Cap. 19 »

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Naquela mesma noite, Ronal andava de um lado para o outro na tenda, observando a janela várias e várias vezes. Estava nervosa, esperava pelo marido que ainda não havia voltado. Queria ter ido junto, mas ele insistiu para que ela ficasse. Estavam suspeitando que ela estava grávida, então tinha que ficar segura. Somente ela e Tonowari sabiam disso, seus filhos ainda não. Não iriam contar até que tivessem certeza.

Ouviu um barulho vindo de fora da tenda e correu até a porta, vendo Aonung se aproximar, botando a mão no peito pelo susto.

- Mãe, o que tá fazendo acordada à essa hora? - Aonung perguntou. Não sabia o que estava acontecendo.

- Só estou sem sono. O que você está fazendo aqui? Já era pra estar dormindo. - ela disse, se sentando no chão.

- Eu vi a tocha acesa e vim ver se estava tudo bem. - o menino abaixou para que ficasse perto da mãe, segurando sua mão - Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

- Não, filho. Está tudo bem. - ela mentiu, dando um sorriso para o filho - Eu só estou sem sono, não precisa se preocupar.

- Cadê o pai? Eu procurei ele por todo o lugar, mas não encontrei. Ele foi pra alguma missão? - perguntou fazendo a mãe ficar um pouco ansiosa.

- Sim, sim... Ele não volta tão cedo, filho. Você pode ir descansar, tá bom? Passa na tenda das suas irmãs para ver se elas estão bem. - beijou a testa do filho, sorrindo pra ele.

- Tudo bem. Eu vejo você, mãe. - fez o sinal na testa, se levantando - Se precisar, me chame.

E então saiu dali, deixando a mãe aliviada para trás. Ronal colocou a mão na barriga, fechando os olhos. Odiava mentir para os filhos, mas não poderia deixá-los preocupados. Depois de tudo que Yeri passou, do estresse que Tsireya teve, não queria fazer mais um filho sofrer. Gostaria de poder tirar toda a dor que suas filhas estavam sentindo, se sentia incapaz muitas vezes.

Amava Kiyeri com todas as suas forças, foi sua primeira filha. Apesar da menina não ter sido gerada em seu ventre, Ronal sentia que havia sido assim. O dia em que Yeri foi entregue para si, sentiu uma felicidade que nunca havia sentido antes em sua vida. Toda a preocupação com ela não era exagero, não era implicância com Neteyam, e sim, pura preocupação. Temia pela segurança da filha, então tinha a tendência de ser mais rígida com ela e os irmãos. No fundo gostava de Neteyam, mas ainda não aprovava o namoro.

Fechou os olhos novamente quase pegando no sono, quando ouviu um grunhido vindo de fora. Abriu os olhos e se levantou, respirando aliviada ao ver o marido entrando na tenda. Correu até ele e o abraçou com força, o apertando em seus braços.

- Tonowari... - murmurou, lhe dando um selar - Você está bem? Está ferido?

- Ronal, eu estou bem. - o marido riu - Apenas fui arranhado na perna, mas eu vou ficar bem. Não é nada sério.

- Senti medo de não te ver outra vez. - colocou a mão no rosto do marido, sorrindo pra ele.

- Você não me conhece? Sou o chefe da tribo, eu derroto tudo que vier. - Tonowari brincou, lhe dando um beijo na testa - Ficou tudo bem. No final, acabamos com eles, mas perdemos alguns amigos...

- Por Eywa! Não me diga que o Sully...

- Não, ele está bem. Mas alguns da nossa tribo não tiveram tanta sorte. - ele murmurou, suspirando - Como Kiyeri está? Está segura?

- Ela está na tenda descansando com Tsireya. - Tonowari respirou aliviado - Ela chorou muito, ouvi ela dizendo que queria ficar sozinha, então não fui ver como estava. Quando dormiu, fui até lá para ver se estava tudo bem, elas dormiam abraçadas.

- Temos sorte de ter filhos como os nossos. Eu sou um pai e um marido muito orgulhoso. Nós os criamos bem. - ele sorriu para a mulher que assentiu.

- Eles são a razão por tudo que eu luto. Junto com você. - selou os lábios do marido, sorrindo.

[...]

Kiyeri abriu os olhos e sentiu a cabeça doer por conta da luz que emanava de fora da tenda. Sentou ali e olhou ao redor, Tsireya não estava ali. Coçou as pálpebras e espreguiçou, se levantando do chão devagar. Andou para a porta da tenda e observou Tsireya e Lo'ak nadando perto do mar. Sorriu e ficou encarando por um tempo até ser tirada do transe por alguém que estava ali, tomando um susto.

- Yeri? - Neteyam a chamou.

- AHH! - gritou e colocou a mão no peito, fechando os olhos - NETEYAM!

O menino riu, levantando do chão e andando até perto dela. Kiyeri cruzou os braços e fingiu indiferença, virando o rosto para a direção contrária.

- O que você quer? - ela murmurou, se fazendo de difícil.

- Primeiramente, eu estava com muita saudade. Eu queria muito te ver, eu precisava te ver. - ele murmurou, sorrindo sem graça - Segundo, eu queria me desculpar por ontem. Eu não deveria ter falado aquilo pra você.

- Não deveria mesmo, você quase apanhou! - ela agora o encarava, tentando resistir ao sorriso do maior. Era sua maior fraqueza - Você foi muito malvado comigo.

- Me desculpa, amor... - a encarou com um olhar de cãozinho abandonado, fazendo um bico enquanto falava em um tom manhoso.

- Não! - ela virou de costas, cruzando os braços, rindo baixinho quando sentiu o abraço em sua cintura, mordendo os lábios quando Neteyam colou sua cintura no corpo dele.

- Se me desculpar, eu faço o que quiser... - ele murmurou no ouvido da garota, a fazendo rir novamente.

- Você não presta, sabia? - Yeri virou de frente para o namorado, selando seus lábios enquanto abraçava o pescoço dele.

- Que nojo! Vão pro quarto! - Aonung disse fazendo cara de nojo enquanto passava por ali.

- Sai daqui, feioso! - Yeri lhe deu a língua, rindo.

- Não se preocupa, Aonung! Logo a gente acha uma peixa pra você. - Neteyam brincou, recebendo o dedo do meio de Aonung.

- Vai se foder, Sully!

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐘𝐎𝐔 𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐂𝐑𝐀𝐙𝐘 « neteyam + reader »Onde histórias criam vida. Descubra agora