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Kim So Hyun

Wook me explica em poucos minutos como funciona a dinâmica do bar enquanto os outros funcionários vão chegando. Sou apresentada rapidamente a eles e tenho uma breve explicação de quem são, como se organizam, o que esperar da noite e quais os dias mais cheios. Em algum momento o chefe se separa de nós e vai fazer suas próprias coisas, me deixando com o pequeno grupo de 4 pessoas. Ha Jun é o segundo mais novo, animado, sorridente e terrivelmente inconveniente. Yoon Jong Shin é o chef e o mais velho de todos, taciturno e resmungão. Lee Ji Ah é a sous-chef, descolada e desbocada, tanto que sua primeira pergunta é se estou ali pra trabalhar realmente ou se vou ficar distraída olhando pro Wook, gerando risos da head bartender, Jeong Tae Yul, e do assistente, Lee Jin Ki. Por sorte é o momento que Dong Wook escolhe chegar por trás de nós e apoiar os braços no meu ombro.

— Se a Hyun-ah olhar pra algo que não seja a tela do celular já será uma vitória. Deixem de ser chatos e deixem a garota em paz. – eu reviro os olhos, fingindo tédio, mas o coração acelerado quase saindo pela boca. – Ha Jun, me ajude a carregar as mesas para a areia, Tae Yul, pegue um avental do bar pra ela. – ele comanda, dispersando nossa rodinha.

— Sim, chefe. – eles respondem, como se obedecessem a um general do exército e então ele bagunça meu cabelo, me indicando para seguir a bartender. Penso na grana, nas matérias atrasadas, na minha mãe trabalhando no restaurante em Daegu e no respiro financeiro que darei aos meus pais e procuro voltar aos meus sentidos. Nós somos o clichê adolescente do amigo sexy do irmão mais velho e a irmãzinha, mas apenas e somente na minha cabeça. Nunca demonstrei o quanto Wook me afeta nem fui desrespeitosa com ele nesse sentido.

Mas também nunca precisei conviver com ele mais tempo do que as visitas esporádicas dele no apartamento.

Que Deus nos ajudasse.

Coloco as toalhas nas mesas e abro as cadeiras ao redor de acordo com as instruções pacientes de Ha Jun. Passada a esquisitice de chegar de braços dados com o Wook, ele parece entender que somos como irmãos. Dong Wook foi colega de faculdade de Do Hyun e era o senhorio do apartamento em que moramos, o mesmo que compartilhou com meu irmão quando mais novo. Então eles se mudaram e o apartamento foi alugado ao Ji Hyun três anos atrás e agora pra mim desde que entrei na Universidade. Minha mãe certamente considera Wook como o filho rico de Seul. Ha Jun pergunta quantos anos eu tinha quando o conheci e... uau. 8 anos. Realizo que é mais da metade da minha vida e que eu deveria esquecer essa paixonite de vez.

— Eu quase não reconheci você, o chefe falava como se fosse uma criança e você já é... – ele sorri e enquanto me debruço para esticar a toalha, o engraçadinho coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, me deixando desconcertada.

— PARK HA JUN! – o grito de Wook nos pega de surpresa.

Ha Jun me solta imediatamente, empinando a coluna.

Eu tropeço na mesa e caio de cara na areia.

"Eu poderia morrer agora mesmo."

The Sea of HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora