we'll be alright, we'll be a fine line
— fine line, Harry Styles.
O festival de Natal seria em uma enorme galeria no centro de Dublin, começaria às cinco da tarde e acabaria muito depois, quando apenas as luzes de Natal e as pessoas que não o comemoravam estariam na rua.Estava frio. Muito frio. Havia nevado o dia inteiro, sem deixar brechas do sol que existiu ontem. Havia escurecido cedo demais, como em todo inverno, e ventava gelado.
Mas lá estavam, no meio de uma multidão de gente, Harry, Aggie e Louis, seguindo a menor do grupo que só sabia correr e correr e apontar quinhentas coisas ao mesmo tempo.
Louis mal conseguia acompanhar os próprios pés, do que dirá Augustine, que puxava sua mão vez ou outra quando falava algo e ele não prestava atenção.
Estava com algum problema em prestar atenção, na verdade. Haviam pessoas demais ali, luzes demais, música demais, coisas demais, o que o deixava estressado e o fazia desejar mais um cigarro.
Havia passado o dia na cama sob a desculpa de que estava muito frio, até que Harry o sacudiu para fora, literalmente, tendo pouca dificuldade em fazê-lo levantar-se quando Louis apenas caminhou para o banheiro e ficou lá por horas, procurando um antídoto nos azulejos azuis. De tarde, após mexer seu almoço de um lado para o outro do prato até que a comida parecesse estranhamente acumulada em uma das laterais, sentou-se na frente da TV e mofou por mais um tempo, sentindo-se cansado quando o comercial do sabonete com um cordeiro na embalagem passou na tela.
Agora, ele tinha seus olhos vidrados nos cristais de açúcar colorido que giravam e giravam e giravam sem parar enquanto sua mente vagava e vagava e vagava. Louis sentia-se girando junto com aquele treco que formava o algodão doce ao redor do palito de madeira, sentia-se partido em milhões de pedacinhos de glicose — talvez todos fossem isso no final: pedacinhos de glicose.
E ele estava cansado. Cansado demais.
Não aguentava olhar para baixo, nem para seus braços ou suas pernas ou seu reflexo porque não queria ver o que todo mundo via: um homem cheio de olheiras e olhos pesados, como se tivesse chorado até dormir, vestindo roupas de qualquer loja particularmente cara que ele adoraria estar vestindo se não se sentisse como uma pilha de lixo.
Odiava tentar se lembrar do seu dia e falhar porque não tinha vivido nada de verdade, apenas assistira a vida enquanto ela mesma vivia em cima de sua existência.
Ele queria ir embora. Embora para sempre. Não queria mais ver Aggie porque ela o lembrava de momentos bons, que não mais importavam, e porque ela era boa demais e Louis era um homem carrancudo que não servia nem para entreter uma criança. Ele não queria mais estar ali. Não queria mais sentir os olhos de Harry em si como uma nova tatuagem, não queria mais olhar para Harry porque seu estado era vergonhoso, não queria-
Louis soltou um suspiro baixo, mais como um soluço comprimido do que qualquer outra coisa: ele queria ir embora. Queria. Ir . Embora. Agora.
Voltar para o apartamento de Nick e encarar o que quer que teria que encarar era melhor do que ficar ali; talvez ele realmente deveria ter passado sua localização para Nick, assim ele o buscaria e ele poderia pular do carro em movimento.
Louis revirou os olhos interiormente, estava cansado do próprio drama, cansado das próprias frescuras e cansado de surtar pelas coisas mais banais.
Talvez Nick estivesse certo, ele voltaria ao rumo, voltaria a trabalhar, voltaria a viver sua vida perfeita, e tudo ficaria bem. O problema era que Louis insistia no erro, insistia em ficar, ficar em outro país, na casa do seu ex, sendo uma cadeira esquecida e desnecessária que largaram no meio do salão e agora atrapalha a todos — Louis atrapalhava Harry.
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Ever Since New York {l.s}
Fanfiction[Shortfic] Aquela onde Louis está sem rumo, andando pelas ruas escuras de um país qualquer, e pede ao Papai Noel por uma salvação. Ou. Aquela onde Harry luta todos os dias contra os fantasmas de uma vida passada, e acaba sendo a salvação de seu ant...