Capítulo 02

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Ana Lis Duarte.
 
Alguns dias depois....
 
As aulas haviam acabado e eu tinha tudo planejado para fazer minha faculdade antes de me casar com alguém, pois não queria ser como minha mãe que dependeu sempre do meu pai para tudo. Eu nunca me imaginei ter a mesma vida que minha mãe leva, ela não tem uma profissão, nem um diploma ela tem. Na verdade, minha mãe não tem nada que não seja fruto da nossa fábrica.
 
Todos os meus planos desmoronaram quando meus pais me informaram que nossa fábrica iria fechar por ir à falência.
 
Avisaram-me de uma hora para outra que nossa família estava falida, assim, do nada! Eles me disseram que papai não tinha mais de onde tirar dinheiro para reerguer a família.
 
Também fui informada que nós estávamos devendo muito para a única fonte que nos emprestava dinheiro e os juros eram altos, na verdade, eram muitíssimo altos e mal conseguimos pagar os empréstimos. Situação esta, que acarretou até na hipoteca da nossa mansão.
 
Resumindo, estávamos todos arruinados!
 
Três vezes por semana eu ia à igreja e pedia a Deus uma solução para a nossa família. Uma saída que nos salvasse da falência, de ficar sem um teto e ir parar na rua da amargura.
 
De joelhos eu orava e fazia meus pedidos a Deus, mas foi o diabo quem ouviu minhas súplicas. Sim, porque eu pedi uma saída e, ao mesmo tempo me coloquei numa prisão, eu fui sacrificada para salvar a todos da ruína.
 
Porque aquela alma pecadora e suja, não escolheu uma das minhas irmãs? Elas estão acostumadas a lidar com homens como ele, que não prestam. Por que tinha que ser eu? Carmélia sempre quis um homem como Adriel, tenho certeza que ela daria tudo, para ser pelo menos mais uma, na cama daquele cafajeste, ordinário. E a Cassandra adora homens ricos, ela tem classe suficiente para ser a verdadeira esposa de um CEO.
 
Atualmente elas não estão levando nenhum relacionamento a sério, o que me faz sentir ódio por eu ser a única opção daquele pecador descarado.
 
***
 
— Você não vai se arrumar para o baile de formatura do seu colégio? Está na hora.
 
Carmélia pergunta ao me ver largada toda desarrumada na cama, com um livro de romance na mão, sem a menor vontade de me levantar para me produzir.
 
— Prefiro ficar aqui definhando, minha irmã. Amanhã eu estarei casada, então eu não tenho motivos para estar feliz — digo sem olhar para ela — eu não tenho ânimo para absolutamente nada.
 
— Nossa, como você gosta de reclamar!
 
Ela diz em frente ao espelho, enquanto passava o seu batom vermelho paixão nos lábios.
 
— Vai casar com o homem mais bonito e mais rico da cidade, mas só sabe reclamar.
 
— Para você e Cassandra o que importa é o dinheiro, a aparência, os luxos, carros bonitos e festas elegantes, não é? Eu não.
 
Fechei meu livro com ódio e o guardei embaixo do travesseiro.
 
— Diz isso porque não é você quem está sendo obrigada a casar com um homem que nem conhece.
 
— Não seja ingênua sua fedelha, qualquer mulher daria tudo para estar no seu lugar, se casando com aquele Deus grego, maravilhoso. Você reclama de tudo, parece uma senhora de setenta anos no corpo de uma garotinha de dezoito.
 
— Não seja absurda! Que Deus lhe perdoe por ser assim, tão dissimulada...
 
 levantei da cama contrariada ao ouvir aqueles insultos.
 
— Carmélia, deixe sua irmã em paz. — minha mãe entra de uma vez em nosso quarto. — Foi possível ouvir a vossa discussão lá de fora.
 
— A Lis disse que sou dissimulada, mãe.
 
Ela colocou as mãos em sua cintura, me fuzilou com os olhos e se fez de vítima. 
 
— Você deve ter merecido, não é? Eu te conheço, minha filha!
 
Ela abre a boca impressionada por ver nossa mãe me defender ao invés de me advertir.
 
— Por Deus, Carmélia. Você deveria agradecer a sua irmã por se sacrificar em nome de todos nós. O noivo dela pagou as mensalidades da faculdade de vocês, todas as parcelas em atraso, as suas e da Cassandra.
 
— Agora a mocinha virou uma “santa” e será exaltada para todo o sempre, amém! — diz debochada.
 
— Me dê agora o seu cartão de crédito — dona Lauren estendeu a mão aberta em direção a Carmélia — na minha mão, agora!
 
Nunca, em toda a minha vida a vi falar tão sério.
 
Minha irmã que me invejava, agora estava me odiando com todas as suas forças. Ela saiu do quarto bufando raivosa. Tudo porque agora ela passará uns dias sem gastar com roupas, sapatos e bolsas sem necessidade.
 
Elas são assim, compram tudo que veem pela frente, esta foi uma das causas da nossa falência, aposto que sim.
 
— Lis, meu amor, você ainda não está pronta para a formatura. Eu e seu pai estávamos esperando você descer, queremos tirar uma foto.
 
— Eu não vou, mãe. — volto a me deitar na cama.
 
— Ah, você vai sim! Seu noivo vem lhe buscar daqui a pouco, anda logo se arruma.
 
— O quê? — sobressaltei — pois, diga aquele homem ignorante que eu já fui dormir.
 
Cubro minha cabeça com o lençol, mas sinto que minha mãe ainda está em pé ao lado da minha cama, me olhando.
 
— Sei lá mãe, inventa uma desculpa qualquer, diz que eu não estava me sentindo bem, ou fale qualquer outra coisa — Tiro o lençol implorando.
 
— Infelizmente eu não tenho como retroceder, Lis. — ela abaixou a cabeça e suspirou — minha filha — sua voz era uma súplica. — Por favor!
 
— Ana? — minha irmã Cassandra apareceu. — Eu ajudo você. Vem, vou deixá-la linda para aproveitar sua última noite de solteira — estende a mão para mim.
 
Todo seu entusiasmo não é suficiente para me animar, mas não vai adiantar de nada eu continuar recusando e como minha mãe disse, “não tem mais volta.” Repito essa frase para mim mesma.
 
— Não quero maquiagem forte, Casse — aviso.
 
— Ah! Ana Lis. — ela bufa — só hoje. Precisa estar bem apresentada no baile da escola, afinal de contas vai estar com seu noivo ao lado e é sua formatura.
 
— Cassandra, minha filha, muito obrigada!
 
Mamãe demonstra toda sua gratidão, a minha irmã e sai do quarto nos deixando a sós.
 
— Onde está o seu vestido, Ana? — ela me pergunta.
 
— Está ali — indiquei a sacola preta sobre a cômoda.
 
Não era uma simples sacola e sim um belo embrulho com as iniciais em dourado, indicando pertencer a uma grife muito cara.
 
— Eu não quero usar isso.
 
— E porque não?
 
Ela andou até a cômoda e pegou o maldito presente que descansava lá.
 
— Porque é um presente que o Adriel Lobo mandou para eu usar hoje. Deve ser algo pervertido, igual a ele. Eu não tenho que usar isso.
 
— Para de ser tão... — seus olhos crescem ao retirar um vestido rose do embrulho. — Que lindo, Ana! Se ele é um pervertido, então é um pervertido com bom gosto para vestidos. Olha isso.
 
Sobrepôs a roupa em seu corpo e correu para frente do espelho. Minha irmã estava admirada com o presente.
 
— É, pelo menos não é uma roupa depravada. É bonito sim. Ainda nem casamos e ele está querendo escolher o que devo usar.
 
Passamos quase uma hora trancadas no quarto, me arrumando para uma noite nada agradável e finalmente Casse resolveu terminar de pôr tanta maquiagem em meu rosto.
 
Enrijeci nas costas em frente ao espelho enquanto eu olhava os detalhes simples e delicados do vestido que meu noivo comprou. Ainda bem que não era nada muito extravagante e nem decotado, no entanto, marcava minhas curvas e isso era a última coisa que eu queria.
 
Na semana passada eu fiz todo o possível para não chamar a atenção de Adriel. E quando eu digo todo o possível, é porque fiz tudo que estava ao meu alcance, para ficar desagradável aos olhos de um homem. Eu não arrumei meus cabelos, usei o pior e mais feio vestido que eu tinha, um que estava perdido no meu armário.
 
Eu queria parecer uma mulher muito feia, com o único, intuito. Fazê-lo mudar de ideia e escolher uma das minhas irmãs. Contudo, o infeliz prosseguiu com o bendito casamento. Mas hoje eu não dou a mínima para essa situação. Além disso, eu vou estar com meus amigos de classe, todo o colégio vai estar lá e eu não ia chegar no baile parecendo uma maluca.
 
Ao descer as escadas com minha irmã, sinto minhas pernas fraquejarem quando ouço vozes vindo da sala de visitas.
 
Adriel havia chegado e estava numa conversa com meus pais.
 
— Obrigada Casse.
 
Agradeço minha irmã pelo seu empenho em me arrumar. Sei que ela queria apenas me deixar mais bonita para minha festa.
 
— Não precisa me agradecer Ana. Eu vou ser grata pelo resto da minha vida por isso que você está fazendo por todos nós.
 
Minha irmã me olha sem esconder sua gratidão. Pelo menos ela demonstrou gratidão, ao contrário de Carmélia.
 
— Você pode pensar que não, mas está linda com este novo visual.
 
— Ai meu Deus ela não é linda, Filippo?
 
Minha mãe começa sua cerimônia, seus olhos denotavam uma explosão de sentimentos. Meu pai não respondeu e muito menos demonstrou estar feliz, continuou com sua mesma expressão de um homem carrancudo.
 
— Não erro nas minhas escolhas.
 
Adriel levanta do sofá e larga o copo de bebida sobre a mesinha.
 
Seus olhos me analisavam estranhamente. Senti um frio repentino se instalar em meu estômago, tive vontade de sair correndo dali e voltar para o meu quarto.
 
Ele pegou meu braço esquerdo e deslizou seus dedos por tempo demorado em minha pele e parou em meu pulso, onde colocou um belo corsage trabalhado em pedras, a flor tinha mesmo tom do vestido que eu usava.
 
— Agora está parecendo uma verdadeira, senhora Lobo. — ele diz as palavras e me faz querer fugir para bem longe de todos.
 
— Vamos tirar uma foto.
 
Dona Lauren nos chama a atenção com sua câmera fotográfica.
 
Meu noivo passou seu braço em volta da minha cintura e eu quase o empurrei quando senti seu corpo rígido, colar em minhas costas.
 
Saímos da minha casa de limusine, como nos filmes, as garotas vão para os bailes de formatura com seus parceiros, para prestigiar o momento.
 
— Quer beber algo, Ana?
 
Adriel pega uma taça, em seguida levanta uma garrafa de champanhe que estava num balde de gelo.
 
— Eu não bebo. Sr. Adriel — respondo cautelosa com cada movimento seu.
 
Eu estava sozinha com um homem dentro de um carro. Odiei a velocidade daquele veículo, que parecia não sair do lugar.
 
— Você não tem que falar "senhor" ao se dirigir a mim, garota. Amanhã estaremos casados.
 
Ele faz questão de me lembrar disso, enquanto beberica seu champanhe.
 
— Infelizmente! — desdenhei.
 
— Eu não sou uma má pessoa, Lis. Mas se continuar me tratando assim posso não ser tão bonzinho com você.
 
Fechei meus olhos quando senti seu toque em meu rosto. Ele exalava um cheiro forte de perfume misturado ao álcool, era um cheiro bom, entretanto, eu não queria ser tocada por ele, por homem nenhum, a menos que eu o amasse. Portanto, farei de tudo para que ele não sinta desejos carnais por mim e espero no fundo do meu coração, que ele não cumpra sua promessa de ser um marido ruim.

***
Olá, pupilas? Me digam o que estão achando da história, vote e comente. Bjs até amanhã

A última virgem e o CEO cafajeste Onde histórias criam vida. Descubra agora