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- O que é que estão a fazer? Ele está bem comigo! Sempre esteve. - Ksana puxava com toda a força a maca onde Toorou se encontrava amarrado. Tentando que o enfermeiro a soltasse.

- Ksana. Ele fica melhor comigo. Eu vou tratar dele. - Dottore colocou-he uma mão no ombro.

O toque era gelado, como o frio dos corpos mortos. Um arrepio em sinal de aviso subiu toda a lombar de Ksana.

- Ele fica comigo. - Ksana desfilou o ombro da mão do homem. Por algum motivo não confiava nele.

- Senhor, o paciente não pode estar nestas condições, faz frio aqui fora. - Ksana lançou um olhar gelado ao enfermeiro.

- Mete-o na carrinha. Eu cuido disto. - Dottore deu um pontapé na perna de Ksana, que com o choque largou os ferros da maca e se desequilibrou.

- Ele fica aqui! - Ksana fez surgir a sua espada, um brilho azul apareceu sobre a lâmina. Era quase de noite via-se muito bem o poder da sua visão a emanar do aço.

- Não vais querer fazer isso. - Dottore sorriu. E de novo um arrepio gelado percorreu-a.

- Ele fica aqui! - Ela repetiu mais uma vez.

Porém em vez de atacar diretamente Dottore quando se moveu, a espada voou na direção da cabeça do enfermeiro. O cryo infundido na lâmina deixou um brilho azulado pelo ar.

- É maluca! - O enfermeiro tinha bons reflexos, desviou-se com agilidade.

- Eu avisei, que não irias queres fazer isso. - Dottore avançou um paço uma espada do dobro do tamanho da de Ksana agitou-se na sua mão.

O clima ficou tenso, Ksana enfurecida pelas atitudes deste médico e do seu enfermeiro. E Dottore...que mantinha uma expressão neutra. Assustadoramente neutra

Ksana tinha a espada caida perto da carrinha, o enfermeiro já se havia acovardado e fechado-se no seu interior, com Toorou. Mas ao menos não correria risco de sair ferido.

Dottore riu, obviamente com a expressão focada de Ksana. Avançou com a espada na mão, como se brincasse com as frágeis linhas da vida.

Ksana chamou o seu elemento, embora o canalizasse para a espada, a visão Cryo ainda navegava no seu corpo. Pronta a ser convocada.

- Já me estava a perguntar porque demoravas tanto. Dottore!

- Pierro! - Ksana serrou ainda mais os dentes, as seus dedos começaram a brilhar em tons de azul claro.

- Tivemos um pequeno contratempo.- A espada desapareceu das mãos de Dottore.

- Ksana...ouve-me. - Pierro contornou Dottore, avançando calmamente para Ksana.

- Ele fica! Você sabe! Ele nunca passou necessidades! Ele está bem aqui! Ele tem de ficar comigo! - A espada voou de volta para as mãos de Ksana, como um imane.

- Sabes que não é verdade, nós podemos dar-lhe os medicamentos que ele precisa. Cuidamos dele, o Dottore cuida dele. - Ksana lançou um olhar de odio a Pierro.

-Voce traiu o Toorou, sabia melhor que ninguém que o desejo dele era ficar em casa! Fosse como fosse! Ele mesmo disse-me se pudesse escolher morreria aqui mesmo!

- Não adianta nada do que dizeres. Sou eu que mano. Estas sobre o meu comando até passares a recruta. - Ksana ainda ficou com mais raiva, o que o homem dizia era verdade, até passarem a recruta, eles eram dele. - Mas claro, vais poder vê-lo sempre que quiseres. Como filha dele tens esse direito.

- Eu não vou desistir! Amanhã eu vou com Pantalone, vou ganhar dinheiro e eu vou. Eu juro que eu vou, recuperar o Toorou! - A umidade do ar perto de Ksana começava a congelar, fazendo a rua ganhar estrelas sobre a luz dos candeeiros.

Pierro riu. Sem ligar ao acesso de raiva de Ksana, subiu na carrinha, mesmo que a jovem mulher lhe rugrasse pragas e desejasse que lhe acontecesse  tudo o que lhe passava pela cabeça.

Dottore foi mais provocador, como se ainda a espicaçar mais a ira de Ksana. Passou por ela sussurrando-lhe ao ouvido " Veremos se eu te deixo vê-lo. "

Essa foi a gota de água na paciência de Ksana, a lâmina voou no ar, cortando-o.

Ela seria prejudicada por atacar um Fatui de alto nível, mas Dottore não podia ser tão forte assim.

No momento atual, Ksana não queria saber de punições. Só queria descontar os sentimentos em alguém, alguém que a fizera sofrer.

- KSANA! PARA! - No momento em que a lâmina voava na direção de Dottore, uma corrente de ar impediu-a de concretizar o objetivo.

Mas Ksana não parou, ou sequer reconheceu a voz. Sem ver nada a sua frente, ou sequer sentir empatia. Voltou a investir na direção da nova fonte do seu ódio. Que entregando já sacada da espada e se encontrava do lado de Pierro que gritava alguma coisa em direção a Ksana.

Os seus ouvidos estavam bloqueados, e só quando sentiu um líquido quente escorrer-lhe pela testa é que o seu mundo voltou a ganhar alguma cor.

Vermelho. Ela via vermelho.

- Desculpa. Mas não me deste opção.

- Nicho...lai? - A espada caiu-lhe aos pés, o seu corpo foi amparando pelo seu colega de recruta.

- Cuida dela jovem. Ela não me parece estar bem. - A cabeça de Ksana rodava, mas ainda consegui-a ouvir Pierro a despedir-se.

- Não. - verbalizou. - Toorou.

- Xiu, eu prometo o efeito já passa, tranquei o sangue, vais ficar bem. Só não fales. - Essas palavras foram sussurradas ao ouvido de Ksana.

Não era que ela não quisesse falar, o seu raciocínio estava baralhado, impedindo-a de pensar.

A sua atenção ao mundo estava cada vez mais distante, e em menos de 15 segundos, desmaiou.

Nicholai carregou-a até a sua casa, a dois quarteirões dali. Vivia com os avós,já que os seus pais eram aventureiros e passavam muito tempo fora.

Prepara uma bacia de água morna e meteram um pano ensopado na testa de Ksana depois da avó lhe ter limpado as feridas.

- Ela só não morreu porque ele não quis. - Nicholai falava para a avó, olhando a amiga deitada sobre o sofá da sala. - Enfrentar o segundo mensageiro dos Fatui daquela forma, é pedir um bilhete só de ida 

•[Sunflower]• Childe x OcOnde histórias criam vida. Descubra agora