Questões

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Atualização dupla! Aproveitem 🥰

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As entranhas de Albus se reviraram ao encarar Scorpius no dia seguinte.

O conteúdo da carta que surrupiou para ler ainda estava vivo na sua mente. A caligrafia bonita de Draco Malfoy se balanceava com as cruciantes palavras desenhadas por ela. Sabia que famílias como a de Scorpius tinham seus ideais e crenças ultrapassados vivos, mas aquilo era demais. Um casamento arranjado? Em que tempo estavam para isso estar acontecendo, era medieval?

Aquela carta perturbou Albus, muito mais do que ele gostaria. Matrimônio era um laço importante na vida e não deveria ser realizado por questões políticas, definitivamente não queria aquela infelicidade para Scorpius.

Mas todos os seus pensamentos foram cortados pelo estalar de dedos de Madame Williams. Ela estava na sua frente pelo que podia perceber, segurando um grande bloco de anotações. Era mais uma das "conversas" que ela tinha com ele, e Albus já estava de saco cheio daquilo.

Porém, antes que pudesse dizer algo, um sino tocou, fazendo a mulher se apressar e sair do lugar às pressas.

– O que você acha que deve ter acontecido? – O questionamento de Scorpius fez com que Albus tomasse um susto.

"Não me enrole, Scorpius. Seja um Malfoy e encare suas responsabilidades como tal."

– A-ah, eu não sei... – Albus gaguejou brevemente em sua resposta. – Talvez algum aluno que tenha sido transfigurado por acidente

– Ou o Xavier detonou outro caldeirão na aula de poções, ele sempre faz isso

Albus riu alto. Timothy Xavier era uma completa vergonha na matéria, sendo um verdadeiro mistério sobre seu sucesso nos N.O.M's naquela matéria visto o quão péssimo era.

– Cara, quanto tempo você acha que ainda iremos ficar aqui? – Scorpius perguntou de novo, e Albus levantou os ombros e negou com a cabeça para dizer que não sabia.

– Mas não acho que vão continuar com isso por muito tempo. Dá para ver que vamos entrar em dezembro, já está bem mais frio.

Pelo que podia ser visto pela janela do local, as árvores já estavam despidas de suas folhas e frutos, tendo apenas seus galhos vazios para contribuir com a paisagem de clima quase invernal. O Lago Negro estava dando sinais de que iria congelar em breve, e alguns grupos de aves estavam a migrar para o sul mais ao longe.

– E você acha que seremos liberados para o recesso de fim de ano?

"Marcarmos uma reunião para se conhecerem no fim de ano."

– Não sei – Albus respondeu vagamente, ignorando a letra de Draco que ia e vinha da sua cabeça. – Talvez, eu acho

Um barulho de entendimento ressoou dos lábios de Scorpius, e logo o silêncio reinou. Albus levantou da sua maca e foi até a de Scorpius sem mais com tanta dificuldade graças às sessões de fisioterapia, deitando de modo torto e desleixado. Scorpius sorriu sem mostrar os dentes, a intimidade entre ambos estava maior.

– E você quer sair durante o recesso? – Albus resolveu fazer a pergunta que tanto estava entalada na sua garganta, agradecendo não ter cem por cento da visão para ver como o outro reagiria. – Ver a sua família, você quer?

– Sendo honesto, não. Nem um pouco afim – Scorpius não pensou duas vezes para responder a pergunta. – Aquele lugar é o que eu mais quero evitar por agora

Albus sentia alívio pela resposta, soltando o ar que nem sabia que estava prendendo, e deixou-se brincar com os dedos de Scorpius. Não sabia por qual razão, mas gostava de brincar com eles. Eram longos e esguios, achava divertido.

– E você, quer passar o fim de ano com a sua família?

– Definitivamente não. Todo ano tem um amigo oculto e sempre me dão algo que ou é para tirar onda da minha cara ou que eu realmente odeio. – O tom de voz de Albus mudou drasticamente, assim como suas feições. – Ano passado o meu tio George achou muito engraçado me dar uma Amortentia pois segundo ele eu era o único que ainda não havia "tirado a teia de aranha da boca".

– Não creio! – Scorpius se atentou mais a Albus depois daquela declaração. – Mas não era na época que você estava com... Você sabe...

– Sim, mas ninguém sabia. E é bom eles não saberem, nem sei como reagiriam. Os Weasley adoram fazer tudo virar uma bagunça quando bem entendem – Albus virou-se de lado e apoiou a cabeça na sua mão, deixando o cotovelo no colchão da maca. – Mas e você?

Scorpius travou por alguns segundos, tentando formular uma resposta. Albus estava com o típico rabinho como penteado, mas estava frouxo e com alguns fios soltos. A cicatriz em seu pescoço era o que mais estava lhe chamando atenção, mesmo estando escondida pela posição de Albus, era evidente. Era pequena, mas chamativa. Era nítido que havia algo ali.

– Eu não sei – Respondeu, jogando os cabelos para trás em um tique nervoso. – Quer dizer, eu já fiquei olhando e beijei algumas pessoas por aqui, mas não fui muito longe disso.

Será que Albus o julgaria por ainda não ter feito sexo na sua pequena vida de dezessete anos? Pois era óbvio que ele já tinha feito com Ethan ou com Matthew, ou até com outra pessoa. Apertou com certa força os dedos do pé por conta do nervosismo, deixando um pouco do lençol da maca ser puxado pelo ato.

– Fazer sexo não é nada de mais, Scorpius. Vai por mim. – Albus sentou-se na maca e refez o rabinho em seu cabelo, como se entendesse o que se passava na cabeça de Scorpius. – Se eu tivesse sido inteligente ainda não teria feito nenhuma vez

Mais uma declaração misteriosa para a lista mental que Scorpius produziu sobre. Quando achava que sabia mais, descobria um pouco mais de Albus para ser revelado.

Scorpius iria fazer mais uma pergunta quando, no quarto que estavam, apareceu Neville Longbottom. O homem estava com feições indescritíveis, fazendo Albus engolir em seco quando o observou pela sua visão periférica. Quando seu padrinho tinha aquela fisionomia, era sério o assunto.

– Foi o Daverson, não foi?

Albus odiava quando estava certo sobre algum pressentimento.

Flowers and ButtlerfliesOnde histórias criam vida. Descubra agora