Pov Moira
Voltei a vestir meu blazer assim que deixamos o subsolo, Charles fez o mesmo com sua jaqueta, o que foi uma pena e um aliviou ao mesmo tempo.
- Qual o próximo passo, Srta. Scringeour?
- Descobrir o que significa os símbolos. Tem alguma biblioteca aqui?
- Não, o povo dessa região não é muito de ler, sabe.
- Entendo, preciso de um favor do ministério, então. Tem uma coruja?
- Por sorte sua a Sra. Weasley fez questão de me presentear com uma, ela fica no meu quarto.
- Esposa?
- Mãe, eu não sou casado. Não é fácil com meu trabalho.
- Eu dúvido muito.
Ele se afastou subindo os degraus de dois em dois.
- Você vem?
- O quê?
- Eu disse que a coruja está no meu quarto.
- Claro - mantive a calma enquanto subia as escadas atrás dele, Charles parecia não se importa em ser visto de costas e eu não pude deixar de reparar nas marcas que suas coxas deixavam no jeans.
Ele me guiou até o último andar e por um estreito corredor, entrando na penúltima porta.
- Cuidado - ele avisou bem a tempo de eu me abaixar enquanto uma coruja cinza cruzava o quarto - pode escrever na cama ou usar a cômoda, o tinteiro está alí.
Eu passei pela cama com dificuldade, imaginando como um homem daquele tamanho se movia aqui dentro, peguei um pergaminho e a pena, usando a cômoda como apoio para anotar todos os livros que eu imagina ter algo referente aquele assunto.
Com a visão periférica eu podia ver o Weasley sentado na cama dando migalhas para a coruja que insistia em se esfregar no bíceps dele.
Sortuda.
- Gosta mesmo desses animais, não é?
- É mais fácil que lidar com humanos, eles não traem, não machucam.
- E quanto aos dragões? Acho que podem machucar um bocado - apontei para o pescoço onde ele tinha outra cicatriz.
- São só incompreendidos.
- Ela pode levar, agora? É importante.
- Sim. Vamos, Justine. Precisa levar isso depressa - Charles pulou por cima da cama e me prendeu entre a cômoda e ele.
Sua presença era tão intimidadora e ao mesmo tempo me acolhia, entreguei o pergaminho enrolado e ele prendeu a pata da coruja, fazendo-a voar para fora da janela.
- Obrigada.
- Foi um prazer ajudar.
- Eu preciso ir agora.
- Sim, eu compreendo - Charles afastou o corpo deixando um espaço muito pequeno para passar e eu não sabia como travessar, por fim acabei virando de costa, o que não foi uma boa idéia. Ficou parecendo provocação.
- Bem - eu olhei por cima do ombro antes de passar pela porta - foi um prazer conhecê-lo.
- Igualmente, Srta Scringeour. Chame se precisar de mim?
Para qualquer tarefa?
- Claro, fique atento.
Charles fez questão de me acompanhar durante quase todo o trajeto de volta á vila, mesmo sem que o frio tornasse difícil conversar e a neblina densa mais ainda
A única hospedaria daquele lugar mais parecia um estabulo, ratos correndo libres pelo caibro no teto sem forro, as mesas sujas recebiam novos cardápios e o bar estava com os assentos lotados.
- Moira?
Minha atenção se voltou para o garoto na escada.
- Não temos escolha, temos?
- Sinto dizer que não. Como foi?
- Como eu esperava, as mortes foram obra da mesma pessoa.
- Comunicou o Sr. Philostrade?
- Não, ainda é cedo, preciso saber sobre aqueles símbolos.
- Ah, Moira. Era uma missão simples.
- Se quer simplicidade, Ioannou, sugiro que escolha outra profissão. Se vai trabalhar comigo, aceite que iremos até o fim.
- Tem razão - o garoto abaixou os olhos tristemente - a chave do quarto.
Peguei o objeto e subi, o quarto era ainda mais deplorável, com goteiras e uma janela quebrada por onde passava o ar gélido da noite.
Apanhei o cobertor na ponta de uma das duas camas, estava sujo e duro.
- Eu mereço - bufei e me deitei de costas cruzando os braços na frente do corpo e nem percebi quando adormeci.
Acordei com cheiro de café que fez meu estomago roncar.
- Café? - Dom me perguntou assim que abri os olhos.
Fitei a caneca manchada em sua mão.
- Não, obrigada.
- Você recebeu um telegrama do ministério.
- Já? - eu levantei rápido e apanhei o pequeno envelope na mesa, mas nada dos livros.
- O que diz?
- Nenhum dos livros que eu pedi estavam disponíveis.
- Hum, aposto que aqui não tem biblioteca.
- Tem a catedral - uma mulher gorda e rosada, vestindo uma roupa de camareira muito desbotada entrou no quarto sem bater e começou a esticar a cama - serviço de quarto - ela disse de forma casual.
- Que catedral?
- Na baía, depois do píer. Não conhecem?
- Eu não sou daqui.
Ela olhou para mim pela primeira vez.
- Ah, percebo agora. Bem, a baía é o lado mais movimentado dessa região, tem uma antiga catedral lá, foi destruída e saqueada mas duvido que esses vagabundos tenham levado os livros - ela deixou toalhas novas no banheiro antes de dar uma ultima olhada no quarto - prontinho, com licença.
Ela saiu nos deixando sozinhos.
- Acho que é perda de tempo. Se eram livros antigos certamente foram roubados.
- Também acho, mas vale a pena averiguar. Além do mais, ela disse que é movimentado, alguém pode saber de alguma coisa.
- Certo, vou me informar como faz pra chegar lá.
- Dom?
- Hum - ele parou na porta.
- Chame o Weasley.
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Garras
FanfictionCharles Weasley ajuda uma jovem auror a investigar estranhas mortes de dragões em uma região isolada e cheia de segredos.