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Uma semana... Uma semana foi o que passou, uma semana, o Oliver não regressou, ou a Ni uma palavra comigo trocou, nem sequer fiquei a saber da Liv ou do rapaz que com ela se relacionou, nada fiquei a saber, também não tentei descobrir muito.

Fiquei quase sempre em casa, horas dentro do banho, na cama a chorar e desesperar para todas as memórias me desaparecerem da mente e poder voltar à vida secante que tinha antes, ao menos tinha algo estável, agora não consigo...

Mesmo assim ganhei coragem, vesti uma roupa, passei a cara por água, tomei dois comprimidos para a dor de cabeça, passei perfume e tentei cuidar de mim, apesar de não ter corrido bem, estava com olheiras, mais magro e um péssimo aspeto...

A minha semana baseou-se ou em comer porcarias ou nada comer, ficava o tempo todo parado, sem forças sequer para me levantar. Os meus olhos no teto e a minha mente longínqua, a insistir abordar sempre as cassetes e permanecer com cada fala nos meus ouvidos e momento na visão, eu não conseguia afastar aquilo de mim...

Coloquei fones, música, capuz e caminhei pela noite péssima, não chovia, mas estava uma noite triste, nenhuma estrela era visível, e a lua mal se realçava, tudo estava dominado por grandes nuvens negras. Era suposto ser verão... Mas estas últimas duas semanas têm sido piores do que péssimas...

O bom é que ia atento ao caminho, por isso, ao andar no meio das árvores numa zona mais escondida parei ao sentir movimento. Tirei os fones, desliguei a música e olhei ao redor. Ninguém naquela zona, as pessoas que saem à noite vão para festas, ou para longe visitar a família, deixam as residências durante semanas e regressam quando o início do ano letivo se está a aproximar, por isso movimento de noite, com aquele tempo, a uma hora daquelas? Era escasso.

Mesmo assim caminhei um pouco e parei... Travei completamente e os meus olhos aguaram-se, eu não queria, mas não me controlava. Era ele... Era ele, o Harry estava ali... Mas sozinho, o que era bom...

Deitado e de olhos fechados, ele inspirava fundo e parecia pleno, nunca diria que sofria, se o visse assim sem o conhecer diria que era um rapaz que aproveita as coisas, um calmo e agradável, com um pequeno sorriso nos lábios e tranquilo...

Enxuguei as lágrimas e aproximei-me, muito devagar para evitar fazer barulho na relva.

-Huh?- Abriu os olhos e sentou-se, ao reparar em mim assustou-se e olhou ao redor para se certificar de que estávamos sozinhos.

-Harry...

-Sai daqui, agora- Disse-me com um tom firme.

-Podemos falar?

-Eu disse para saíres, Louis, não vou repetir.

Caminhei até ele, com isso, ele levantou-se e preparou-se para sair.

-Se não sais tu saio eu!

Mas antes mesmo de se virar eu segurei-lhe no pulso com cuidado e não o deixei ir.

-Espera.

-Larga-me! Que merda é que pensas que estás a fazer!- Empurrou-me e recuou bastante.

-Desculpa, não te queria ter tocado...

-O que queres?

-Podes... Sentar-te, por favor?

-Não, tu vais gozar comigo, não tenho paciência para isso.

-Não vou- Apesar de não querer, acabava sempre por soar um pouco mais hesitante, com o olhar baixo, não conseguia... Não conseguia olhar-lhe para a face sem me lembrar.

O lado negro do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora