O que você faz aqui, seu cretino?

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Na terça-feira, Ava acordou no horário de sempre, às 5 horas da manhã. Repetiu toda sua rotina matinal. Do xixi até o café da manhã.

Deixou Eva na creche e foi até a sede da empresa pegar suas novas faxinas do dia.

- Bom dia, Mary! Quantas temos pra hoje?

- Até agora, apenas uma. Espero que tenha mais durante a tarde! - Respondeu Mary. -A madre me ligou ontem a tarde. Ela disse que ligou pra você e você não atendeu. Então ela me ligou pra convidar a Eva para um evento de dia das crianças no orfanato.

- Bacana! Porém eu perderia um dia de trabalho. O que com certeza me fará falta. - Lamentou a faxineira. - Porém, com certeza eu sentirei mais falta de viver esse momento com minha filha, então, foda-se! Eu vou. - Ava mudou de opinião rapidamente.

As duas garotas riram da situação. Mary tinha certeza que Ava não abriria mão da diversão de Eva.

- Anda. Vai trabalhar. Tá aqui seu envelope com a grana do almoço e transporte. Se tiver mais alguma eu te ligo pra avisar e você já ir de lá.

Ava pegou seu ônibus e foi para a casa que faxinaria naquele dia. A dona da casa não estava, Ava pegou a chave na casa da vizinha e abriu a porta para fazer seu trabalho. Uma hora e meia depois, o serviço estava concluído e seu telefone acabara de tocar. Era Mary, lhe passando o endereço de mais duas faxinas.

Ava comemorou o fato de fazer três faxinas. Assim ela não sentiria tanta falta do dinheiro que ganharia nas faxinas do sábado. Se até a sexta ela conseguisse mais uma extra, seria magnífico.

Ava saiu rápido da primeira casa, o endereço de uma das que ainda faria era a quatro quadras de onde estava, então dava para ir a pé, sossegadamente.

Mais uma vez a faxina levou uma hora e meia. E ela já estava desocupada para o almoço.

Ava almoçou ali perto. Era um pouco mais caro, mas ela havia economizado um pouco com a condução que não tinha pegado, então dava pra comer ali. Sem contar que havia uma loja de revistas também próxima e ela precisava comprar a revista de pintura de Eva.

Ava percebeu que ali também vendia telas de pintura. Há muito tempo Ava não pintava e lhe bateu uma enorme saudade de fazê-lo. Comprou a revista de pintura, uma tela, alguns pincéis e tintas.

Ela precisava ir ou se atrasaria para a última faxina do dia.

Ava estava esperando o ônibus passar, enquanto olhava a revista que comprou para a filha. Eva iria adorar.

O ônibus parou frente a Ava, que entrou nele, parando próximo a terceira casa.

Ava entrou na casa e de cara já percebeu que iria levar mais de duas horas naquela faxina. O que acabou se concretizando. Ava levou quase três horas naquele serviço. Certamente a empresa deveria voltar atrás e cobrar o dobro do valor, tamanho foi o trabalho.

Finalmente havia terminado. Ava correu para o ponto de ônibus, indo até a empresa para entregar os materiais.

Ei, vamos sair pra comer uma pizza. Estou com saudades da Eva. A Shanon também. - Disse Mary.

-Não vai dar, Mary. Ainda preciso de mais uma faxina extra pra não sair no prejuízo financeiro do sábado. E não posso nem pensar em ter menos de duas até a sexta. - Ava respondeu conscientemente.

- Eu pago, Ava.

- Nem pensar, Mary. Agora se vocês quiserem, podem ir jantar lá em casa. A Eva vai adorar.

- Então fechado. Chegamos lá por volta das 18:30h. - Mary afirmou.

- ok ok, estou indo buscá-la na creche. Até mais tarde.

Ava pegou mais um ônibus, chegando ao seu destino. Caminhou até a creche, e levou seu maior tesouro para casa. Ah como ela sentia falta de Eva. Passar um dia inteiro longe da filha lhe partia o coração, mas era necessário, já que não tinha outra fonte de renda.

Chegando em casa a rotina era a mesma. Banho e preparar o jantar.

- Sabe quem vai jantar com a gente hoje? - Ava perguntou para a filha.

- Quem, mamãe? - Eva perguntou ansiosa.

- Tia Mary e tia Shanon.

- Ebaaaaa! Tia Mary vem me veer, tia Shanon vem me veer. - A pequena Eva cantarolava de felicidade pela visita das meninas.

- Elas estão morrendo de saudade de você, sabia?!

Eva soltou um sorriso contagiante, fazendo com que Ava a apertasse um pouco.

- Trouxe sua revistinha de desenhos, filha. Você pode pintar com elas um pouco.

- Obrigada, mamãe! - Eva segurava a nova revista, com os olhos brilhantes de felicidade.

As duas tomaram banho e foram até a mesa, organizar o jantar. Enquanto o jantar estava no fogo, Ava aproveitou para cortar as unhas de Eva. Elas estavam sentadas na cama enquanto Ava terminava de cortar as unhas da pequena.

- Posso pintar minha revista, mamãe?

- Claro! Vou pegar pra você.

Alguns minutos depois, a campainha da kitnet toca.

Eva pulou da cama em alegria. Acreditando ser a chegada de Mary e Shanon.

- Eu abro, mamãe.

Eva girou a maçaneta da porta, a abrindo e dando de cara com um homem que ela nunca tinha visto.

- Mamãe, não é a tia Mary.

Ava soltou a faca que usava para fazer uma salada e correu até a porta.

Ao se deparar com aquela figura, Ava ficou estarrecida, sem palavras. Apenas puxou Eva colando suas pernas nas costas da garota.

Atrás do homem, surgiu a imagem de Mary e Shanon.

- Eu não acredito no que estou vendo. O que você faz aqui seu cretino? - Mary gritou, puxando o homem pelo ombro. - Suma daqui. - completou Mary.

Ava se encontrava ainda em choque. O homem ali em pé era o pai de Eva. O homem que Ava não via há mais de três anos.

Shanon entrou na casa, colocou Eva no colo e a levou para fora.

- Vem meu amor. Vou te levar ao parque aqui pertinho enquanto a mamãe conversa com a tia Mary. Vamos! - Shanon conseguiu levar Eva para longe da tempestade que estava se formando.

Avatrice - que bom que te encontreiOnde histórias criam vida. Descubra agora