Avatrice - que bom que te encontrei

-Eu desejo que minha mãe vença essas eleições.

Após dois dias, Ava e Beatrice já tinham conseguido digerir melhor os últimos acontecimentos. Mary, Shanon e Camilla tinham passado o dia anterior na casa delas, pra que elas pudessem se distrair um pouco. Na semana seguinte voltariam a trabalhar e retomariam os planos de colocar Eva na escolinha.

A campanha de Sandra foi impactada mais positivamente do que negativamente. Apesar de perder alguns eleitores extremistas, sua popularidade entre os progressistas aumentou, o que fez com que apesar dos votos perdidos, ela subisse mais cinco pontos nas pesquisas e fosse dada como eleita por alguns jornais do país.

Ha uma semana das eleições, os ataques contra Sandra se intensificaram por parte de seus opositores, porém, perceberam que o plano de atacar a família da candidata tinha sido um tiro no pé.

Beatrice e Ava passaram o fim de semana ao lado de Sandra, que se divertiu e conseguiu espairecer e esquecer um pouco dos problemas ao lado de Eva, que também adorou poder brincar livremente com ela.

Na segunda-feira, Ava e Beatrice acordaram cedo para voltar ao trabalho. Finalmente Ava assinaria o contrato para o início de suas produções e a tarde visitariam as escolinhas para Eva.

Na entrada da galeria haviam alguns jornalistas que insistiam em conseguir alguma declaração de Beatrice ou até mesmo de Ava. Como as eleições seriam no final de semana, todos ainda estavam com os olhos voltados para a campanha.

-Beatrice, uma declaração, por favor. - o repórter pediu, porém, foi ignorado.

Beatrice estava a frente, enquanto Ava a seguia, tentando entrar no prédio o mais rápido possível, até que um dos repórteres puxou o braço de Beatrice, fazendo com que Ava se irritasse com aquilo.

-Vocês não sabem respeitar as pessoas? - Ava estourou -Respeitem a gente.

-Ava, o que você tem a dizer sobre a opinião do candidato adversário que disse que você e Beatrice não são uma boa influência para sua filha? - outro repórter perguntou.

Ava respirou fundo, lembrando dos conselhos dos advogados e assessores de que não deviam responder as perguntas, porém, não aguentou e respondeu:

-Eu não deveria, mas vou responder mesmo assim. Eu pergunto a todos vocês onde esse ou qualquer outra pessoa com a mesma opinião que ele estavam quando minha filha adoecia e eu não tinha como levá-la ao médico? Onde estavam quando eu não tinha com quem deixar minha filha pra sair  pra trabalhar pra que ela tivesse o que comer? Onde estavam quando ela tinha apenas o meu amor e não tinha o amor do pai que nunca a quis? Onde estavam quando o genitor da minha filha propôs que eu a abortasse?

Ava fez a declaração acima e entrou na empresa,a junto de Beatrice, deixando pra trás os repórteres.

Beatrice a abraçou tão logo entraram em sua sala, garantindo que tudo aquilo iria acabar em breve.

Contrato assinado, Ava e Beatrice almoçaram na galeria para evitar a imprensa e curiosos. Aproveitaram para verificar as listas das escolas próximas a casa ou a galeria. Era consenso entre as duas que a escola não deveria ser uma escola ligada a igreja ou conservadora, mas sim uma escola diversa e laica.

Saindo pelo estacionamento, as duas conseguiram deixar a galeria sem ser incomodada pelos poucos repórteres que ainda estavam em frente ao prédio.

Depois de visitar cinco escolas e verificar o regimento de todas, inclusive os protocolos de segurança, Ava e Beatrice estavam em negociação pra que a escola escolhida por elas permitissem que pelo menos dois seguranças estivessem disfarçados dentro e fora da escola para fazer a segurança da filha, pelo menos no primeiro ano após a eleição de Sandra, o que não foi muito difícil de conseguir, visto que todos eram cientes dos últimos acontecimentos.

Finalmente em casa, Ava e Beatrice ligaram para Sandra, informando a escola escolhida e que a escola tinha aceitado os seguranças, que tinham sido sugeridos por Sandra.

Naquela noite, Sandra estaria no último debate da corrida eleitoral e o primeiro desde que tudo aconteceu. Beatrice e Ava optaram por não assistir, já que teriam muitos gatilhos com aquilo. Ao invés disso, elas preferiram aproveitar o parque da casa com Eva e se divertirem até que chegasse o horário de dormir.

Sandra se saiu muito bem no debate. Quando atacada por seu adversário sobre sua defesa dos LGBTs após os ataques a sua filha, Sandra voltou a afirmar que seria uma bandeira defendida por ela, assim como várias outras ligadas as minorias.

Três dias depois, uma nova pesquisa voltou a mostrar Sandra a frente do candidato de oposição, o que levou seus adversários a atacar as pesquisas feitas, duvidando das mesmas.

Quando finalmente chegou o dia das eleições, Beatrice decidiu que acompanharia sua mãe até o local de votação. Ava também decidiu acompanhar as duas. Beatrice e Ava almoçaram na casa de Sandra e logo após o almoço, se dirigiram com os seguranças até o lugar onde votariam.

O pai de Beatrice só chegaria por volta das 15:00h, iria votar e em seguida retornaria para a cidade onde estava a trabalho.

Chegando ao local de votação, repórteres já aguardavam a chegada da candidata e a fotografavam ao vê-la descer do carro. Ao notarem a presença de Ava e Beatrice, o número de fotos tiradas aumentou significativamente e além de querer declaração da candidata, os jornalistas também queriam que as duas falassem. Finalmente Beatrice falou a imprensa sobre política pela primeira vez:

-Eu desejo que minha vença essas eleições hoje. Chega de violência, chega de homofobia. É isso.

As três entraram no local, enfrentaram a fila para votar e meia hora depois estavam de saída.

Quatro homens faziam a segurança pessoal das três mulheres e mais alguns policiais encarregados de acompanhar a candidata.

Todos estavam prontos para entrar nos carros quando dois estalos de tiro foram ouvidos e se iniciou uma correria no lugar.

Beatrice segurava sua mãe com os olhos assustados enquanto ela caia no chão devagar e os policiais procuravam de onde os disparos tinham sido efetuados.