Capítulo 14.

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Khaenys ficou paralisada, olhando para as mãos do marido com pavor.

_Onde está meu pai, Aemond?_ ela pergunta incrédula, esperando que a resposta fosse diferente do que ela imaginava que seria.

_Você sabe que ele não voltará, certo?

_Esperava que a resposta seria diferente do que minha mente cruelmente formulou_ a luz da lua serpenteava pelo corpo de Khaenys, com a expressão mais deprimente que o rosto calejado dela conseguia produzir.

_Nery, meu amor, era necessário, para por fim em tudo isso_ ele se aproxima dela, fazendo a luz da noite ilumina-lo, mostrando as manchas de sangue seco em suas roupas, sangue de Daemon? Dele mesmo? Khae não sabia dizer.

_Por que? A vida ao meu lado, com nossa filha, não era o suficiente? Até os grandes guerreiros como eu nos cansamos de lutar um dia_ sua expressão era tão cansada, como se toda sua juventude tivesse sido sugada para longe.

_Tanto você como eu sabemos o que vai acontecer aqui, meu amor, e quando acontecer, teremos paz, a guerra se encerrará.

Ele se aproxima mais, enquanto ela balançava a cabeça lentamente, em negação, mas sua mão segurava o cabo de Terror.

_Aemond, pelos Sete, não me faça fazer isso, não seja cruel com Visenya, a garota é nova demais_ ela falava baixo, para que só ele ouvisse.

_Ela puxou a força da mãe, aguentará a dor, faça, Nery_ ele se ajoelha, enquanto ela desembainha a espada.

Na cabeça de Khaenys começou a correr um filme de todos os momentos que eles tiveram juntos, os sentimentos confusos e embaralhados que tinha por ele.

Rancor, de todos os momentos em que ele agiu contra ela, a partir do nascimento, quando foi declarado rival de sua mãe.

Ela tira o tapa olho do marido, olhando para a cicatriz que marcou suas diferenças de ideais.

Compreensão, de todas as atitudes dele, mesmo que cruéis e causadoras de enorme sofrimento, ela conseguia se colocar na posição dele e ver que tudo tinha um significado na visão de mundo dele.

Ela aponta a espada para seu peito, enquanto se encaravam, ela tinha matado muitos, mas aquele homem era quem ela tinha prometido amar perante os Sete, perante a mãe! E agora tinha de tirar sua vida por uma injustiça do destino.

Amor, mesmo que com todos os períodos conturbados, onde ela só pensava em mata-lo da forma mais cruel, a semente mais indisposta do desejo surgiu entre eles, talvez regada pelo conflito e disputa frequente, não se sabe, mas eles conseguiram achar uma brecha para se amarem no meio do caos, e geraram um fruto adorável desse amor.

Ela continua o olhando nos olhos.

_Pode continuar Nery, no seu tempo_ ele diz com uma voz aveludada, que enfraquece os joelhos dela, forçando-a a se ajoelhar como ele, segurando ainda a espada no ângulo do coração.

Ressentimento, por todas as falhas que ele teve, que causaram dores insuportáveis nela, pelas lutas perdidas, pelo ego ferido, um ressentimento sem fim que cresce junto de todas as outras emoções.

Ela segura em seu ombro, para dar força na hora do impacto.

Ódio, por matar seu irmão, seu amado e querido Luke, que tinha uma vida toda pela frente, um menino doce que não merecia o destino que teve. Pela morte de seu irmão gêmeo, a quem dividira tudo desde o ventre, e quem mais tinha afinidade naquela família problemática, seu amado Jace, um homem forte que teria sido um grande rei e ela uma grande Mão. Por sua mãe, que foi morta pelas mãos do irmão nojento dele, o maldito homem que destruiu sua vida. E por seu pai, que tinha lutado ao lado dela tantas vezes, que a ensinara a ser quem era, a quem puxou todo o seu ser, e agora estava perdido, morto em algum lugar que ela jamais descobriria em vida.

KhaenysOnde histórias criam vida. Descubra agora