•11•

21 4 0
                                    

Dong Wook.

Ela está dormindo quando abro a porta do quarto de hóspedes, encolhida como uma pequena bola. Ocupa pouco espaço na cama imensa, mas parece ter alugado um terreno 20x40m² na minha mente desde a noite passada e eu não sei ainda o que pensar, então fecho a porta sem fazer barulho e tento ordenar meus pensamentos.

Era como se eu fechasse meus modos figurativamente, mais do que já eram fechados, mais do que eu já era reservado.

Não espero que ela acorde para virar minha vida de cabeça para baixo de novo e saio de casa, sabendo que só há um lugar que vai me acalmar e fazer pensar com clareza nesse momento.

Preciso estar à beira mar.

Preciso estar no Sea.

A noite passada deixou tantos vestígios no bar que acabo ficando com mais raiva do que no dia que aconteceu. A garrafa quebrada parece zombar de mim, bem como o guardanapo que So Hyun usou e as mesas reviradas dentro do estabelecimento, jogadas de qualquer jeito pela pressa de ir à delegacia.

Aish, porque a sensação dela ter estado em perigo me incomoda tanto?

Penso na senhora Oh e no senhor Kim, que esperam que os filhos sejam bem sucedidos em Seul. Penso em Do Hyun e Ji Hyun, que dormiram tranquilos acreditando que eu estava cuidando dela como se fosse minha própria irmã. Recolho o vidro e varro o chão, imerso nos meus pensamentos escuros, onde uma So Hyun machucada e sangrando me olha com reprovação. Não há ninguém para gritar comigo sobre como fui irresponsável em deixar o bar na primeira noite dela lá. Ninguém para me repreender por ter brigado com ela antes de sair por uma tolice, sendo que o risco que So Hyun correu na minha ausência foi terrível. Enquanto limpo a bagunça e me sinto miserável, Tae Yul chega, como se soubesse que eu estaria lá. Seus Ray Ban escondem os olhos que me julgam em silêncio, esperando que eu fale algo e apesar de ter muito do que reclamar, não tenho nada a dizer.

Estou envergonhado demais.

— Pare de se culpar, Wook, teria havido a confusão estando você aqui ou não.

— Não quero conversar. – uso meu melhor tom de advertência, mas Tae Yul me ignora.

— Aqueles baderneiros não ouviram os rapazes e posso te garantir que todo mundo agiu do jeito certo, inclusive a So Hyun. E você não pode ficar bravo dessa forma com ela por ter te impedido de matar aquele cara, você ficou louco? Queria ter sido preso por lesão corporal?

— Eu não quero conversar, Tae Yul. – ela permanece com aquela calma irritante.

— Você passou o dia todo ontem como uma bunda assada e não parece melhor hoje. Do Hyun te deu esporro pela hora que a irmãzinha dele chegou? – "Puta que pariu. A irmã dele não chegou."

— Não falei com ele ainda. – omito todo o resto.

— Você não brigou com a menina no caminho da casa dela, não é?

— Yula, eu juro que vou me matar aqui na sua frente se continuar falando.

— Eu só quero saber o que há!

— Não é óbvio? A quebradeira, a delegacia, aquele imbecil quase batendo na So Hyun, ela se defendendo com a porra de um guardanapo...! Tudo isso no primeiro dia dela aqui e eu nem estava porque... – perco o fôlego no meio do monólogo e dou graças a Deus. O que diabos estava prestes a dizer? Mas Tae Yul não larga o osso e eu continuo quieto.

— Porque...? – eu vou demitir Tae Yul, se ela continuar insistindo. Meu telefone toca e eu sinto o alívio de não ter que responder a ela e logo me desespero por dois segundos antes de atender.

É Do Hyun.

— Eu posso explicar. – é a primeira coisa que vem a minha mente. – Estava tarde demais para levá-la em casa porque tivemos um problema no bar ontem e fomos parar até na delegacia, mas ela está bem, passou a noite no meu quarto de hóspedes e eu estou até no Sea agora. – Yul tira os óculos e arregala os olhos para mim e murmura: "Kim So Hyun dormiu na sua casa? Omo!!"

Do que você está falando, hyung? Liguei apenas pra dizer que consegui o trabalho, vou ser PDnim na SBC...

Droga.

Que merda eu e minha boca grande. 

The Sea of HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora