Amor proibido

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Tito

Sabe quando tu tá vivendo no automático? Nos últimos dias eu tô vivendo assim. Depois que minha pretinha me deixou tem nem mais graça fazer as coisas com alegria. É irmão, me apaixonei, eu confesso, soldado foi abatido, não quero mais viver na putaria e assumo que tô gamadão na sub18.

Vou cedo pra boca e resolvo minhas paradas na maior paz, depois deixo RD no comando e vou pra casa me arrumar. Hoje é a primeira consulta que eu vou do de menor, tô todo bobo, com mó medo de ter algo de errado com meu menor, que tenha alguma perna faltando ou sei lá. Se tiver também dá em nada, amor vai ser igual, vai vir igualzinho até o mano Toddy, titio do ano. Só não vou dar a criança pra ele apadrinha porque eu não confio, já pensou se vir uma nega pra mim pagar todos os meus pecados? Ah não, e se ele pega minha filha igual fiz com a do RD? Tá doído, mato ele.

Me arrumo rapidão, troco o carro pela moto e vou buscar a outra lá, que já está no portão me esperando, com um vestidinho solto florido e uma havaiana, finalmente colocou uma, até estranho e penso em brincar com ela que está parecendo crente, mas decido ficar calado para ela não pensar que estou dando liberdade pra ela.

Não estou falando direito com ela desde do ocorrido do Natal, só procuro ela pra perguntar sobre meu filho e só também, pra mim acabou, sei que se Rayssa não está falando comigo é por culpa minha mermo, mas essa filha da puta também tem sua culpa no cartório. Eu mandei ela não contar pra ninguém, só depois que passasse essa época de fim de ano, não queria estragar meu primeiro natal com minha diabinha. Mas antes tivesse contado então, estragou de qualquer maneira, pelo menos eu ainda teria ela aqui comigo se eu tivesse sido sincero.

Tito: Como tu tá? A cólica melhorou?- Pergunto ligando o carro e indo dando a ré pra sair da rua da casa dela.

Lorena: Acordei um pouquinho enjoada hoje mas tô melhor, tomei um remédio. E sim, passou, fiz uma massagem na barriga ontem pela noite e depois coloquei compressa de água quente, ajudou bastante.- Fala olhando pra frente e eu assinto mesmo sabendo que ela não consegue ver.

Tito: Jae, qualquer coisa você me aciona que mando alguém ir te ajudar.- Falo e ela vira a cabeça na minha direção, eu olho pra ela mas volto minha atenção a rua. Olho pelo espelho do retrovisor Nandin e Pezin em uma moto fazendo minha contenção.

Lorena: Por que não você? Afinal, é o seu filho, que você quem fez! Nada mais justo que você vir me socorrer quando eu estiver precisando de ajuda ou qualquer outra coisa, não fiz essa criança com o dedo!

Tito: Você fala como se eu te largasse né? Que eu não te desce dinheiro, fizesse todas as suas vontades e comprasse a porra toda que você me pede. Não posso ficar 24 por 24 disponível pra você Lorena, tenho a porra de uma favela pra cuidar!

Lorena: Mas é seu filho, Tito!

Tito: Eu sei porra, e eu não tô fazendo minha parte não? Hum? Não tô saindo da porra do morro só pra ir em hospital particular porque a dondoca aqui é chique demais pra ir no postinho? Não tô arriscando minha vida indo em consulta só por capricho seu?- Ela fica quieta- Então pronto porra, você tá reclamando só porque não posso ficar indo toda hora lá na sua casa ver meu filho que nem nasceu ainda? Ah não fode Lorena, não tenho porra de tempo pra criancice sua!

Desconto todo meu ódio em cima dela também e nós vamos o caminho todo pro hospital calados, bem melhor assim. Acompanho a consulta dela toda e assisti tudo com um sorrisão no rosto, mesmo não entendendo nada dos borrão na tela, ouço o coração do bebê e gravo tudo com o celular, por instinto mando no grupo da família e só depois esqueço a merda que eu fiz, já que Rayssa também está no grupo.