Pov Charles
- Ele está bem, acho que nem percebeu - Mordaque tranquilizou da próxima sala.
Mesmo tendo quase causado nossa morte eu só queria abraçar aquele cachorro velho e me garantir de que ficaria bem por mais algumas semanas.
- Charles, você acredita em mim. Não é?
- Vivi, eu preciso ver o Brutus, ele deve estar assustado mas não saía daqui, está bem? Precisa me explicar algumas coisas.
Atravessei as pedras no chão e cruzei o corredor com dificuldade, toda a parte de trás do meu corpo estava machucada, exceto pela cabeça que Moira protegeu.
Pensar nas suas mãos delicadas repleta de cortes e hematomas me enjoou e precisei me apoiar na parede para não desmaiar.
Ouvia os sons distantes da voz de Mordaque dizendo para ela respirar e aguentar firme porque ia acabar logo e a voz dela dizendo o quão idiota aquilo foi mas era com Brutus que ela falava.
Me obriguei a abrir os olhos e a surpresa fez meu queixo cair.
Moira estava sentada sobre um círculo imenso de concreto no chão, gravado com a figura da besta de duas cabeças, o Dragão Dourado. Bentley enfaixava seu tronco nú enquanto ela segurava a blusa para cobrir os seios e com a outra mão acariciava as orelhas de Brutus.
O cão, tão alheio a tudo como de costume, agora olhava fixamente para a auror, os olhos leitosos quase tomados pela cegueira. Meu velho amigo estava bem.
As paredes em volta também eram marcadas pelos símbolos que estavam nos atormentando. Todas elas, do chão ao teto e á frente uma grande mesa de pedra clara e polida.
- Uma mesa de sacrifício - olhei para Ioannou que parou ao meu lado - sabe o que significa?
- Que serve para sacrificar pessoas?
- Que vocês, caipiras das montanhas, são bizarros.
Normalmente as pessoas corriam depois de provocar um homem do meu tamanho mas ele empinou o nariz e não se moveu. Eu devia estar em péssimo estado.
Dei alguns passos em direção a Moira, Bentley juntou rapidamente os utensilhos de primeiros socorros e saiu enquanto eu me agachava.
- Está com raiva porque defendi Vivien?
- Não tenho tempo para me importar com o que você pensa sobre ela. Estou fazendo meu trabalho - Moira respondeu secamente sem olhar para mim, sua atenção indo do caderno para a parede e voltando para tomar nota.
- Então a resposta é sim.
- Como eu disse, não tenho tempo.
- Uma mulher que não quer discutir a relação? - eu ri mas ela me olhou com tanta seriedade que me senti envergonhado com a piada infeliz - desculpe. Está traduzindo?
- Sim, olhe - ela me passou um manuscrito - Dom traduziu as asas que tínhamos.
- São partes da lenda?
- Lenda? Charles, sente isso - Moira apoiou a mão espalmada no chão, bem ao meio do circulo de concreto e eu me abaixei mais tocando os dedos no mesmo lugar.
- Está...?
- Quente. Estamos sobre a lápide. Não é uma lenda.
Um arepio percorreu minha espinha fazendo os pelos da minha nuca se eriçarem, me sentei ao seu lado pegando um pergaminho de suas mãos me sentindo mais ansioso que nunca.
- O que descobriu até agora?
- Falta o início e o final da lenda. Acredito que estavam no primeiro dragão que foi derrubado durante a expedição de Harold e no bebê que caiu um dia antes da nossa.
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Garras
FanfictionCharles Weasley ajuda uma jovem auror a investigar estranhas mortes de dragões em uma região isolada e cheia de segredos.