Louis sentiu algo úmido em sua mão, algo pesado sobre seu corpo, e uma dor aguda no pescoço. Abriu os olhos lentamente, sentindo sua retina queimando com a luz que entrava pelas janelas. Ele tentou se mexer, mas havia algo segurando seu braço direito.
Ele franziu o cenho, recobrando os sentidos ao ver Nana deitada do seu lado, no sofá, o focinho úmido sobre sua mão. Aggie havia se encolhido em seu colo durante a noite, talvez pelo frio, e ainda dormia pacificamente.
E Louis teve um déjà vu. Estava acordando no sofá, com o focinho gelado de Nana na sua mão e a imagem fofucha de Aggie na frente de seus olhos, como há... Louis não tinha certeza de quanto tempo fazia desde a manhã que acordou naquele sofá, da mesma maneira. Fazia um dia? Dois? Três? Quatro? Uma semana? Um mês? Um ano? Uma vida inteira?
A única prova de que não estava em mais um looping era o homem sonolento sentado do seu lado, não mais deitado em seu ombro, a bochecha amassada, um semblante preguiçoso, a cabeça inclinada para o lado, mechas pesadas e onduladas (sim! Onduladas como um caracol) caindo ao redor do rosto, os olhos presos em Aggie.
— Ela dormiu. — Harry murmurou, a voz rouca de sono. — Ela nunca dorme. Você é realmente um milagre.
Louis olhou para Aggie, um vinco entre as sobrancelhas, olhou para Harry e seus cachos resultantes das dezenas de vezes que enrolou suas mechas ao redor do dedo até que caíssem no sono. E mesmo que Harry tenha dito aquilo, Louis não achou nada de milagroso dentro de si.
Muito pelo contrário, havia... havia algo ali. Algo que alugou Louis por tanto tempo que ele só percebeu que Augustine havia se levantado quando ela começou a pular na sua frente.
Ele se desencostou do sofá, sentindo sua cabeça girar. Louis levou uma mão à nuca, alisando o pescoço porque sentia dor, uma dor que servia de lembrete da madrugada passada. Tinha amado cada instante da noite anterior, desde quando saiu com Harry até quando caíram no sono no sofá, assistindo Gremlins, mas... havia algo ali.
Algo que Louis odiou. Algo que fez Louis querer chorar sem parar. Algo que o deixou com muito, muito medo. Mesmo depois da madrugada passada, mesmo depois de ter vivido, mesmo depois de ter Harry, Louis sentia aquilo no seu peito de novo, aquela presença no cômodo, aquele cobertor feito de nada que pesava tanto quanto o mundo inteiro.
Tinha conseguido o antídoto, não tinha? Um frasco inteiro. Harry era o antídoto. Não tinha mais para onde ir, nada a fazer, nada a conquistar, não mais, havia chegado em casa, a corrida havia acabado — então por que ainda sentia a necessidade de correr? Ainda procurava pelo fim em cada esquina.
Louis sentiu seus olhos ardendo, a ponta do nariz queimando, lágrimas querendo inundar seus olhos. Ele estava cansado. Tão cansado. Não queria sentir mais aquilo, não queria ser incurável, não queria mais olhar para Harry e notar que sua solução não era mais eficaz. Louis queria viver. Queria tirar aquilo do peito. Queria estar bem — queria não me sentir cansado.
— Ah! Feliz aniversário, Loulou!! — Aggie exclamou, erguendo os braços em animação antes de se jogar contra ele, abraçando-o. — Feliz aniversário, feliz aniversário, feliz aniversário, feliz aniversário. — cantarolava enquanto brincava com o seu cabelo.
— Obrigado. — ele sussurrou, a voz fraca, abraçando-a de volta, os olhos perdidos, o coração atônito.
— Precisamos fazer um café da manhã maravilhoso para o Loulou, Harry! Vou acordar a vovó...
— Não, Aggie, deixe-a dormindo, ela fez uma viagem cansativa ontem. Podemos fazer alguma coisa pra ele. — disse, a última parte sussurrada como em um segredo, e Aggie pulou de animação, batendo palmas.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Ever Since New York {l.s}
Fanfiction[Shortfic] Aquela onde Louis está sem rumo, andando pelas ruas escuras de um país qualquer, e pede ao Papai Noel por uma salvação. Ou. Aquela onde Harry luta todos os dias contra os fantasmas de uma vida passada, e acaba sendo a salvação de seu ant...