Capítulo 4 Alma sombria

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Desço as escadas em uma velocidade impressionante, corro o mais rápido que posso até em casa. Minhas pernas estão pesadas, a falta de ar começa a me fadigar, minha cabeça gira. Sinto tanto medo que não raciocino. Abro a porta em um empurrão.

-Mãe! -Meu grito é tão alto que minha mãe desce as escadas às pressas, abandonando o seu quarto para me socorrer. Pela sua expressão, aposto que desconfia que algo muito grave acontecera comigo, não posso discordar.

-O que foi, Roseanne? O que aconteceu com você? -Mamãe segura nos meus ombros, verifica se não há nada de errado fisicamente comigo.

-É ele! Ele estava lá, mamãe. - Estava tão apavorada que acabei usando o antigo jeito que chamava minha mãe em voz alta como uma criançinha. A anos que só a chamava assim dentro da minha própria cabeça. - Eu disse!

-Quem? Quem estava lá? Pelo amor de Deus, do que você está falando? Está tremendo. -Ela esfrega as minhas mãos, eu não conseguia me manter instável.

Começo a pensar o que aconteceria se aquele homem terminasse de subir as escadas, me encontrando sozinha e indefesa. Só de imaginar aquele homem mascarado frente a frente comigo, o meu estômago começa a revirar de pavor.

-Eu ouvi passos. Eram passos firmes. Lisa e os irmãos Kim disseram que ele usa galochas. Se o assassino esteve aqui agora pouco, tentando nos matar? -As lágrimas nos meus olhos escorrem. Eu nunca senti tanto medo em toda a minha vida. -Mamãe respira fundo, segura o meu rosto na tentativa de me acalmar.

-Não era ninguém, Rosé. Deve ter sido o vento. -Fechos os olhos com força, não consigo entender essa forma que mamãe encontrou para fugir da realidade.

-Eu ouvi! -Grito, me afastando dos seus abraços rudemente. -Eu chamei por você, falei seu nome por diversas vezes e não obtive resposta. -Olho no fundo dos olhos dela, tentando desesperadamente que me ouvisse. -Eu também o ouvi quando estava tomando banho. Aquela presença, mãe... Aquilo foi assustador. -Só de lembrar volto a me arrepiar.

A atmosfera gelada domina o meu corpo mais uma vez.

É como a morte passando ao meu lado confirmando sua presença.

-Você pode até querer negar, mas se esse assassino voltar ele pode facilmente nos matar. Matar as duas dentro da casa que você escolheu para recomeçar!

Meus nervos estão à flor da pele. Tudo que quero agora é sair correndo, mas eu não podia deixá-la sozinha, não com esse monstro à solta.

-Tudo bem, Roseanne. -Ela segura minha mão apertando como se quisesse conter todo o tremor. -Eu acredito em você. Pode ter sido alguém com curiosidade. Disse que ele saiu correndo quando se aproximou. Se fosse um assassino teria feito alguma coisa. Meu Deus do céu, ainda bem que não aconteceu nada. -Vejo a aflição em seus olhos pela primeira vez depois de toda esta história. -Vamos comprar cercas mais fortes, colocar grades nas portas. Ficaremos seguras, eu prometo, tudo bem? -Assinto, encontrando um pouco de paz em sua voz. -Não vai acontecer nada.

Ela me abraça forte, atenuando toda aquele sentimento ruim. Me sinto segura em seus braços. É como uma criança depois de ter caído e machucado. Aquelas palavras de que tudo iria ficar bem, parece verdadeiro, mesmo sabendo que não é verdade.

Ela pede para que eu vá para o meu quarto, prepara um chá quente para acalmar os meus nervos. Funciona, pois volto ao meu normal, apesar de não conseguir parar de pensar sobre o ocorrido nem por um só segundo.
Ela cobre o meu corpo com o cobertor até o pescoço. Recolhe a xícara de chá, começo a ficar com sono.

-Trancou bem as portas? -Pergunto ainda me sentindo preocupada.

-Sim, não se preocupe. Dei uma olhada lá fora, amanhã converso com o xerife. Vamos ficar bem. Agora dorme um pouco. -Assinto.

𝐌𝐢𝐬𝐭𝐞́𝐫𝐢𝐨 𝐞𝐦 𝐅𝐨𝐫𝐞𝐬𝐭 𝐆𝐫𝐨𝐯𝐞 - 𝑪𝒉𝒂𝒆𝒔𝒐𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora