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MACKENNA
Mandei dez mensagens para o celular dele enquanto esperava o voo. No momento em que pousei, vi que ele tinha me enviado uma mensagem. Disse que a agente da condicional o tinha encontrado e não havia com que me preocupar. Aham, sei.
Ele informou o nome de um hotel e o número do quarto em que estava. Pego a chave na recepção e acabo tendo que dar alguns autógrafos, até finalmente chegar ao vigésimo andar. Quando abro a porta, encontro meu pai jogado em uma cadeira no terraço, olhando para o horizonte.
Uma bandeja de serviço de quarto com duas taças de champanhe está ao lado da janela.
- O que houve com você, pai?
A raiva no meu rosto o deixa estático, e ele leva um segundo para articular as palavras.
- Inferno, eu... Você está aqui? Filho... Eu não iria faltar à sessão se aquela vaca não a tornasse
um pé no saco. Preciso de liberdade, Kenna, estou sufocando aqui.
- Olhe para cima, pai. Vê aquilo? É a maldita luz do sol. Se quer ter uma boa dose disso todos
os dias, compareça à maldita sessão de condicional.
- Eu disse que estou sufocando. Parece que ainda estou na cadeia, mas com um pouco mais de
espaço.
- Jesus - digo enfurecido, então me recomponho, tentando entendê-lo. - Pai, sei exatamente
como se sente. Se sente preso nas suas circunstâncias, mas não arranje uma pior. - Você entende? Sério?
- Você sabe muito bem que sim.
Ele se esforça para sorrir e desvia o olhar, para o trânsito e a cidade.
- Siga em frente, meu filho teimoso - ele fala, seus olhos escuros preenchidos com as mesmas olheiras de quando saiu da prisão. - Lembra-se dessa música? Você arrasou.
- Sim, arraso com tudo em que toco minha língua. Uma risada.

- Haverá paz quando acabar - ele continua falando da música, levantando as sobrancelhas em questionamento.
- Você sabe muito bem que também quero minha liberdade. Já conversamos sobre isso. Vou levá-lo para Seattle quando acabar o filme, para que eu possa vê-lo mais vezes. Só não dê nenhum motivo para que alguém o prenda... ouviu? Seja esperto, pai. Jesus! Eu me preocupo com você. Apenas pense nas coisas.
- Ser esperto da mesma forma que você é esperto com aquela garota? - ele me enfrenta.
Cacete, eu sabia que ele tocaria nesse assunto.
Cada parte de mim quer defendê-la.
Mas não adianta discutir com meu pai sobre Pandora. Dou de ombros e não digo nada,
contraindo a mandíbula.
- Filho, ela lhe faz mal. Essa garota é tóxica. É melhor você ter certeza de que ela está na sua
antes de trocar a vida boa pela vida dos seus sonhos, só para descobrir que não vai ter futuro, garoto. - Ela é real para mim... - é tudo o que digo a ele, e solto isso em um sussurro.
Ele suspira e enterra o rosto nas mãos.
- Desculpe, só não consigo esquecer como a vaca da mãe dela me colocou atrás das grades.
- Pai, você se colocou atrás das grades. Será que não entende? Colhemos o que plantamos. Ninguém o obrigou a traficar, ninguém o obrigou a escolher esse caminho. Assuma. Eu estou assumindo as escolhas que faço também, e uma delas me colocou em um lugar difícil. Ninguém me obrigou a isso. Tive que fazer. Às vezes, apenas temos que fazer algumas coisas. - Passo a mão pela mandíbula porque, puta merda, aquelas escolhas machucaram.
- Você fez um acordo com aquela promotora, não fez? É por isso que estou solto. Se não fosse isso, eu ainda estaria lá. É por isso que minha agente de condicional é uma merda... Aquela biscate controladora provavelmente sabe que você está viajando com a filha dela e ainda está tentando interferir!
- Isso passou pela minha cabeça.
Ele me encara com os olhos semicerrados.
- Então, o que vai fazer?
- Ela não vai destruir minha vida duas vezes, não vai me tirar duas pessoas que amo duas vezes.
Apenas fique bem, pai... Amanhã é outro dia. Não posso esperar até amanhã. Cometi erros. Magoei pessoas com as quais me importo. E vou consertar isso. - Dou um tapinha nas costas do meu pai e me abaixo. - Conserte sua vida do jeito que quiser. Pense em outro emprego, vou mexer uns pauzinhos. Só me dê um tempo, então podemos voltar a Seattle. E compareça às sessões.
- Mackenna... - Eu paro com a mão na porta do terraço. - Você é o motivo de eu continuar. Quando perdemos sua mãe...
- Você fez o melhor que pôde. Eu sei. Fique tranquilo, vou levá-lo para casa. Vamos sair juntos hoje.

idolo.Where stories live. Discover now