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Lee Dong Wook

Ela passa por trás de mim como se não tivesse me visto largado no sofá da sala estreita. As pernas, curtas e pálidas, estão expostas debaixo da enorme camiseta do Star Wars irmão, os pés miúdos descalços. As unhas estão pintadas de verde dessa vez. Deve haver algum short minúsculo embaixo, mas tento controlar os pensamentos antes que se tornem inapropriados. E o porquê se tornariam é um mistério, a garota estava fora de cogitação em todos os níveis possíveis.

- Ji Hyun vai demorar a chegar. - é a única indicação de que não me ignorou por completo, mas logo pega o copo de chá gelado na geladeira, um snack qualquer no armário e faz o caminho reverso para o quarto, sem me dar atenção.

"Coisinha petulante." Me recosto ainda mais largado no sofá e tiro o cabelo que insiste em cair pela testa. Aquele garoto maldito já devia estar a caminho da faculdade, sem lembrar que havia me pedido para ir buscá-lo. "Francamente, porque eu ainda me importo com esse otário?" Respiro fundo para conter a irritação e levanto pra ir embora. Alguém tinha que trabalhar. Infelizmente era eu.

- Wookah... - So Hyun me chama da porta do quarto antes que eu saia, apenas a franja descolorida e metade do rosto em forma de coração aparecendo.

- Oi? - ela parece se atrapalhar com as ideias e eu realmente não estou com paciência para esperar a garota encher meu saco. - Quando você lembrar o que quer, manda uma carta, talvez chegue mais rápido do que a sua dicção.

- Ah, vai cagar, Wook, eu só queria pedir um favor, mas pode enfiar no cu, deixa pra lá! - eu sorrio, meio indignado. So Hyun fala comigo informalmente e não me respeita gratuitamente, mas nunca havia sido tão agressiva.

Ok, nós dois estávamos com o pé esquerdo.

- Hya! Vou lavar sua boca com sabão, sua encrenqueira! - ela ainda ergue o dedo do meio e bate a porta na minha cara - Diga logo o que você quer, eu tenho que ir pro Sea! - ela não vai falar. Ah, foda-se. Estou com a mão na maçaneta quando ela reaparece, colocou uma bermuda jeans larga e desfiada e meias, a cara fechada.

- Vamos juntos, é sobre o bar que eu queria falar com você. - passa por mim me empurrando no vestíbulo, cata os tênis e os calça, depois passa a bolsa carteiro pelo pescoço. - Quero a vaga de garçonete no Sea.

- Quê?

- Desaprendeu nossa língua, Wook?

- E é assim que quer isso? - ergo a sobrancelha, realmente chocado com o abuso.

- Omo, esqueci que você seria tipo "meu chefe"... - ela ri e então fala comigo formalmente - e forçadamente - Gostaria de trabalhar no Sea of Hope, na vaga de garçonete, oppa. - termina fazendo uma reverência formal.

- Não. - So Hyun apenas expira um risinho e mantém a pose humilde, como se eu estivesse sendo idiota e logo fosse mudar de ideia. - Não, você entendeu? Pode entrar de volta...

- Já sei, já sei... Sem vaga de trabalho, blá blá blá... Pode ao menos me dar uma carona até o centro? Obrigada, de nada, você é um amor. - pinça minha bochecha com aquelas unhas afiadas, tão verdes quanto as dos pés, e quando dou por mim, estou levando esse pedaço de encrenca até meu bar.

Que Deus me ajude.

The Sea of HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora