Capítulo 10 - Nicolas

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Sempre fui muito unido com meu irmão, tanto que mesmo que a sua partida tenha sido com ele despejando tanto ódio contra todo mundo inclusive a mim, eu sempre sofri sua perda, pois nunca me apaguei aquele Stefan e sim ao que durante 23 anos conviveu comigo.

Já ouvi pessoas falando quando não sabiam que eu podia ouvir que ele era invejoso ou que queria ser eu, mas nunca dei bola, não até aquele dia, que eu vi um Stefan completamente diferente, mas eu simplesmente compartimentei aquele dia e me foquei em sentir falta do Stefan que eu conhecia até aquele dia.

Nós sempre vivíamos juntos, aquela coisa de gêmeos, já aprontamos muito trocando de lugar pra pregar peças pois somente nossos Lobos são diferentes, nós temos a mesma cara e até usávamos o mesmo corte de cabelo, apenas nossos pais conseguiam ver a diferença.

Quando nos transformamos aos 16 anos foi que apareceu nossa primeira diferença e o tratamento mudou, meu pai passava mais tempo comigo, pois eu seria o Supremo quando meu pai morresse ou decidisse me passar o cargo ainda em vida.

Mas Stefan e eu ainda continuamos juntos, mesmo no colégio quando eu passei a ter estudos diferentes dos outros Alfas ele me acompanhava, pois jurava que ele seria meu Beta, na minha cabeça nós continuaríamos juntos por toda a vida, nossas companheiras seriam amigas, nossos filhos mais que primos seriam irmãos e esse não era um plano só meu, ele também sempre falava as mesmas coisas, até deu a ideia de nossos filhos terem nomes parecidos.

Mas então em uma reviravolta da vida Stefan sumiu ao julgar que eu tinha mais sorte e bênçãos que ele, ele simplesmente sumiu e as vezes eu fingia que isso não tinha acontecido ou que ele voltaria a qualquer minuto.

Quando dei a ordem de parar a busca pra não entrarem em território vampírico e reiniciar o combate eu pensei que ele logo estaria de volta pedindo desculpas, eu o perdoaria e nós voltaríamos a ser como sempre fomos, porém isso já faz dez anos e ele nunca apareceu, nunca nem se quer tive alguma mínima notícia, então eu evito até lembrar dele.

Mas Agata tem razão, eu sinto a dor pela ausência, apesar de nunca falar sobre ele nem com meus pais, se tornou quase um assunto proibido, ainda sinto dor e até culpa, por ter dado a ordem de pararem as buscas e as vezes por não ter enxergado que Stefan se sentia preterido.

- O que você sabe? - pergunto a Ágata pra ter um ponto de parida.

- Que eram gêmeos idênticos, que ele não concordou com o fim da guerra por acordo, que ficou furioso quando a Lua indicou outro pra ser Beta e fugiu pra nunca mais ser visto, só isso.

Pelo jeito afobado que ela fala, mesmo a conhecendo a pouco tempo, sei que não é só isso.

- Ágata me fale tudo, até fofocas e eu te falo se são verdades ou não.

- Que ele era um ótimo guerreiro provavelmente se tornaria o comandante do Exército Supremo, mas que era claramente ressentido por não ser o Supremo só por ser alguns minutos mais novo e que ele ficava do seu lado não por ser seu irmão e sim por você ser o Supremo.

- ISSO NÃO É VERDADE NÓS NOS AMÁVAMOS, ACREDITO QUE NUNCA VOU AMAR ALGUÉM COMO O AMEI!! MAS NÃO ESPERO QUE ALGUÉM QUE NÃO TEM FAMÍLIA ENTENDA ISSO.

Assim que falo me arrependo, mas é tarde já tinha falado e Ágata me afasta com delicadeza, mas que me dói como um tapa, sei que a magoei, consigo sentir a tristeza que se abate sobre ela.

- Ágata, me desculpa, eu não quis dizer isso.

- Quis sim, você quis me machucar porque eu falei algo que te machucou, mas diferente de você eu quis te poupar, você que me pediu pra te falar tudo - pela tom de voz percebo que está segurando o choro - eu vou pra sala estudar por favor não venha atrás, vou ler algumas coisas, outra hora falamos.

A Luna Suprema: Filha da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora