Dezessete. Comunicado

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Cada um tinha sua vingança pessoal para lidar. Eu com o homem que matou minha família. Os Sully's por terem perdido sua casa e uma chance de viver em paz e liberdade. Ronal pela irmã. Tonawari pela proteção da sua família e seu povo. Todo Na'vi em Pandora, por terem tido sua paz e harmonia comprometidas por uma guerra desnecessária de um povo intruso e ignorante. Todos nós tínhamos nossos motivos pra lutar, pra viver e pra morrer, era apenas uma questão do que fazer.

Ronal tinha lágrimas inacabáveis, uma sede de sangue que parecia insaciável, tomada pelo ódio e a vingança. O marido não estava muito diferente, ele temia e como eyktan era seu trabalho protejer seu povo é assim ele faria, mesmo que isto significasse perder a própria vida. Gritos de Metkayinas furiosos eram ouvidos a quilômetros de distância. Sua pukana era extremamente poderosa, que enchia o povo de puro vigor e fúria. Todos estavam gritando, exceto Tsireya estava apavorada, a garota chorava em pânico por todos que amava, me aproximei da garota e estendi a mão e ela pulou em meus braços num abraço e não conseguia parar de chorar.

A tsahik culpava a mim e a Jake por tudo. Dizia que nós trouxemos a guerra para seu povo, não estava errada, mas em algum momento o povo do céu chegaria até o povo das águas, era apenas uma questão de tempo, é isso era independente de estarmos em Metkayina ou não.

— E quanto a você, filha de Eywa? — Disse Ronal em tom de insulto se voltando pra mim. Tsireya me solta e eu sigo à frente. — Sabia que eles viriam, a culpa é sua, botou nossos irmãos e irmãs em perigo. Deveríamos entregá-la logo de uma vez, junto com você, Jake Sully.

— As custas de que? — Disse Jake. — Está garota pode ser a nossa salvação.

— A partir do momento que entregar a garota, estará entregando Pandora nas suas mãos. — Disse Neytiri ficando ao lado do marido. Ronal rosna para a mulher que mantém sua postura firme.

— Se quiser entregá-la terá que passar por cima de mim e da minha família.

Disse Neteyam se pondo a minha frente, com Kiri, Lo'ak e até mesmo a pequena Tuk a nossa volta. Fico agradecida pelo ato da família  comigo, mas eu não podia fugir dessa realidade, tinha lidar com isso. Dou a volta e agora me dirijo à frente da mais velha que me olha com total desprezo.

— Compreendo sua raiva por mim e eu sinto muito por tudo, mas peço que por favor me deixe ao menos salvar o que me resta e quando tudo isso acabar, prometo que poderá me matar. — Digo em súplica, mas a mulher não responde apenas olha pra trás e o marido a olha com compaixão. — Sem contar que precisam de Jake pra está missão. Por favor, nos deixe salvar Pandora.

Tonawari se dirige a frente e põe a mão no ombro da esposa, que em seguida rosna e sai de braços cruzados. Solto um suspiro pesado e aliviado. O homem se volta para mim e diz:

— Tem mais que deveríamos saber a seu respeito senhorita Hofstadter? — Olho para cima e em seguida volto meu olhar para o chão. Nunca havia contado isso a ninguém com exceção de minha mãe e meu tio, mas se eu quisesse sua ajuda na batalha eu tinha que ser totalmente sincera.

— Eu... posso controlar o sangue dentro do corpo de outra pessoa. — Olhares confusos e assustados sobre mim vinham de todas as direções. — As moléculas de águas no sangue me permitem manipulá-lo a minha vontade. Mas fico muito fraca depois de usá-la.

— Pode mostrar? — Indaga e eu vacilo um passo para trás.

— Ah... eu...

— Não a force a nada, precisamos dela bem para a batalha. — Disse Jake com a mão em meu ombro. Balbucio um "obrigada" e ele apenas assente.

Jake anuncia que avisassem aos Tulkuns que caso fossem atingidos com um desses rastreadores estariam marcados para morrer, que bastassem chamá-lo para que ele desligasse. O povo então se esvaiu, todos assim saíram em busca dos grandes animais para que pudesse assim comunicá-los do perigo que corriam. Kiri e Tuk forma junto com os outros atrás dos Tulkuns e Lo'ak lembrou de seu amigo marinho, e sabia que era o único que poderia avisa-ló e assim fez. Neteyam deu um leve tapa no meu braço e apontou para o irmão com a cabeça pedindo para que eu o seguisse.

— Lo'ak! Aonde vai? — Indago mesmo sabendo a resposta.

— Sabe que não vai a lugar nenhum não é?! — Diz o mais velho vendo o irmão aparentemente nervoso.

— Tenho que avisar a Payakan. Ele é um excluído, sou o único que pode fazer isso.

— Oh irmãozinho, por que tudo para você é tão difícil? — Diz pondo a mão na cabeça do mais novo, que dá um tapa em sua mão a afastando com desdém.

— Você quer dizer por que eu não posso ser o filho perfeito que nem você? — Neteyam parece ter se zangado com o comentário do mais novo.

Toda a suposta "perfeição" de Neteyam vinha de uma tentativa desesperada de mudar a visão das pessoas sobre si. Ser filho do Toruk Makto vinham com grandes expectativas a seu respeito, o futuro líder tinha que ser tão grandioso quanto o pai, tendo também em vista o fato de que tinha sangue de demônio correndo em suas veias.

— O filho, o soldadinho perfeito. Eu não sou você! — Ele diz a última frase em tom alto. — Eu não sou você, ok?! Ele é meu irmão! Eu estou indo.

— Ah ele é seu irmão? — Fala Neteyam exaltado. — Não. Eu sou o seu irmão.

— Lo'ak por favor, ele está certo, precisamos de você aqui. — Digo me aproximando dos irmãos.

— Só fala isso porque está namorando meu irmão. — Ele grita com raiva e Neteyam se volta para ele empurrando seu braço para que o encarasse.

— Ei! Não fale assim com ela! — O mais novo revira os olhos.

— O que está acontecendo? — Diz Tsireya se aproximando com o irmão e Rotxo.

Lo'ak aproveita a distração e em um piscar de olhos pula na água e sai com o Ilu.

— Droga! — Pragueja o mais velho. — Ele vai até Payakan, vamos!

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