurrava, mas um homem que passava por perto o interviu.

— Não de ouvidos a esse felino, a montanha do santuário é extremamente perigosa e as freiras guardam aquele lugar com suas vidas. Não recomendo ir lá garota. — Disse o homem que se apoiava na lateral da barraca.

— Pare de atrapalhar meus negócios, Frank. – Disse o felino.

— Estou apenas impedindo uma bela dama de ir para a morte. — Disse o rapaz.

— Você está sendo cego se não consegue ver o poder que essa bela dama possuir. — Prosseguiu o felino.

— Acho que o único cego aqui é você que nem percebeu que ela não está mais aqui. — O gato fica de queixo caído e incrédulo ao ver que Shinobu já havia ido embora e estava em outra barraca, havia levado consigo seu item, fazendo Frank cair na gargalhada.

Na barraca do vendedor de armas, Shinobu observava com atenção as cartas serem colocadas sobre a mesa, as palavras daquele desconhecido lhe atingiam de tal forma que uma pressão surgia em seu peito, uma pergunta que talvez ela nunca houvesse recebido; aquilo era tão profundo que a fez engolir em seco e pela primeira vez sua expressão não era de neutralidade.

O encarando nos olhos, ela segurava forte o balcão sem ousar desviar seus olhos do mercador. Shinobu, aquela tida como inspiração para muitos, a rainha dos venenos e calamidade da escuridão pela primeira vez estava com medo de sua própria verdade.

— É a primeira vez que sinto que é difícil de responder. — Disse Shinobu, com aquela mesma voz suave de sempre.

— Apenas traga o que está em seu coração, minha jovem. — Disse o mercador. — não tenha medo.

Sua mente estava tão distante que era como se ela mergulhasse no interior de um nevoeiro onde gradualmente o rosto de alguém surgia, cabelos negros, mas a neblina não a deixava ver o rosto. "Qual é o seu sonho Kochou?" A voz do mercador ecoava na sua mente.

— O sonho... Meu sonho, se eu pudesse reescrever minha história, queria poder salvar a minha irmã e junto dela, poderíamos ser felizes. — Ainda receosa, a palma de sua mão exercia tanta força que parecia querer quebrar a mesa em dois; aquilo havia lhe atingido de uma forma que a pressão estava fazendo o seu sangue escorrer através do balcão.

— Tudo bem. — O homem colocou a sua mão sobre a mão ensanguentada de Shinobu.

— Vamos ver o que as cartas dizem.

Rebelando cada uma delas, o homem começou a interpretar as figuras com precisão.

— Interessante... Aqui diz, que você está no caminho errado do seu objetivo. — Revela a primeira carta.

— A pessoa que você procura ela está perto, as correntes dizem que ela está presa e o relógio que ela não tem muito tempo. — Disse ao revelar a segunda carta.

— Vejo muito sangue nesse caminho, seu sonho pode ser realizado, mas você precisará matar muitas pessoas no processo. — Disse o homem que por fim retirou da manga de sua blusa uma última carta, essa ele havia escondido enquanto embaralhava as cartas.

— Geralmente não mostro isso para todos, mas no seu caso, irei abrir uma exceção.

Essa carta diferia das demais, ela continha uma abundância de magia.

— Meu Deus, essa jovem veio à minha barraca completamente perdida em busca de seu sonho, eu como seu servo vi que seu objetivo é nobre, por favor me mostre a verdade através dessa carta e guie essa jovem no caminho certo para realizar o seu sonho.

Ao virar a carta, Shinobu se impressionava com o que encontra, lágrimas poderiam escorrer através dos seus olhos como se uma série de lembranças esquecidas com o tempo estivessem retornando para sua mente.

As lembranças da sua irmã começavam a surgir em sua mente, momentos de infância, conversas fragmentadas, tudo ainda não era claro, mas uma coisa era fato, a sensação de amor e felicidade invadiam o seu peito, ainda segurando a mão de Shinobu o mercador lhe olhava nos olhos.

— Não chore criança, vá e lute pelo seu sonho, você não é uma marionete. — O homem puxou aquela carta com a foto da sua irmã e entregou para Shinobu.

— Siga seu coração e essa carta lhe mostrará o caminho. — Soltando um breve sorriso, o homem soltou a sua mão.

Shinobu poderia sentir aquela carta falar consigo como um sexto sentido, era como se ela estivesse lhe chamando e o local... Era, mais uma vez, a montanha do santuário. Shinobu que direcionar o seu olhar a montanha por alguns segundos ao voltar para a realidade não encontra mais nada, a barraca, o mercador misterioso, tudo havia sumido como se nem mesmo existisse, as pessoas e até mesmo o gato mercador sabiam da existência da barraca, mas nenhum deles percebeu quando ela desapareceu, naquele momento ficou claro para Shinobu que quem quer que tivesse lhe ajudado, não era ninguém comum.

A montanha do santuário, um lugar perigoso guardado pelas freiras que abriga a arma lendária capaz de derrotar Amara. De alguma forma, seu encontro com o mercador, com o felino, tudo apontava para aquele lugar. Mas Shinobu tinha o campeonato, ela iria questionar as ordens de Amara e subir a montanha ou obedecer à deusa e participar do campeonato? O que o coração de Shinobu lhe dizia naquele momento? Esse era um momento difícil para a rainha dos venenos.

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