Feliz Ano Novo !!! :) <3
Louis se sentia no fundo de sua mente. Os olhos fechados, o corpo inativo, não sentia seu coração, não sentia sua própria língua dentro da boca. Devia estar morto, e acabara de descobrir o que vinha depois: nada.
Parecia estar dormindo, com os olhos fechados; não sentia seu corpo, talvez não tivesse um; não sentia as batidas de seu coração, talvez não tivesse um; sentia apenas seu cérebro, acordado, vivo, pensante como sempre.
Estava no fundo de sua mente, caído, preso ao chão, incapaz de escalar a parede de neurônios, de chegar na superfície, de coordenar que seus olhos abrissem. Era escuro, e (para a sua surpresa) quente, quente demais. O que só confirmava sua hipótese de realmente ter morrido: antes sentia muito frio, como um cadáver devia sentir, e agora estava queimando — no Inferno?
Era estranho porque Louis esperava fogo, um cara com chifres, pessoas gritando, seu pior pecado em um looping infinito. Mas o que teve fora escuridão total, calor, algo úmido em sua mão e uma vozinha de criança o chamando de elfo — que porra?
Sem contar a estranha sensação de estar sendo observado, um perfume familiar que lhe alcançava de vez em quando (devia fazer parte do castigo, pois tudo relacionado àquela fragrância era um castigo), algo estranhamente úmido umedecendo sua mão (deveria estar sentindo aquilo?) e, o pior, os sussurros incompreensíveis que o rondavam, como se fizessem fofoca dele na sua presença.
Louis se irritou, embora não devesse haver emoções no Depois Da Morte, e fez o esforço que faria se estivesse vivo para mover sua mão para algum lugar menos molhado. O movimento, pobre e falho, foi o bastante para que um rastro de luz atingisse seus olhos, fazendo-o levar as mãos ao rosto com a queimação. Ele não sabia o que era pior, a sensação de ter pimenta nos olhos ou a gosma que sentiu entre os dedos.
— Que porra… — balbuciou, sentindo seus lábios racharem e arderem, sentindo sua língua áspera e ressecada como o solo de um deserto, sentindo sua voz rouca como a de um fumante — não fazia tanto tempo assim que ele havia voltado a fumar, e mesmo assim não fumava como antes; era bem pouco, na verdade…
Louis fez menção de se levantar, ainda meio cego, e falhou ao sentir um enorme peso em cima de si. Deus, onde estava? Debaixo da terra? Em um caixão? Ele fez mais força para se mexer, guiado pelo desespero, pelo medo, pela ansiedade. E se tivesse sido enterrado vivo? Sete palmos abaixo da terra?
— Que porra! — Ele conseguiu se sentar, sentindo sua garganta doer para um cacete. Esfregou os olhos com mais força, usando apenas a mão seca.
Louis escutou um arquejo.
— Eu não sabia que Elfos podiam falar palavrão. — alguém sussurrou.
Louis pulou de susto, abrindo os olhos de uma vez só. Uma garotinha estava agachada na sua frente, os olhos verdes arregalados, ao lado de um cachorro que o olhava sugestivamente.
Ele engoliu em seco, o cérebro dando voltas e voltas e voltas. Olhou ao redor. Estava em uma sala, em um sofá, rodeado de lâmpadas, aquecedores e milhões de cobertas — e uma criança.
Ambos se entreolharam, Louis prestes a gritar bem alto, quando a garota se levantou e foi até ele.
— Oi, bom dia, — Ela se sentou na ponta do sofá, vestindo um pijama colorido e um sorriso de covinhas. — dormiu bem? Espero que tenha dormido bem. Você estava congelado ontem, aí a gente te colocou perto da fogueira igual o Olaf fez com a Anna em Frozen. Já assistiu Frozen? É muito legal, posso assistir com você se quiser. Qual o seu nome? Meu nome é Augustine, mas você pode me chamar de Aggie. — E sorriu. — E você? Qual o seu nome? Se você não puder falar, tudo bem, entendo que você e o Papai Noel trabalham secretamente. Mas meu nome é Aggie, pode me dizer se estou na lista das crianças boas?

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Ever Since New York {l.s}
Fanfiction[Shortfic] Aquela onde Louis está sem rumo, andando pelas ruas escuras de um país qualquer, e pede ao Papai Noel por uma salvação. Ou. Aquela onde Harry luta todos os dias contra os fantasmas de uma vida passada, e acaba sendo a salvação de seu ant...