𝐌𝐢𝐬𝐭𝐞́𝐫𝐢𝐨 𝐞𝐦 𝐅𝐨𝐫𝐞𝐬𝐭 𝐆𝐫𝐨𝐯𝐞 - 𝑪𝒉𝒂𝒆𝒔𝒐𝒐

Capítulo 5 Coração ferido

Cogitei tanto a possibilidade de ir ou não ir à festa da árvore, que o relógio começava a marcar nove e meia, e eu ainda estou decidindo que roupa usar. Mas acho que minha mãe está certa. Não adianta ficar trancada em casa, a vida ainda continua lá fora, e meus amigos estão me esperando.

Opto por uma calça jeans larga e meu par de tenis da nike brancos. A jaqueta de couro preta me aquece do frio que faz lá fora, já que por de baixo só possuo uma camisa branca simples. Forest Grove é bem gelada, e por mais que eu gostasse de frio, ainda assim conseguia me perturbar. Minhas orelhas estão congeladas, tive que esconder minhas mãos nos bolsos da jaqueta para aquece-las.

Caminho no meio daquela floresta um pouco deslocada. O som está alto, tocando um eletrônico de balada. As pessoas conversam alto, riam, bebiam. Me sinto um peixe fora d'água. Pensei que fosse uma festa toda para população, mas só os jovens que comparecem.
Encontro Lisa conversando com um garoto. Era o mesmo que disse na faculdade que estava de olho. É engraçado porque quando me nota vem correndo até mim, sem nenhuma cerimônia. É, acho que eles são ótimos amigos.

-Que bom que você veio! Taeh apostou comigo dizendo que não viria. Ele não botou fé na sua "animação". -Sorrio sem jeito.

-Eu não viria mesmo, não está sendo muito fácil ultimamente. Mas preferi vir.

-É a saudade do seu pai? -Confirmo com a cabeça, mesmo sabendo que não é só isso.

-Lugar novo, sabe como é?

-Sei sim, mas divirta-se um pouco. Bebe alguma coisa. É festa da árvore, mas ninguém aqui liga. -Ela gargalha. Percebo olhando ao redor.

-Onde está Taeh e Jennie?

- A Jennie estava comigo até agora, combinamos de bebermos de baixo de qualquer árvore aleatória mais tarde. O Taeh sumiu faz algumas horas, deve ter ido arrastar asa pra alguma gatinha. Não se preocupe. Vou ali e já volto. Trago uma bebida pra você. -Assinto.

O incômodo me pega de jeito mais uma vez, não conheço mais ninguém. Olho ao longe e percebo o Xerife Graham com um copo na mão, mas trajado com a farda. Acho que está cuidando da segurança. O que me tranquiliza é que vi duas viaturas em frente de casa antes de sair. Ao menos minha mãe não está sozinha. Graham bate pontos comigo, havia cumprido o que prometeu. Mas posso assegurar que a visão que tive logo em seguida foi uma surpresa tamanha que eu tive que sorrir. Professora Kim estava parada perto de uma árvore, tão deslocada quanto eu, ou até mais.

-Que palhaçada! -Debocho gratuitamente.

Minha vontade é de ir até ela e falar umas boas, pela primeira vez não me intimido e vou em sua direção. A ditadora estava encantador com aqueles trajes. Ele gosta mesmo de se destacar! Enquanto as pessoas usavam roupas comuns, lá estava ela todo elegante. Com sobretudo cinza, calças de um corte sofisticado. Pelas minhas contas há um suéter preto por dentro, e uma camisa branca por dentro do suéter. Na cabeça um fedora preto, onde seus cabelos negros escorriam pelos ombros, que a deixava ainda mais bonita. Jisoo é uma visão en tanto, não posso negar.

-Pelo visto, decidiu reintegrar à sociedade, não é mesmo? -Ela leva um susto quando me aproximo. Levanto as mãos em rendição, lhe mostrando que não estou armada. Ela revira os olhos pelo meu comentário.

-Mais cedo ou mais tarde, todos nós somos obrigados a cumprir este dever cívico. -Sua expressão está mais suave, apesar do olhar gritar "caia fora" o tempo todo. Não dou a mínima.

-Mas fala aí? O que está fazendo aqui? Gosta mesmo de festas jovens e beber até cair por aí?

-Não é a minha praia. Só estava passando e resolvi vir, sabe como é? Não tive nada de interessante pra fazer nesta noite. -Não acredito nela. Não é do seu feitio aparecer só porque não tinha nada a se fazer. Franzo o cenho. -E você?