Cap. 12 »

1.4K 170 98
                                    

— Kiyeri! – Neteyam chamou pela menina que andava em direção ao mar.

— Para de me seguir, já te falei isso. – disse um tanto irritada, procurando por seu Ilu.

— Espera um pouco! – o garoto riu e correu até ela, parando ao seu lado - O que foi? Por que ficou assim?

— Assim como? – se fez de sonsa, o encarando.

— Desse jeito, não estava acontecendo nada, ela apenas me pediu para ajudar ela com a flecha.

— Eu já entendi, você já disse isso.

— Qual é? Não precisa ficar marrenta assim. – ele brincou, fechando o sorriso quando Yeri lhe encarou.

— Eu não sou marrenta.

— Mas está sendo agora. – riu baixo - Não entendi o motivo de tanto ciúme.

— Você acha que eu tenho ciúme de você? – se aproximou dele, sorrindo de lado - Pode ir lá, ensina ela a atirar. Ensina ela a escalar árvores, eu não ligo, pode ir.

— Por que eu faria isso? Quem eu quero está bem na minha frente. – ele respondeu, a encarando. Yeri revirou os olhos, chamando agora pelo Ilu.

— Neteyam, vai procurar o que fazer, vai. Me deixa em paz. – Yeri montou no animal e saiu nadando, deixando Neteyam rindo para trás.

— Ela com certeza deve estar te amaldiçoando de mil coisas agora. – Lo'ak se aproximou do irmão, rindo baixo.

— E agora? O que eu faço? – Neteyam coçou a cabeça, resmungando.

— Só espera, ela deve estar nervosa. Não vai atrás, deixa ela sozinha. – Lo'ak sentou em um rocha que tinha ali, suspirando.

— Isso acontece com frequência? – o mais velho sentou ao lado do irmão, respirando fundo.

— Mais do que você imagina. – o mais novo riu, consolando Neteyam.

[...]

Já havia escurecido e Kiyeri ainda estava nadando. Não sabia o que tinha acontecido, mas não quis ver Neteyam o dia todo. Estava brava? Irritada? Não sabia o que estava sentindo, só não queria conversar. Quando as estrelas começaram a aparecer, percebeu que já era hora de ir embora. Nadou de volta para o recife e logo desceu na areia, sorrindo ao ver que sua irmã estava ali lhe esperando.

— O que está fazendo aqui a essa hora, Reya? – abraçou a irmã que riu baixo.

— Vendo se o seu surto já passou. O que aconteceu? Por que saiu daquele jeito? – Tsireya parou em frente a menina.

— Não me faça perguntas que eu não sei responder. Eu não sei o motivo de agir assim quando se trata dele, ele faz eu ter sentimentos estranhos. E eu não gosto disso. – resmungou baixo.

— Nunca pensei que te veria assim, Yeri. – Reya ajeitou o cabelo da irmã.

— Nunca pensei que gostaria de alguém tão rápido, sinto que não tenho controle sobre isso. – murmurou, sentando na areia molhada.

— Vocês têm que conversar sobre isso. Sobre o que sentem, sobre o que vocês querem. – Tsireya murmurou, pegando a mão da irmã enquanto sentava ao seu lado.

— Eu tenho medo, Tsireya. E se não der certo? E se a gente estiver se precipitando? – pensava em mil motivos em forma de negação - Ou, pior, e se ele se arrepender depois?

— Kiyeri! – Reya sacudiu a irmã que começou a rir - Não pense em nada negativo, não comece uma coisa pensando que vai dar errado. Você tem que tentar! Tem que mostrar interesse. Se não...

— Se não o que?

— Se não, vai acontecer o que aconteceu mais cedo. Vão aparecer mais meninas atrás dele. Pensa comigo... – Tsireya se aproximou agora cochichando – Eles são filhos de Toruk Makto. É uma lenda. Devem ter muitas meninas interessadas neles.

— Meu Deus, Tsireya. – Yeri começou a rir, negando com a cabeça – Olha as coisas que você fala.

— É sério! – a menina resmungou, cruzando os braços. Yeri observou o mar e sorrio de forma sincera, fechando os olhos amava a sensação que o mar passava, de conforto, de tranquilidade. Ficaria a vida toda ali e não cansaria.

— O que estão fazendo aqui? Não vão comer? – Lo'ak apareceu atrás delas, sorrindo. Kiyeri abriu os olhos, observando Neteyam ao lado do irmão, desviando o olhar.

— Vamos sim. Mas... Antes, vem cá, Lo'ak. Vamos conversar. – Tsireya levantou, pegando a mão do menino, o arrastando para longe. Neteyam sentou ao lado de Yeri, respirando fundo.

O silêncio ficou por alguns minutos ali, deixando os dois um pouco sem graça. Vez ou outra tentavam falar mas as palavras não saíam. Depois de um tempo, Kiyeri juntou coragem e quebrou o silêncio sem encarar o menino.

— Eu gosto de você. – murmurou deixando o mais velho surpreso – Não fala nada. Deixa eu falar. Eu não sei como aconteceu. Talvez seja pelo fato de treinarmos juntos, ou pelo fato de você ser cuidadoso comigo. Eu amo quando cuida de mim, quando se preocupa comigo. Eu gosto de você como nunca gostei de alguém e aí está o ponto. Eu nunca tive sentimentos românticos por ninguém. Nunca pensei que teria. – ela riu. Neteyam manteve seu semblante sério – Não consegui controlar, foi mais forte que eu.

Kiyeri agora o encarou, sorrindo fraco. Estava com vergonha, sentia que agora estava mais leve, havia dito o que queria. Porém Neteyam ainda estava em silêncio. O menino a encarou por breves segundos até que se aproximou sem dizer nada. Pousou a mão sobre o rosto de Yeri e aproximou seu rosto ao dela, juntando os lábios de forma calma.

Yeri abriu os lábios dando passagem para que o garoto tivesse mais liberdade, entrelaçando os braços ao seu pescoço. As bocas se moviam em sincronia enquanto se aproximavam mais, partindo o beijo um tempo depois com Neteyam puxando o lábio inferior entre seus dentes.

— Eu vejo você. – Neteyam murmurou, selando os lábios de Yeri mais uma vez, a fazendo sorrir.

— Eu... Eu vejo você, Neteyam.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐘𝐎𝐔 𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐂𝐑𝐀𝐙𝐘 « neteyam + reader »Onde histórias criam vida. Descubra agora