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As meninas correram para a tenda o mais rápido que conseguiram. Entraram e se jogaram de qualquer jeito no chão, fingindo que estavam fazendo alguma coisa. Tonowari logo foi visto por elas entrando ali, cumprimentando as filhas de forma gentil.
— Meninas. – ele sorriu, andando até elas – Kiyeri, está tudo bem, filha?
— Hum? Sim, pai! Está tudo bem. Por que? – Yeri perguntou curiosa.
— Porque você está tentando cortar as folhas com o cabo da faca. – Tonowari riu baixo, bagunçando os cabelos da filha – Mas, e então, como vai o castigo?
— Horrível, pai. Jake não está te ensinando coisas boas. – Tsireya riu, abraçando o pai de lado.
— Você não deveria fazer isso, pai. Isso é mais tratos. – Kiyeri riu, abraçando o pai do outro lado.
— São poucos dias. Espero que sirva de lição para que não façam outra vez. É muito perigoso andarem tarde da noite sozinhas como estavam... – olhou para as filhas com um sorriso triste – Eu poderia ter perdido vocês. O povo do céu, eles não se importam com a gente. Não se importam com as nossas famílias, com as pessoas que amamos. Eles não têm compaixão.
Kiyeri soltou o abraço do pai, havia lembrado de sua mãe. Sua mãe era humana. Muitas vezes imaginava se ela era desse jeito, se pensava nas consequências dos atos, se não era egoísta como o povo do céu. Pensava se o que teve com seu pai era uma relação verdadeira, ou era apenas interesse. Todas essas coisas matutavam em sua cabeça, não conseguia evitar sentir assim.
Tonowari percebeu a tristeza de sua filha e a puxou para perto de novo, lhe beijando a testa. Sempre foi próximo de Kiyeri, a ajudava com tudo que precisava, a ensinou tudo que sabia. Fazia questão de lembrar a menina de que ela era especial e fazia a diferença ali.
— Não se sinta mal com isso, meu amor. Sua mãe não era ruim. – ele sorriu, a confortando – Sua mãe era doce, gentil e justa. Como você é.
— Tudo bem, pai. Não precisa falar essas coisas pra me deixar feliz. – sorriu fraco, suspirando – Deve ter sido difícil pra você e pra mamãe cuidarem de mim apesar das minhas diferenças.
— Você não é diferente de nós, Kiyeri. Você é uma na'vi. Você é nossa filha. – sorriu.
Kiyeri sentiu os olhos marejarem e logo foi abraçada por Tsireya que também estava emocionada. Tinha sorte de ter eles em sua vida. Se sentia aliviada toda vez que falava com seu pai, sempre lhe pedia conselhos e ajuda. Ele sempre a escutava.
— Eu preciso ir agora. Vocês vão ficar bem, não é? – Tonowari se levantou observando as meninas assentirem – Eu vejo vocês. Se comportem.
— Eu vejo você, pai. – Reya murmurou, logo vendo o pai sair da tenda. Olhou para a irmã e começou a rir de nervoso – Ele quase pega a gente, Kiyeri!
— Fala baixo! – Yeri tapou a boca de Reya e riu baixo – Quer que ele escute?
— Eu vi o que vocês fizeram. – Aonung entrou na tenda com um sorriso no rosto.
— Quem foi que chamou você aqui? – Kiyeri cruzou os braços.
— Tá brincando que vocês estão de rolo com os filhos do Sully!? – ele começou a rir, levando um tapa na cabeça de Tsireya.
— O que você tem a ver com isso? – Reya resmungou, também cruzando os braços.
— Nada... Eu só achei que a Yeri gostaria de saber que ela não é a única pessoa que o Neteyam ajuda no arco e flecha. – Aonung debochou, esticando as pernas.
— O que? – Yeri tomou a frente, se aproximando.
— Tem alguém com ele lá. E ela é bem bonita. – murmurou observando a irmã correr para a janela. Neteyam estava de fato com alguém. Estavam próximos e ele ajudava a manter o foco no arco. O sangue da menina ferveu.
— Quem é ela? – perguntou de forma calma.
— Deve ser alguém querendo aprender a caçar com arco, Yeri. Não cai na pilha do Aonung, você sabe como ele é. – Reya murmurou, pegando a mão da irmã. Mas Yeri de sentia estranha. Sentia seu sangue borbulhando.
— Definitivamente não, Tsireya. – ditou de forma séria, olhando pela janela outra vez.
— Ele estava com um sorriso largo no rosto... – o irmão provocou novamente e riu, sendo repreendido outra vez por Tsireya.
— Você quer levar uns tapas?! – ameaçou bater nele, mas não ficou muito tempo ali. Kiyeri estava saindo da tenda indo em direção a Neteyam, Reya correu atrás dela.
Yeri andava em passos largos e pesados até onde os dois estavam. Não se importava se sua mãe, ou seu pai, ou seja lá quem fosse que os vissem. Ela não estava nem aí. Ao chegar perto, parou ao lado de Neteyam e sorriu, puxando o arco da mão da menina de forma brusca, a fazendo assustar um pouco. Neteyam comprimiu os lábios de forma nervosa e se afastou da menina aos poucos ao sentir o olhar pesado de Yeri em si.
Esticou a flecha de forma precisa, mirando em um peixe que estava já metros de distância, o acertando em cheio. Sorriu de forma debochada e entregou o arco nas mãos dela novamente, apontando para o mar.
— Atire. Eu ensino você. –Yeri disse em um tom ainda sério, quando Lo'ak começou a rir baixo, levando um tapa do irmão – Mire no peixe e atire.
— Eu... – a menina murmurou sem graça, entregando o arco para Neteyam – Estou saindo.
Olhou para Yeri de cima a baixo e riu, saindo de perto dos dois. Kiyeri a seguiu apenas com o olhar, segundos depois voltando sua atenção para Neteyam que sorria nervoso.
— Você é bem prestativo, não? – Yeri perguntou de forma irônica.
— Ela só estava precisando de ajuda, só isso. – Neteyam riu, se explicando.
— Lo'ak poderia ter ajudado. – apontou para o menino e logo foi repreendida pela irmã.
— Ele perderia os dedos se fizesse isso. – Reya sorriu.
— Não me metam nisso, eu estava quietinho aqui comendo. – Lo'ak deu de ombros.
— Você tá com ciúme? – Neteyam olhou para Yeri com um sorriso.
— Você quer morrer? – ela resmungou, sendo puxada para perto. À essa altura, não estavam nem aí para o castigo mais.
— Você fica fofa desse jeito, sabia? – murmurou, passando um dos braços pela cintura dela. Kiyeri se soltou e revirou os olhos, imitando Neteyam de forma debochada.
— Cala a boca, palhaço. – resmungou, ameaçando lhe dar soco – Te quebro inteiro.
— Não precisa ficar com ciúmes. Minha atenção é sua. – ele murmurou, fazendo um frio na barriga de Yeri dar as caras no momento.
— Eu não tenho ciúmes de você, Neteyam.
— Eu acho que tem. – Lo'ak debochou, sendo acertado por uma pedrinha que Yeri havia lhe acertado.
— Tsireya, eu vou arrancar a língua do seu namorado, estou avisando. – Reya riu da irmã que estava brava.
Neteyam sorriu de lado e pegou a mão de Kiyeri, a puxando para perto de si novamente. Riu baixo ao ver a expressão brava em seu rosto, aproximando seus rostos de forma lenta, selando os lábios da menina de forma rápida. Tsireya ficou boquiaberta enquanto Lo'ak engasgou com a comida enquanto ria.
— Já disse que você é fofa? – murmurou, rindo ao ser empurrado por ela.
— Ridículo. – resmungou, revirando os olhos.
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𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐘𝐎𝐔 𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐂𝐑𝐀𝐙𝐘 « neteyam + reader »
Teen FictionOnde Neteyam luta para se adaptar aos costumes de uma nova tribo após se mudarem para o recife. Ou Onde Kiyeri ainda tenta se aceitar por ser diferente de todos que conhecia. Por que só ela era diferente?