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Dong Wook.

Eu já tinha ouvido falar de pessoas descaradas, mas em dois dias Kim So Hyun estava elevando o nível – eu precisava bater palmas ou podia esganar aquela coisinha? Eram as minhas roupas? Meu paletó Givenchy e minha camisa Hermès?

— Hya! – ela tenta passar por mim, pálida como se tivesse visto um fantasma.

— Estou atrasada, oppa! – e se abaixa, escapando pelo vão do meu braço estendido. – Eu tenho uma prova daqui a vinte minutos, não posso...

— KIM SO HYUN! – ela corre. E, Deus me ajude, mas eu corro também.

— E a culpa é sua! – grita por cima do ombro, quase chegando na portaria. O zelador e o porteiro nos encaram, alarmados, mas detenho So Hyun, perdendo o resto da dignidade ao ser atingido no saco pelo joelho raivoso dela. – EU NÃO TENHO TEMPO PRA EXPLICAR E NÃO POSSO DEVOLVER AGORA!

É a força do ódio agora que me faz carregar So Hyun e jogá-la por cima do ombro como um saco de batatas, porque as forças normais me abandonam enquanto vejo estrelas.

Ser atingido no meu precioso é algo que eu esperava do irmão dela pela noite passada, não da demônia vestida com minhas roupas.

— Eu quero que você fique quieta, ou não respondo por mim, Hyun-ah. – ela não pesa nada, mas ando torto pela joelhada e porque ela se debate o caminho todo até meu carro.

— Eu não posso ir pra casa, Wook, eu vou ser reprovada no semestre se não chegar a tempo para essa prova... – faço Kim So Hyun entrar no carro e dou a partida, vendo o desespero dela. Não sou um idiota completo, vou levá-la para a faculdade, mas estou tão sobrecarregado de informações do que houve desde a madrugada que não consigo dizer uma palavra por dois minutos inteiros.

— Deixei minhas roupas lavando, por isso usei as suas. – ela diz, de má vontade. – Não ia usar nada sujo de sangue seco e areia. – silêncio. – Porque você não me acordou, Wook? Eu estar assim é culpa sua, que me deixou sozinha naquele apartamento sabendo que eu vou para a faculdade de manhã...

— Você entrou no meu quarto. – rompo o silêncio quando não aguento toda a reclamação. – Entrou no meu quarto, tomou banho com as minhas coisas, está vestindo as minhas roupas... – "e me agradece atingindo minhas bolas..."

— Eu não podia ir embora nua da sua casa, podia? – meus olhos quase caem das órbitas. Uma palavra e toda a conversa adquire um caráter mais íntimo. So Hyun se dá conta muito tarde do que disse, corando o rosto inteiro. Ótimo, também estou corado como um adolescente porque sinto minhas orelhas pegarem fogo. – Eu...

— Quieta, pelo amor de Deus... – ela encara as próprias mãos, o câmbio de marcha, o teto, mas não me olha nem me diz palavra alguma. – Vou levar você pra Universidade, foi por isso que voltei. Se Do Hyun perguntar algo, diga a verdade, ele me ligou mais cedo e acabei contando.

— Você enlouqueceu?! Ele vai perturbar a minha vida por toda a eternidade!

— Aconteceu, arasseo? Foi a primeira coisa que eu fiz quando atendi e não quero que fique um segredo desnecessário entre nós. – ela sacode a cabeça em negativa, como se tivesse muito a dizer e não conseguisse nem formular uma resposta adequada. Eu sei como ela se sente, porque é o sentimento que me domina a um dia inteiro, mas resolvo colocar panos quentes na situação. – Seu irmão se preocupa com você com razão. Sua impulsividade ainda vai te colocar em problemas maiores e não vou estar lá pra te defender.

— Porque me defenderia? Eu estava me virando muito bem sem você ontem, oppa. – estaciono na frente da Universidade dela, pronto para refutar seu argumento quando So Hyun enfia uma unha verde no meu peito: – Você não é meu irmão, ou meu namorado, nem mesmo um amigo muito próximo, oppa. Não vai viver comigo, ou morrer comigo, então não me tome como sua responsabilidade enquanto eu não peço! – seguro a mão dela em meu peito para que pare de me cutucar, furioso igual.

— Ainda assim pediu pra trabalhar no meu bar, dormiu na minha casa e está vestindo até minha cueca, Hyunie. – sem querer, aproximo meu rosto do dela enquanto pontuo todos esses fatos. – Acho que é um pouco hipócrita da sua parte não querer que eu me meta na sua vida. – ela engole em seco e não tem para onde recuar mais, já que sua cabeça bate no encosto do carro. O ar pulsa entre nós como eletricidade e faíscas e me pego olhando para os lábios de So Hyun com... "Aigoo, o que você está fazendo, Dong Wook?" Solto a mão dela como se me queimasse e minha voz está rouca quando a libero: – Você estava atrasada, melhor correr.

E quando ela sai correndo do meu carro e sobe os degraus da entrada da Universidade, desaparecendo porta adentro, solto o fôlego que não percebi estar prendendo.

"Lee Dong Wook, não se atreva. Isso é ultrapassar TODOS, todos os limites!"

The Sea of HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora