Um. Sem prisioneiros

1.4K 69 8
                                    

Vivemos num mundo repleto de puros paradoxos, amor e ódio, felicidade e infelicidade, equilíbrio e desequilíbrio, esta é a ordem natural da vida. Mas cada um desses paradoxos pode ser negociado e até mesmo quebrados. Por que seria diferente com a paz e o conflito? Assim seja. Após um período não tão longo de paz em Pandora, o Povo do Céu voltou em busca de sua tão desejada vitória.

A cerca de dois dias atras os detectores de Daniel Hofstadter, meu tio, detectaram algo semelhante a uma nave terrestre entrando na atmosfera pandoriana, e pousando aos arredores da ilha do povo Omaticaya. As chances de uma nova guerra estourar eram grandes, e todos do departamento tinham plena noção disso porem tinham medo, algo compreensivo validando o fato de que eram apenas um pequeno grupo de cientistas sem algum tipo de segurança armada.

(...)

Já tem cerca de dois dias que não vejo Murphy, minha Ikran. Começo a ficar preocupada, ela nunca havia sumido dessa forma. Fico sentada no topo de um dos trailers, agarrada as minhas próprias pernas, olhando pro horizonte na esperança de vê-la voando de volta pra casa. Mas nada, novamente. Decido descer, aguardar e ter fé de que na manhã seguinte ela volte.

Depois de uma noite não tão revigorante de sono, levanto como de costume junto ao sol. Arrumo minha cama e ponho uma roupa decente, pego um balde de frutas e sementes para Murphy. Saio novamente de meu trailer na esperança de ouvir os rugidos e bater de asas do animal, mas novamente não ouço nada. Tombo minha cabeça de lado mordendo meu lábio inferior, pensando em desistir da ideia de vê-la novamente. Sinto uma mão reconfortante em meu ombro, olho e vejo Jamie Hofstadter, a mulher que chamo carinhosamente de mãe, no corpo de seu avatar.

— Ela ficará bem meu amor. Murphy é esperta ela sabe se virar. — Fala a mais velha, acariciando meu ombro.

— Eu sei, mas a conheço ela não sumiria assim do nada, tenho medo de algo grave ter acontecido com ela.

— Ficará tudo bem. Ok?! Vai ficar tudo bem! — Ela diz me abraçando de lado e apoiando minha cabeça no seu peito.

Ela me afasta um pouco me olhando nos olhos e dando um pequeno selar em minha testa e voltando para dentro do trailer, começo a tomar rumo de volta para dentro até ouvir bem atrás de mim o rugir seguido de uma ventania repentina. Ao olhar pra traz vejo Murphy, um sorriso começou a se formar em meu rosto mas logo ele some ao ver a asa da mesma manchada de sangue. Ela pousa encima de um dos trailers e eu impulsiono o ar atrás de mim me fazendo levitar o suficiente pra alcançá-la.

— Murphy, onde se meteu? O que aconteceu com você? — Dizia analisando com cuidado sua asa. — Mãe! Murphy voltou! Ela está ferida, me ajuda por favor! — Ela veio correndo com uma maleta de primeiro socorros e veio até mim.

— Para o lado! — Ela exige analisando sua ferida. — Okay. É superficial, não demorará muito para cicatrizar. — Ela fala esterilizando a ferida.

Acaricio sua cabeça em sinal de conforto. Mudando um pouco minha visão vejo atrás da mesma vejo uma nave Sky People se aproximando. Vacilo alguns passos para trás chamado a atenção de minha mãe.

— Mãe! — Digo sem tirar os olhos da paisagem.

— Oi? — Ela diz e eu aponto para a nave, a mesma olha e seu rosto toma uma expressão de terror nítida. — Merda. Merda. Merda!

A mais velha agarra meu braço e me leva para dentro do trailer.

— Você tem que sair. Agora! — Ela diz pegando uma de nossas malas de emergência atrás do armário.

— O que? Não vou deixa-los. Precisam de mim tanto quanto eu preciso de vocês.

— Eu sei meu amor mas...

— Não, nada de mais, eu posso ficar e posso lutar, sabe disso! — Falo antes que a mesma termine a frase.

— Da mesma forma que eu sei eles também sabem. — Ela fala já exaltada, mas logo põe as mãos sobre a boca percebendo que deixou a informação escapar.

— Como assim eles sabem? — Mamãe descansou as mãos sobre a mesa e fechou a cara mordendo a parte interior de sua bochecha.

— A 18 anos... — Ela iniciou relutante. — O povo do céu desceu até Pandora em busca de minerais para seu mundo pobre. Graças a sua ganância uma guerra se iniciou, e para "garantir" sua vitória eles assassinaram o clã mais poderoso, os quais sabiam que contra eles, eles não teriam chance alguma. Depois que Jake venceu, baniu o povo do céu de Pandora mas permitiu que algumas pessoas de confiança continuassem, eu fui uma delas. Me estabeleci nessa ilha e encontrei você. — Ela disse se virando para mim pondo a mão em meu rosto. — Mas o povo do céu descobriu sobre você. Seus dons são tão fortes que assustam até mesmo eles. Eles não querem um poder assim do lado dos pandorianos, assim sendo eles...

— Me querem morta. — completei com lágrimas nos olhos.

— Exato! Por isso preciso de você segura meu amor. Pegue isso! — Ela disse abrindo minha mão e pondo um colar. — Vá para o leste, para a ilha Metkayina. Encontre JakeSully, entregue isso a ele, fale que Jamie Hofstadter a enviou, ele saberá o que fazer. — Meus olhos encontravam o dela em confusão, mas com a visão turva devidos as lágrimas que se formavam. — Nesse relógio tem todas as coordenadas... — Ela diz tirando o relógio do seu pulso e pondo no meu.

— A gente vai se ver de novo? — Pergunto com a voz embargada.

— Eu não sei querida.

Ela me abraça e assim sinto as lágrimas rolarem sobre meu rosto. Mas sinto que ela só falou isso pra de alguma maneira me dar esperanças, mas ela sabia que o povo do céu não estava fazendo prisioneiros hoje.

Never Been HurtOnde histórias criam vida. Descubra agora