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— Nathally!? Você está me ouvindo? – Eu estava em um lugar totalmente escuro e via apenas os olhos roxos de minha mãe.
Passei as mãos em meus braços tentando procurar algum tipo de abraço, senti minhas mãos entrarem em contato direto com a minha pele, logo entendi.
Estava nua
Completamente.
— Corrija sua postura! - Uma versão minha de sete anos se colocou de pé, ofegante e com as pernas tremendo. — Tente se defender disso. – Ela deu um chute que eu tentei segurar mas acabei caindo pela falta de força. — Vamos! Você tem mais força que isso! – Lágrimas desceram involuntariamente do meu rosto, comecei a ficar ofegante e tremer.
— Desculpa... – Caí no chão.
— Vamos! – Ela sumiu e me deu vista de um cenário horrível.
— Você ouviu que o Nathaniel disse que a Nathally tava cortando a perna! – Meu pai reclamou.
— O que eu posso fazer? Falar não adianta. – Minha mãe diz, Me retirei da sala.
Pude me lembrar desse exato momento, foi a algum tempo atrás, meu irmão mais novo viu os cortes e falou pro meu pai. Entrei no meu quarto.
— Eu não vou falar nada. Vou falar nada, mas não me pede mais nada também. — Irritado meu pai exclamou.
Meu peito apertou ainda mais.
— Quer continuar fazendo, continuar magoando a gente, mas não vem atrás de mim quando tiver chorando desesperada, que eu não vou ajudar. – Ele prosseguiu.
A culpa é minha? Foi egoísmo meu? Eu devo parar?
Ou melhor...
Euconsigoparar?
Não.
Já tentei, e como tentei, mas não consigo.
— Isso é coisa de gente besta. Coisa de quem não tem o que fazer. Vai estudar no integral agora, ficar o dia todo na escola! – Meu pai continuava reclamando.
