Ever Since New York {l.s}

VIII

 primeiramente, caso se interesse, escute When You Wash Your Hair do Matt Maltese antes de ler ou durante a leitura, porque eu estou devotada a essa música e calhou dela combinar perfeitamente com esse capítulo. aliás, esse foi o meu cap favorito até agora, amei muito muito mesmo (tanto q, mesmo depois de separar em dois, este ficou enorme :)) então espero q vc goste tanto quanto eu S2. 

— Harry? — O desespero estava presente em cada cantinho de seu rosto e na entonação de sua voz. Louis sentia a cabeça girando, em completo pane; de repente tinha voltado à vida, de repente estava em movimento, em histeria, sentindo a pior dor do mundo. — O que houve? Você se cortou? — perguntou, tentando puxar a mão que Harry usava para abafar o choro, tentando achar seus olhos, mas o cacheado tinha virado o rosto na direção oposta.

Harry soltou uma risada triste em meio a um soluço. — Não. — E se virou para Louis, abaixando a cabeça e apoiando a mão na testa. — É incrível como você ainda se importa com os outros e não dá a mínima pra si próprio.

— Como assim? O que houve? — Louis inclinou a cabeça, tentando achar os olhos de Harry, mas estes permaneciam fechados e encharcados. Louis lhe segurou o antebraço com as duas mãos, perdido, sem saber o que fazer ou o que falar. Só queria que Harry parasse de chorar.

— Só... — Ele balançou a cabeça, fungou, apertou os olhos com a ponta dos dedos, fazendo lágrimas rolarem infinitamente. — Só me mata vê-lo assim, nesse estado, sem aquele brilho no olhar. Me mata saber que por tanto tempo você reprimiu tantas coisas que agora tudo te assola. Me mata saber que te deixei aqui, nesse estado, quando a única coisa que eu realmente queria era estar aqui com você. — Harry engoliu em seco, abaixou as mãos e se apoiou na bancada.

— Sabe... eu nunca quis ir embora. — sussurrou, rouco, para os tomates largados na tábua. — Nunca. Nem mesmo antes, quando você disse que eu deveria "seguir meus sonhos". — Harry soltou uma risada estranha. — Meu sonho era você, porra. — esbravejou, os fios curtos de cabelo caindo em meia lua ao redor da testa. — Em todos os meus sonhos, você estava lá, em todos. E em muitas vezes você era meus sonhos.

As ocasiões se misturavam em sua mente, a de horas atrás e a de anos atrás, mas, em ambas, ele sabia ter dito a Harry que ele deveria ir, deveria ir porque era o seu sonho estudar em Nova Iorque, deveria ir porque queria mudar de vida, deveria ir porque era jovem e o que tinham um pelo outro era tão forte que saíra do controle. Mas, sendo sincero, Louis só disse para Harry que partisse porque não conseguia acreditar ser uma razão plausível e suficiente para fazê-lo ficar.

Louis respirou fundo para espantar as lágrimas, mas já chorava.

— Eu me sinto no fim da linha, na beira de um precipício, como se houvesse mais nada para mim. No começo do ano, eu tinha feito uma promessa a mim mesmo de que faria desse ano um bom ano. Me dizia todos os dias que os problemas com Nick eram normais e talvez eu só precisasse me esforçar mais, me dizia que eu tinha me afastado da minha própria família por conta do trabalho, e não pela minha mãe. Eu- — Ele mordeu os lábios dolorosamente para conter os soluços, para impedir as lágrimas, mas não sabia se funcionava. — Eu disse a mim mesmo que teria um bom aniversário esse ano, que estaria bem e feliz e agiria como um narcisista o dia inteirinho, e... hoje, — Sua voz embargou. — bom, eu nem sei que dia é hoje, então... — Louis suspirou, enxugando as bochechas com a manga do suéter. — Só queria ter um bom Natal e um bom aniversário, e me sinto extremamente culpado por saber que não será assim.

Eles ficaram em silêncio por poucos segundos, Harry ainda de cabeça baixa, as feições indecifráveis, lágrimas despencando sobre a superfície dos tomates, até que Louis estendeu uma mão trêmula na direção de seu rosto e, lenta e delicadamente, ergueu seu queixo para que ele finalmente o olhasse nos olhos.