Foi por volta das duas e quarenta da manhã que Albus havia sido encontrado em seu quarto pelo seu padrinho e professor de Herbologia de Hogwarts, convulsionando e gorfando entre garrafas quebradas e pacotes de drogas abertas no chão de seu quarto. Por volta das duas e cinquenta e sete Albus foi atendido pela enfermeira de Hogwarts ainda na comunal Slytherin, os olhos desfocados e possivelmente desacordado. Por volta das três e quinze, Albus estava em uma sala separada do resto da enfermaria sendo cuidado por quase todo o corpo docente de Hogwarts, enquanto o resto cuidava para que mais nenhum outro estudante soubesse do caso. E foi somente por volta das sete e quinze da manhã que Albus Potter foi estabilizado, deixando a equipe de quase dez professores além da enfermeira mais aliviados pela conquista.
– Precisamos nos atentar nas próximas vinte e quatro horas – A enfermeira, Madame Williams, informou com profissionalismo e seriedade. – Elas serão cruciais para determinar seu estado de saúde, e não posso dar falsas esperanças e dizer que ele pode sair vivo dessa sem alguma sequela.
Após a fala da enfermeira, os professores rapidamente começaram a discutir sobre a situação.
– Precisaremos também abrir investigação para descobrir como os alunos estão tendo acessos a tais substâncias. Potter sofrer uma overdose com pelo menos cinco delas além do álcool é sinal de relaxamento da nossa fiscalização
– Iremos começar com a Slytherin primeiramente, já que isso ocorreu entre eles, e nos espalhamos pelas demais casas.
– Não podemos fazer alarde da situação, mais ninguém precisa saber sobre o caso, principalmente eles. É preciso descrição.
De feições preocupadas e chorosas, o padrinho de Albus estava sentado na ponta da maca e fazia carinho em suas madeixas escuras, lamentando o estado do afilhado. Neville jamais imaginou que pudesse voltar a esse tipo de situação, em ficar enfurnado em um ambiente hospitalar, preocupação sendo pouco para definir o que se passava em sua cabeça. A culpa lhe dominava. Se ao menos tivesse prestado mais atenção em Albus, nada daquilo estaria acontecendo.
– Precisamos alertar os Potter, eles precisam saber do ocorrido! - Neville ouviu um colega de trabalho exclamar, e seu sangue gelou.
"Se algo acontecer comigo de novo, não chame eles. Eu já tenho o senhor aqui e é o necessário para mim. Não quero que hoje se repita ou seja pior"
Não, Harry e Gina não iriam saber daquilo. Não por agora.
– É melhor não – Neville negou a exclamação de seu colega de trabalho, chamando a atenção de todos por isso. – Albus já tem um responsável legal aqui, e sou eu. Definitivamente não é necessário a presença do Harry e da Gina por agora.
– Sugere que então eles não sejam notificados do estado do próprio filho? – A enfermeira parou o que fazia naquele momento para encarar o professor estupefata, aproximando-se do mesmo. – Eles precisam saber!
– Não, agora não! – O vice-diretor e professor de Herbologia estava firme em sua decisão, rangendo os dentes enquanto respondia a enfermeira da instituição educativa que trabalhava. – E não se preocupe, eu sei o que estou fazendo. Eu sou o padrinho dele.
– E eu sou a enfermeira e como tal di-!
– Já chega! – Uma mulher idosa e de óculos quadrados falou por cima, atraindo olhares de todos os presentes ali. A mulher, sendo esta a diretora de Hogwarts Minerva McGonagall, olhou para a enfermeira fixamente, e ambas pareciam conversar com os olhares por um instante. – Eu te deixo encarregado de avisar os Potter, Longbottom. Porém não me enrole, quanto mais tempo sem eles saberem é pior.
O mesmo confirmou com a cabeça, e antes que qualquer um pudesse questionar sobre a decisão da velha mulher, um barulho pudera ser ouvido e todos voltaram-se a Albus novamente.
Aquelas vinte e quatro horas seriam as mais longas para todos os presentes ali.
•─ ✾ ─•
Durante muito tempo Neville Longbottom julgou-se incapaz de ser padrinho de Albus Potter.
Desde sempre fora inseguro consigo e da sua capacidade, por mais que confiança fosse umas das principais características de sua antiga casa de tempos de estudante, Gryffindor. Desde fazer feitiços simples até mesmo lecionar todos os dias sua matéria favorita, a insegurança o dominava, o congelando.
Quando foi escolhido para ser padrinho de Albus, questionou os pais do garoto até cansar. Podia ser qualquer um, por qual razão logo ele? Iria matar a criança se ficasse muito tempo com ela!
O tempo passou, Albus crescia, e Neville cada vez mais via a si mesmo no garoto. Logo após o final do jantar de boas vindas em 2017, Albus saiu atrás de si e chorou em seu colo por quase uma hora, afirmando ter desapontado toda sua família por conta de ter sido selecionado para a última casa na qual se imagina um Potter ou um Weasley ser escolhido. E depois início do quarto ano letivo, Neville passou a ser mais presente para ele de alguma forma, seja apenas almoçando nas estufas do castelo ou conversando sobre os problemas do único Potter Slytherin na torre de astronomia enquanto comiam bolo de caldeirão com iogurte de morango por cima.
Albus uma vez havia lhe dito que era muito agradecido por Neville ser o pai que ele sempre desejou. E depois daquela declaração, Neville sentia que era sim um bom padrinho, ou até mesmo um bom pai para Albus já que passou a ser chamado assim quando estavam sozinhos.
Porém, naquela madrugada, toda a confiança que construiu com o passar dos anos foi quebrada após encontrar Albus convulsionando em seu quarto, vítima de uma overdose. Se ele tivesse prestado mais atenção nos sinais, se tivesse feito algo a mais, talvez seu afilhado não estivesse naquele estado tão deplorável, a todo instante com suas chances de sobrevivência escorrendo como areia pelas suas mãos.
Neville estava sozinho com o Albus naquele quarto separado, devastado ao ver o estado em que seu afilhado estava. Parecia estar em um sono tranquilo, seu peito subia e descia calmamente, alheio de tudo ao seu redor. Longbottom acariciou levemente sua bochecha pálida, deixando suas sardas esmaecidas. O professor tinha seu coração esmagado em tantos sentimentos ruins, segurando as lágrimas que insistiam em querer cair. Deitou a cabeça no ombro de Albus, soluçando alto.
– Por favor, me perdoa por não ter te ajudado... – Suplicava em um sussurro, apertando com certa força o tecido da roupa hospitalar que Albus utilizava. – Perdoa por ter sido menos presente para você... Perdoa o papai, Ursinho...
Não obteve resposta, como era de se esperar. Os barulhos das máquinas que haviam ali eram a única garantia de que ao menos respirava, que ao menos tinha um batimento cardíaco. Neville não aguentou e deixou-se chorar, desmoronando toda a fachada de que ao menos estava lidando com a situação de maneira mais calma. Albus era seu afilhado, ele o considerava como um pai, doía tanto o ver naquele estado...
Mas a única coisa que estava em suas mãos era desejar a melhora de Albus Potter.
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Flowers and Buttlerflies
FanficO quão forte pode ser o jovem amor para superar o dinheiro velho? O quão profundo pode ser os segredos? O quão longe pode as aparências enganar? O quão distante pode-se ir por alguém? Mas acima de tudo: O quão intenso pode ser o renascer e o floresc...