— O que você disse? – Neteyam perguntou, abrindo os olhos devagar para encarar a menina.
— O que você ouviu. Eu não vou repetir. · Kiyeri riu, selando seus lábios novamente.
— Repete, por favor... – o garoto pediu se forma chorosa e brincalhona.
— Nem fodendo, Neteyam.
— Eu gosto de você. Gosto do seu sorriso, do seu jeito. Gosto até de como você é impaciente comigo. – ele riu, pegando uma das mãos dela, a beijando de forma carinhosa – Eu gosto de gostar de você.
Neteyam se atrapalhou nas palavras, fazendo Yeri rir. Se beijaram por mais alguns segundos, logo se abraçando e caindo na areia enquanto riam. O momento estava maravilhoso até ouvirem uma voz familiar indignada vindo de perto. Era Ronal.
— O que está acontecendo aqui?! – perguntou indignada, fazendo a filha levantar o olhar um pouco assustada, se afastando do menino.
— Mãe! Eu... Eu posso explicar!
[...]
— Eu não acredito nisso, vocês estavam na areia se pegando? – Aonung perguntou prendendo o riso.
Estavam todos reunidos na tenda. Aonung, Ronal, Tonowari, Jake, Neytiri, Tsireya, Lo'ak, Kiyeri e Neteyam. Kiyeri estava sentada ao lado de Aonung e Neteyam, ao lado de Lo'ak.
— Eu gostaria de saber: o que é tão difícil de entender na palavra "castigo"? – Jake encarou o filho que mordeu o lábio em sinal de nervosismo.
— Castigo? – Ronal encarou Yeri que desviou o olhar.
— Há três dias atrás, eles estavam na floresta sozinhos. Os quatro. – Tonowari olhou para todos eles – Fazendo sabe se lá o que.
— Três dias atrás? Não era o dia em que... – Ronal foi interrompida por Neytiri.
— Sim, foi sim. – a mãe de Neteyam parecia brava – Vocês ficaram malucos? O que fazia lá sozinhos?
— Olha... Eu acho que todo mundo sabe o que, né... – Aonung novamente zombou, levando um tapa de Tsireya.
— Isso não é brincadeira. Vocês poderiam ter morrido. E agora... Estavam se beijando na areia! – Ronal parecia indignada – Não quero nem saber o que vão pensar disso.
— Por que? Por que ela tem cinco dedos? – Lo'ak defendeu Kiyeri que apenas baixou a cabeça – Ou por que a nossa família que tem?
— Lo'ak! – Jake o repreendeu.
— Você é muito novo, garoto. Não entende como as coisas funcionam. – a mãe das meninas disse novamente – Só prezamos pelo bem estar dos nossos filhos.
— Então temos que deixar as pessoas zombarem de nós por sermos diferentes? Assistir enquanto elas nos humilham perto de todos? – Lo'ak novamente disse um tanto irritado.
— Lo'ak, não precisa. – Kiyeri sorriu fraco.
— Não temos como controlar todas as pessoas que vivem aqui. Infelizmente essas coisas acabam acontecendo, mas nunca vamos deixar Kiyeri correndo perigo. – Tonowari sorriu para a filha.
— Senhor... Com todo o respeito, eu... Eu gosto da Kiyeri. E só quebramos o castigo porque estávamos sentindo falta da presença um do outro. – Neteyam murmurou, sorrindo para Yeri – Não queríamos desrespeitar às ordens de vocês, foi espontâneo.
— Eu não estou ouvindo uma coisa dessas. – Ronal resmungou, sendo observada por Neytiri.
— Eles não estão fazendo nada de errado. Não entendi o motivo de você estar desse jeito, Ronal. O que? Meu filho não é o bastante pra ela? – Neytiri a encarou um tanto irritada.
— Eles são muitos novos pra isso. Não entendem como as coisas funcionam. Infelizmente não posso permitir. – A mãe de Kiyeri cruzou os braços.
— Mãe! – Tsireya se intrometeu – Você não pode fazer isso!
— Não grite com sua mãe. – Tonowari repreendeu a filha – Ronal, acho que está exagerando.
— Somos tribos diferentes, nossos costumes são outros. As... Características. – apontou para Neteyam que pareceu ofendido – Não favorecem.
— Desculpa, mãe. Mas só eu sei o que eu sinto. – Kiyeri se levantou – Só eu sei o que eu passei todos esses anos. De todas as coisas que eu fui xingada, de tudo o que eu passei por ser diferente. Mesmo sendo a filha de vocês, isso nunca me impediu de ser humilhada aqui. Então, por qual motivo eu me importaria? – de alguma forma estava desabafando. Recebeu um olhar orgulhoso de Tsireya e Lo'ak que sorriam enquanto olhavam a cena – Eu não vou mais me reprimir. Eu não vou mais tolerar isso. À partir de agora, eu vou fazer o que achar melhor pra mim. Eu vou viver sem medo. – pegou a mão de Neteyam, sorrindo para ele – Eu vou me sentir livre.
Ronal apenas ouviu as palavras da filha um tanto chocada. Kiyeri nunca havia dito tais coisas, mesmo depois de tudo que passou. Tentava sempre ser perfeita, não reclamar, não dar trabalho. Mas estava farta disso, estava farta de guardar os sentimentos para si, estava ficando cansada.
— Eu vou cuidar e proteger ela como deve ser, não vou permitir que a machuquem. – Neteyam murmurou, entrelaçando os dedos com os de Yeri – Vou tratá-la como merece.
A mãe de Kiyeri ouviu as palavras e encarou o marido, saindo da tenda com uma expressão nada boa. A menina fechou os olhos e deitou a cabeça no ombro de Neteyam, respirando fundo. O garoto levou uma das mãos até o ombro da menina, a puxando para um abraço. Todos mantiveram o silêncio até que, segundos depois, foi quebrado por Aonung que se levantou.
— Nossa, que situação. – ele disse, saindo da tenda, fazendo Yeri rir enquanto andava Neteyam pela cintura.
— Desculpe por isso... – ela murmurou, o encarando.
— Não peça desculpas, eu estou aqui para você. – acariciou seu rosto, selando seus lábios demoradamente.
***
Kiyeri tá conseguindo a soltar o que sente, até que enfim 🥺 Neteyam tá sendo a peça chave pra isso. Ela vai se abrir mais com ele, então a partir de agora, ela não vai mais esconder o que sente. Não vai esconder nada. Então, se prepararem JSKSKSKSKSKKDKD Boa noite ❤️
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𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐘𝐎𝐔 𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐂𝐑𝐀𝐙𝐘 « neteyam + reader »
Teen FictionOnde Neteyam luta para se adaptar aos costumes de uma nova tribo após se mudarem para o recife. Ou Onde Kiyeri ainda tenta se aceitar por ser diferente de todos que conhecia. Por que só ela era diferente?