Avatrice - que bom que te encontrei

-Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem

Em quarenta minutos, quatro carros adentraram a casa. Fora da casa já era possível ver a presença de jornalistas e blogueiros que buscavam obter algum pronunciamento por parte da senadora ou de sua filha, que até o momento não haviam falado a respeito.

Só o fato da senadora estar chegando a casa de Beatrice aquele horário, já daria matéria suficiente até conseguirem algo oficial.

A segurança da casa já tinha sido reforçada e além dos seguranças internos, dois seguranças foram colocados na frente da casa para evitar excessos daqueles que queriam um furo a qualquer custo.

Os advogados entraram no escritório de Beatrice que estava sozinha enquanto Ava estava com a filha. Quando os advogados entraram, Beatrice pediu a Maria que chamasse Ava para a reunião. Rapidamente Ava atendeu e estava na sala.

-Ava, eu acho importante que você esteja aqui. - Beatrice disse, enquanto Ava apenas assentiu com a cabeça.

-Bom, vamos direto ao que interessa. - Um dos advogados de Sandra falou - Primeiro eu gostaria de deixar claro que a causa é ganha. A justiça irá remover as imagens da menina das redes, afinal de contas ela é menor de idade e foi exposta sem a autorização da mãe e para fins políticos. Isso é fato. Dito isto, acredito que todos aqui somos cientes que eles sabem que terão que remover e talvez se retratar pelo que fizeram.

-Então se eles sabiam, por que fizeram isso? - Ava perguntou porque era a única que não conseguia entender muito bem o jogo sujo da política.

-Porque pra eles o que importa é o quanto isso vai fomentar o ódio dos extremistas e conservadores desse país, minha jovem. Se existiam conservadores ao meu lado durante essas eleições, com certeza, muitos se aliarão a eles agora. - Sandra interferiu.

-Eu não acredito nisso. Bea, você pode tomar as medidas que achar melhor. Eu confio plenamente em você, mas eu não vou ficar aqui nessa sala. Não consigo. - Ava falou e em seguida se retirou do cômodo.

Passar por aquele momento estava ferindo Ava de tantas formas que ela não poderia aguentar sequer estar naquele ambiente.

-Em quanto tempo vocês conseguem resolver? - Beatrice perguntou.

-Ainda hoje. Com toda certeza. Além de acionarmos a justiça eleitoral, sua advogada entrará com pedido ao juizado de menores, que com certeza vai agir mais rápido.

-Ok! Então vão lá e façam isso o mais rápido possível.

-Antes de sairmos, gostaria de saber se pretendem dar alguma declaração. - A advogada de Beatrice perguntou.

-No momento eu não tenho condições de dar qualquer declaração. Qualquer coisa que eu disser não poderá ser reproduzido em qualquer lugar. - Beatrice estava furiosa.

-O partido está preparando uma nota de repúdio pelo ataque. - Sandra respondeu.

-Ótimo, Sandra! É importante que você e o partido falem algo a respeito. - a advogada completou.

Em seguida os advogados deixaram a sala e foram embora, ficando apenas Beatrice e sua mãe.

-É por isso que eu nunca quis que você se expusesse, Beatrice. Eu nunca quis que você passasse por esse tipo de coisa, minha filha.

-E você acha que eu quero passar por isso, mãe? Você acha isso?

-Se você você vivesse uma vida normal, isso não estaria acontecendo, Beatrice. Isso é óbvio.

-Então a culpada sou eu por ter nascido assim e não de vocês que aprenderam e teimam em ser preconceituosos? Ah! Faça-me o favor, Dona Sandra, guarde sua opinião homofóbica pra você mesma. Tudo que pessoas como eu não precisam é ter um agressor em sua própria casa. - Beatrice falou, saindo do escritório e deixando sua mãe sozinha.