Capítulo 6 A morte chega sem avisar

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—Taeh! Pelo amor de Deus, mano, responde!

Jennie começa a sacudir o corpo desfalecido do irmão no chão. Ela berrava como nunca, estava ao ponto de perder a voz, provavelmente sua garganta sofria uma irritabilidade grave, mas ela não se importava nem um pouco. Estava desesperada demais para se preocupar com sua garganta inflamada.

Nunca vi alguém tão descontrolada quanto ela. Era como se quisesse a recuperação de Taehyung a qualquer custo, mas todos nós sabíamos que não seria possível. Vi a perplexidade nos rostos de todos. Lisa havia acabado de chagar correndo ao local e parou com os olhos arregalados quando viu a cena, simplesmente ficou paralizada, estava completamente em choque.

—Acorde, Taeh! Precisamos ir pra casa, acorde , por favor? —Eu não aguento mais vê-la sofrer tanto, acho que sou a única que quero acabar com aquela cena.

Puxo Jennie, mas ela me empurra tão forte que cambaleio para trás.

—Me solta! Taeh. —Ela grita de novo, descontrolada. Mas não desisto.

Seguro sua mão com força, alcanço o meu objetivo com êxito.

—Fica calma! Se acalma pelo amor de Deus. —Eu a abraço, afagando o seus cabelos. Seu corpo está trêmulo, ela está gelada. Nada diferente que eu.

—Você não entende. —Ela agarra o meu rosto, seus olhos estão tão vermelhos. O estado de Jennie em si é de dar pena. — Ele é meu irmão, meu melhor amigo. Como vou contar para mamãe e o papai? —Tento arrumar o pouco que consigo dos seus cabelos.—Com quem eu vou contar agora? Sem ele eu não sou nada.

Eu consigo entendê-la perfeitamente, conheço sua dor.

A abraço com força, com tanta força que é como se eu quisesse transferir o meu amor para ela, como se tentasse penetrá-lo com muito empenho. O choro dela é ininterrupto. Ás vezes até penso que iria desmaiar.

Vejo Xerife Gaham indo de encontro ao corpo, ele o examina com uma lanterna. Eu não tenho mais coragem de olhar para saber o que exatamente ele procura. As pessoas ao redor estão comentando, nunca vi algo tão bizarro. Graham fala ao rádio, com certeza chama uma viatura.

—Sim, assassinato. Um jovem de pelo menos vinte anos. Não, não tem sinais de roubo. Apenas cortes profundos no rosto. Estrangulamento é possível. — Aquele relado dói os meus ouvidos. Aperto ainda mais Jennie contra mim. Descanso a minha cabeça em cima da sua, na tentativa de me "esconder" daquele pesadelo.

Nunca havia presenciado um assassinato, nem de alguém tão jovem quanto Taehyung. Nada batia, era como se não tivéssemos mais salvação.

Jennie abandona os meus braços e corre para os braços da amiga. As duas choram juntas, acho que finalmente cai a ficha de Lisa do que está acontecendo. Preciso ir embora, mas não sei como fazer isso.

—Anda, eu te levo em casa! —Xerife Graham puxa o meu braço. O impeço imediatamente.

—E a Jennie? —Não quero deixá-la sozinha, ainda mais desesperada do jeito que está.

—Ela vai ficar bem. Vão vir reforços, vão cuidar do corpo, você precisa ficar com sua mãe.

Minha mãe!

É nela que começo a pensar, acho que é o único lugar que preciso estar mesmo é ao lado dela.

Sigo o caminho conduzido pelo Xerife até a sua caminhonete. Sento no banco do carona, colocando os cintos. O xerife rodeia o carro e entra pelo banco do motorista. Ele arranca dali bem rápido. A ânsia que tem de me manter em segurança é admirável.

A estrada está escura, apenas os faróis da caminhonete ilumina o caminho. Há árvores dos dois lados da estrada. Mesmo diante do escuro, é possível enxergar uma silhueta caminhando tranquilamente, pelo asfalto. Conheço aquela silhueta, conheço aquele caminhar firme, mas ao mesmo tempo, ansioso. O carro passa por ela.

𝐌𝐢𝐬𝐭𝐞́𝐫𝐢𝐨 𝐞𝐦 𝐅𝐨𝐫𝐞𝐬𝐭 𝐆𝐫𝐨𝐯𝐞 - 𝑪𝒉𝒂𝒆𝒔𝒐𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora