Capítulo 2

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Sábado - 09:00am

No dia seguinte, eu acordei bem mais cedo do que planejava, isso porque como meu irmão trabalhava aos sábados, eu teria que arrumar a casa toda sozinha, além de fazer a comida. E tudo isso teria que ser feito antes das 1 da tarde, porque havia 2 trabalhamos pendentes pra fazer com Anna.

Não demorou muito pra arrumar a casa, era só uma manutenção, já que se mantinha limpa quase sempre, a bagunça era mais nos quartos e no banheiro.  O que fez demorar a terminar, foi justamente isso e as roupas pra lavar. Mas logo terminei, fiz a comida rapidinho e então fui tomar um banho pra tirar todo aquele suor do meu corpo.

Depois de sair do banheiro, meu celular, que estava em cima da cama, começou a tocar, vi de longe que era a minha mãe ligando, peguei o aparelho e olhei as mensagens pela barra de notificação, enquanto esperava a chamada cair. Quando finalmente parou de tocar, eu entrei nas conversas e diziam as mesmas coisas de sempre, como: "sinto muito por não aparecer", "esse final de mês é certeza que vamos" e blá blá blá.

Revirei os olhos lendo as mensagens, não respondi, apenas desliguei o celular e fui me trocar. Quando terminei, desci para comer, depois lavei o que sujei e então segui para casa da Anna.

Não demorou muito pra chegar, já que consegui pegar carona com um conhecido. Anna estava em frente a casa quando a moto começou a se aproximar.

- Obrigada, Julian - agradeci ao ruivo que sorriu em resposta.

- Até mais, SN! - ele deu partida.

- Julian? - Anna me olhou maliciosa.

- Somos amigos, Anna...

- Amigos que beijam na boca, se abraçam sem roupa - falou abrindo a porta.

- Anna! - repreendi a mesma que riu.

- Relaxa, eu também tenho uma amizade assi... - ela parou de falar.

- Que foi? - olhei por cima de seu ombro e vi um garoto alto de cabelos escuros.

Que gato! - pensei o encarando.

- O que faz parado na porta, Youdam? - Anna perguntou.

- Eu ia procurar um lugar pra comer agora e você abriu a porta bem na hora - respondeu o garoto e me encarou, foi quando senti meus olhos arderem, porque eu estava sem piscar a alguns segundos.

- Ah... Ok... - Anna deu espaço para que ele passasse e eu fiz o mesmo em seguida.

Fingi mexer no celular pra passar a vergonha, então ele saiu e Anna e eu entramos.

- E-ele que é seu irmão? - ganguejei.

- Meio irmão na verdade, e, sim, é ele - sentou no sofá.

- Você ainda nem me contou sobre isso, como assim você tem um irmão? - perguntei me sentando ao lado dela.

- Meu pai voltou com a ex mulher dele, uma que ele namorou à 18 anos atrás. Meu pai me disse que eles terminaram porque ela foi morar fora, ele não sabia que ela estava grávida e ela também não contou. Perderam contato total. Eles, de alguma forma, se encontraram novamente e ela contou sobre o Youdam, começaram a se ver e agora voltaram.

- E como você se sente? - perguntei.

- Eu não sinto nada, a vida é dele, né? Meus pais terminaram a muito tempo atrás, não tenho porque não gostar - falou sem dar a mínima.

- E vocês estão se dando bem?

- O clima ainda é meio estranho entre a gente, mas com o tempo acostuma - respirou fundo - Enfim, vamos fazer o trabalho no meu quarto? - assenti e subimos para o quarto dela.

04:00pm

Já faziam algumas horas que estávamos fazendo o trabalho, minha barriga começou a roncar e minha garganta já estava seca. Comemos uns salgadinhos, mas não foi o suficiente.

- Anna, o que tem pra comer? Quero outra coisa, não salgados - fiz bico - Vamos pedir hambúrguer e batata frita? - indiquei com um sorriso de ponta à outra.

- Não tenho dinheiro pra isso, você tem? - perguntou e meu sorriso se desfez. Tinha gastado toda minha mesada com um sapato na semana passada.

- Vou pedir dinheiro ao meu irmão - falei pegando meu celular. Anna parou o que estava fazendo e me encarou - O quê? - perguntei.

- Seu irmão... Ainda tá namorando? - perguntou meio envergonhada.

- Não, quer tentar alguma coisa com ele, é? - perguntei e ela afirmou a cabeça com um olhar de maldade - Boa sorte, porque você vai precisar - ri a deixando com um olhar de dúvida - Vou beber água, tá? - me levantei, abri a porta e saí fechando a mesma em seguida.

Desci as escadas e segui até a cozinha, mas quase recuei quando entrei e vi que o irmão da Anna tava lá. Era costume andar pela casa dela e não ter ninguém, já que seu pai ficava fora maior parte do tempo. Esqueci que daquele dia em diante, ela teria mais duas cabeças dentro da casa.

Ele me encarou e eu mirei para o nada, tentando não manter contato visual, fui em direção a geladeira, mas, caramba, por que diabos ele tem que está de frente com ela? - pensei. Abri a mesma retirando a jarra d'água de dentro e pondo sobre a pia, abri o armário e peguei um copo, quando senti a aproximação dele.

Por que todo esse nervosismo, SN? - perguntei a mim mesma - Ele só está lavando as mãos. Fui colocar a água no copo, quando acabei deixando a jarra cair no chão, por sorte era de plástico e não quebrou, mas naquele momento só desejava uma coisa:

Um buraco pra enfiar minha cabeça. Que vergonha, SN!

Olhei para ele, que já fazia o mesmo, mas com uma cara de "é sério isso?", sua calça e um pouco da camisa estavam molhados.

- Desculpa! Desculpa! - pedi desesperada. Estiquei meu braço para pegar o pano de prato, quando escorreguei e quase caí, mas ele segurou meu braço impedindo a queda.

Acho que nessa hora, Deus já podia me levar embora, já estava pronta.

Depois de quase passar uma vergonha maior, peguei um pano de chão e ele me ajudou a enxugar. Não queria piorar a situação, por isso permaneci calada.

- Desculpa de novo pela bagunça e por ter te molhado... - disse envergonhada.

- Tudo bem, é só água - falou e eu sorri forçada - A propósito, não fomos apresentados. Me chamo Youdam, você deve ser próxima da Anna. Como se chama?

- Somos amigas de fundamental, me chamo SN - respondi.

- Prazer em conhecer - disse com um sorriso lindo formado no rosto.

- Que bela forma de conhecer alguém, não é? - disse coçando a cabeça e olhando para o chão, lembrando da merda. Ele riu.

- É assim que nasce as melhores amizades - falou e eu o encarei - Espero que possamos ser amigos também.

- C-claro... - ganguejei - Nos daremos bem - sorri e ele sorriu de volta.

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