Pov Moira
Eu estava sufocando outra vez, meu peito ardia quase sem ar enquanto eu lutava para não me apavorar.
A sala parecia pequena demais mesmo sendo grande o suficiente para abrigar uma família de Focinho-Curto Sueco inteira, e lá estava eu pensando em dragões de novo.
- Como foi no ministério? - papai perguntou ao virar mais uma página de seu jornal.
Encarei o prato na minha frente, dois deles, um em cima do outro e mais talheres do que era necessário. Eu sabia a diferença entre todos eles, mas de repente isso não fazia mais sentido. Tive uma vontade imensa de tomar sopa de garfo.
- Moira, eu lhe fiz uma pergunta.
- Foi bem, fui devidamente condecorada.
- Ótimo, emoldure e mande pendurar na sua sala em um ponto bem visível.
- Ou posso vender, é de ouro. Pense em quantos tonéis de hidromel eu poderia comprar.
Papai abaixou o jornal lentamente, no verso eu pude ver um anúncio em roxo e laranja com o nome Weasley, meu peito apertou um pouquinho mais.
- O que deu em você?
- Nada, papai. Mas essa medalha não significa muito pra mim - vi seus olhos se enfurecerem mas eu precisava falar - nenhuma Ordem Merlin vai reparar o que houve, eu perdi alguém que eu amava e você nunca se desculpou por ter entregado minha tutela a ele.
- Seu pai não tem culpa do que, Rycroft fez.
- Não, Betsy - ele levantou a mão fazendo mamãe se calar - deixe ela falar.
- Não quero magoar vocês mas percebi que não me importo se me aprovam, tudo o que eu conquistei, pai, foi esperando ver você na platéia me aplaudindo de pé e hoje eu recebi a honraria mais importante do nosso mundo, você não estava lá, ao invés disso me pergunta como foi de trás do seu jornal. Aliás, que porra você faz com o jornal a essa hora?
- Moira - mamãe se levantou em um salto e apontou para a porta - para o seu quarto.
- Não, eu não vou para o meu quarto. Na verdade, eu não fico nem mais um minuto nessa casa.
- Isso é ridículo. Você não estaria onde está se eu e seu padrinho não tivéssemos te colocado lá.
- Ele tentou me matar - agora era eu quem ficava de pé, minhas mãos bateram com força na mesa espirrando sopa no meu vestido, criando manchas que me lembravam Brutus - eu comi traseiro de erumpente.
- Moira, por Deus.
- Estava bom mamãe, você deveria provar. E andei em um navio subaquático ilegal, corri com um cachorro no colo enquanto ele mijava em mim, fiz sexo com uma garota - mamãe parecia em choque - e ela tinha um pênis - encarei meu pai que não tinha expressão nenhuma - lutei, me machuquei e matei um genocida. Isso não foi você, fui eu e Charles.
- Eu não tenho nada contra o Sr. Weasley, mas vocês dois fizeram apenas seu trabalho.
- Não me importo que pense assim - eu peguei um guardanapo e passei sobre a sopa respingada no meu vestido e levantei os olhos marejados - Adeus, papai.
Deixar aquela casa minutos depois carregando apenas algumas malas foi a coisa mais corajosa que eu já fiz e depois de alguns dias em um hotel finalmente consegui um apartamento.
Eu estaria mentindo se dissesse que era simples, afinal, eu ainda era uma Scrimgeour.
Mas estava vazio, sem vida.
Me ocupava com o trabalho, fazendo missões de novata como essa briga de bar no Caldeirão Furado. Um homem quebrou a varinha de outro que usou a madeira pontuda para enfiar na barriga do primeiro. Nada muito grave.
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Garras
Fiksi PenggemarCharles Weasley ajuda uma jovem auror a investigar estranhas mortes de dragões em uma região isolada e cheia de segredos.