Pov Moira
Eu não tinha energia pra isso, ignorei a atitude da capitã e parti em direção á cozinha, estava faminta e precisava encontrar algo que pudesse comer.
Quando entrei no cômodo, Mordaque vestia um avental particularmente limpo, assim como os utensílios e panelas penduradas, apesar de velhos e amassados.
Ele levantou o garfo com um pequeno polvo que se enrolava nele e o levou até a boca, engolindo de uma vez enquanto o animal se contorcia.
- Com fome?
- Não.
- Hei, docinho. Não se preocupe, vou cozinhar para você.
- E você sabe cozinhar?
- Sei sim, eu disse a você. Legista e cozinheiro.
- Achei que era piada ruim.
- Eu estava tentando te impressionar - ele piscou para mim e bateu com força o fundo de uma panela contra a parede, deixando-a reta.
Bonito, forte, corajoso... se não fosse tão engraçadinho seria um boa distração.
- Legilimente também.
Olhei assustada por um segundo e fechei a minha mente na mesma hora.
- Desculpa - abaixei os olhos sentindo minhas bochechas corarem.
- Tudo bem.
Como forma de amenizar a vergonha resolvi puxar assunto.
- Como aprendeu a cozinhar?
- Quando saí da escola, há três anos, fiquei responsável pela cozinha da hospedaria.
- Aquela hospedaria? - curvei os lábios para baixo em uma expressão de nojo.
- Não era daquele jeito quando pertencia a minha mãe.
- Ela vendeu?
- Mais ou menos. A minha mãe era ótima anfitriã mas péssima com as finanças, depois que meu pai sumiu ela ficou endividada.
- O que houve com ele?
- Faz muitas perguntas, docinho.
- É meu trabalho - dei de ombros, o estômago roncando enquanto Mordaque empanava os bifes, a carne era estranha mas eu não estava ligando, no momento.
- Bem, chegou um homem na vila há dois anos, bem vestido, carregava uma mala com um 'M' bordado, parecia sério e rico. Procurava alguém que o levasse até a catedral.
- A mesma que estamos indo?
- Sim, mas nenhum dos guias estava disposto, meu pai não era explorador mas conhecia a região melhor que ninguém. O homem pagava bem então...
- Seu pai o levou até lá.
- Levou, mas não voltou.
- Sinto muito.
- Obrigado, amor - a frigideira fez um barulho característico quando o empanado tocou o óleo - a minha mãe ficou doente e morreu logo depois, deixou a hospedaria cheia de dividas então o credor a tomou e ainda fiquei devendo quase dois mil galeões.
- E qual a sua história com Charles?
- Ele vinha muito na hospedaria, nas férias quando eu estava em casa, ouvia ele contar as histórias sobre dragões.
- Ele gostava da sua comida?
- Ele não comia, quase tudo era feito de carne de dragão.
- O comércio dessa... iguaria, é crime.
- Eu sei mas vendia bem - ele tirou o bife da panela e o cercou com purê de batatas quentinho.
- Isso é dragão?
- Javali.
- Não importa, eu estou faminta - levei um pedaço da carne a boca e quase delirei com o sabor.
- Bom? - ele sabia a resposta, me olhava confiante, com um sorriso de canto encantador.
- E ele te contratou? Como se tornou legista?
- Bem, eu conhecia os cortes como ninguém.
- Que horror - cobri a boa ca cheia com a mão para falar - mas ao menos você pode pagar sua dívida.
- Charlie assumiu, nunca me contou sobre o que eu devia mas eu sou...
- Um bom legilimente.
- É - ele riu - Charlie fez um acordo com o novo proprietário, paga por mês.
- Isso deve incomodar você.
- Um pouco mas eu pego tudo o que me sobra do salário e coloco aos poucos nos bolsos da jaqueta dele.
- Isso é acolhedor de se ouvir.
- Pode ser - ele deu de ombros - mas Charlie acaba gastando tudo em cenouras pros cavalos.
Ele voltou a rir, a comida estava ótima e a cozinha acolhedora.
Mas durou pouco, o navio deu um tranco e as luzes piscaram algumas vezes, olhei para Mordaque e vi que ele tirava o avental com rapidez.
Um som alto de grito me fez tampar os ouvidos.
- O que é isso?
- Dragão. Estamos sendo atacados.
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Garras
FanfictionCharles Weasley ajuda uma jovem auror a investigar estranhas mortes de dragões em uma região isolada e cheia de segredos.