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- A decisão não cabe só a mim, como eu disse nós somos um grupo e para se fazer decisões é preciso saber a opinião de todos. - Eu digo enquanto cruzo os braços sobre o meu peito pois apenas agora me apercebi que estou apenas com um biquíni.

- Fica à vontade, podes ir falar com eles. - Ele aponta em redor. - Um dos meus homens acompanha-te.

A primeira coisa que me surge na cabeça é recusar a vinda de um dos desconhecidos mas decido não dizer nada pois se repararmos bem eles estão em vantagem em relação a mim, com apenas um pequeno movimento eles podem rebentar com os meus miolos e apoderar-se deste lugar.

Sem dizer mais nada começo a andar em direção da sala onde normalmente o meu grupo está a conviver nos momentos em não há nada para fazer.

Vejo o militar fazer um sinal com a cabeça para o rapaz que acabou de me apontar a arma e este começa a seguir-me, hoje a sorte não está do meu lado.

Estamos num dos extensos corredores que nos vão levar para a sala de convívio. Até agora ignorei a presença do rapaz e este parece estar a fazer o mesmo.

Arrependo-me imediatamente de ter pensado cedo de mais. Ele ultrapassa-me e para à minha frente fazendo com que eu também tenha de ficar parada.

Ele tem a arma apoiada num dos seus ombros e a sua postura transmite confiança, talvez demasiada.

- O quê que queres? - Eu digo chateada enquanto cruzo os meus braços, uma vez mais.

- Uhhh alguém está de mau humor. - Ele ri-se mostrando que se diverte com as minhas mudanças de humor. - O quê que eu quero... - Ele faz uma pausa, pondo um dos seus dedos no queixo para pensar, mas percebo que está apenas a fingir quando me responde. - Neste momento, quero encostar-te a esta parede e foder-te até não conseguires andar.

- Mas que caralho! Tu não bates bem da cabeça. - Empurro-o, continuando o meu caminho num passo mais rápido pois neste momento o que mais quero é afastar-me deste psicopata.

Sinto-o continuar a seguir-me.

- Apenas respondi à tua pergunta com a maior sinceridade. - Ele ri-se, como se esta situação fosse de alguma forma engraçada.

Abro a porta da sala e vejo as pessoas pertencentes ao meu grupo todas reunidas a falar, sem sequer terem ideia do que se passa na entrada do hotel.

Os sorrisos que se esboçam na cara das pessoas quando me veem desaparecem quando põem os olhos num rapaz desconhecido, de cara ameaçadora, que ainda por cima tem consigo uma arma que nos pode matar a todos com apenas uns tiros.

Viro-me para o rapaz de cabelo preto mas os seus olhos já estavam postos em mim.

- Fica aqui enquanto eu falo com eles. - Eu digo secamente devido ao que se tinha passado momentos antes.

- Eu tenho a arma portanto vocês seguem as minhas ordens. - Ele baixa a sua cabeça ao nível da minha tentando encarar-me mas eu desvio o meu olhar do dele. - E eu dou-vos cinco minutos para conversarem. - Ele levanta a minha cabeça com a sua arma obrigando-me a olhá-lo nos olhos. - Nem mais um segundo, linda.

Ele volta a apoiar a arma no seu ombro. Solto um suspiro de alívio agradecida por nada ter acontecido.

Viro-me para o meu grupo. Estes olham-me com olhares receosos e cheios de medo, nenhum deles sabe bem o que se está a passar. Compreendo muito bem as suas preocupações pois eu estou tão assustada quanto eles. Mas não posso demostrar pois essa seria uma maneira de os invasores terem vantagem.

Todos começam a fazer-me perguntas, sem se ouvirem uns aos outros, todos eles preocupados consigo mesmos, algo típico do ser humano.

- Podem calar-se? - Eu falo numa voz autoritária fazendo com que o silêncio volte a emergir naquela sala.

Procedo em contar tudo o que aconteceu, a ouvir as opiniões deles e a explicar o que eu acho mais correto a fazer nesta situação.

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Eu e o meu grupo entramos na sala onde estão os desconhecidos que pretendem viver no nosso hotel.

- Vejo que já fizeste uma decisão. - O homem de óculos de sol diz. - Oh! E trouxeste os teus amigos. - Ele dirige o seu olhar para o meu grupo e cumprimenta-os com a sua cabeça.

- Decidimos  que aceitamos a vossa proposta. - Um sorriso esboça-se na cara do homem com os óculos de sol. - Mas temos algumas condições.

- Sou todo ouvidos.

- Todos nós vamos ter direito a usufruir daquilo que vocês têm, visto que vocês vão passar a viver no hotel que nós descobrimos. - O senhor à minha frente concorda com a cabeça. - Eu farei parte do grupo de pessoas que vão ajudar a tomar decisões para esta tal nova comunidade. E quem quiser poderá ter aulas de como manusear armas, vocês parecem muito bons nessas coisas.

- Considera tudo isso feito! - O homem vem ter comigo e estende-me a sua mão. - Chamo-me Hatter.

- S/n - Digo enquanto aperto a sua mão. - Espero que mantenha a sua palavra.

- Algo que honro sempre é a minha palavra. - Ele sorri radiosamente. - Agora, podemos conhecer a nossa nova casa?

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Venho avisar que as letras em itálico são os pensamentos da personagem principal (S/n)

Eu sei que estes primeiros capítulos ainda não têm muita ação mas eu não gosto de apressar as coisas. Espero que entendam :)

The deal  - Niragi [Sem continuação]Onde histórias criam vida. Descubra agora