A morte de Nicholai deixou os seus idosos numa tristeza profunda, no dia seguinte Ksana cuidou deles o melhor que sabia e podia, levando-lhes comida e água ao quarto. Também lê leu alguns livros de histórias, podiam ser infantil, mas ela fe-lo com todo o carinho.
Estava habituada a isso, não foi difícil ou diferente da sua habitual rotina com Toorou. De quem sentia uma enorme saudade.
Numa das suas visitas ao quarto dos idosos, ficou a saber que o avô de Nicholai e Beret, o seu irmão mais velho, ficara de cadeira de rodas depois de receber a notícia do seu falecimento. O seu pai e mãe culpavam-se pela morte do seu primogénito e partiram para outras nações, sempre em viagem, sempre em movimento. Deixando Nic para trás. Obviamente fugiam das memorias que com certeza os assombrava após a morte do filho. Ela sabia o que isso era, também se sentirá mais leve depois de abandonar a sua aldeia. Mas o sentimento mantinham-se, todos os dias ao cair da noite Ksana sentia o peito apertar. Podia ter tido uma vida melhor do que com o seu pai adotivo, pelo menos até o mesmo ficar doente, mas sentia falta do conforto e do sabor da comida da mãe, ou até mesmo das brincadeiras idiotas do seu pai.
Ksana entendia-lhe o sofrimento, e deu o seu melhor para reconfortar o velho senhor e a sua esposa.
Diambulando pela casa pensava também em Tsaritsa e no pingente que agora levava no bolso, faltava agora um único dia, menos de 24 horas para o dia de ano novo. O tic-tac do relógio era suficiente para a meter nervosa e maldisposta.
O plano que havia formado nem a 48 horas havia perdido toda a sua solidez, não sabia o que fazer, nem por que caminho seguir. Mas as palavras de Tsarisa, as suas perguntas...ou por outro lado, as suas respostas tentavam Ksana a encontrá-la depois do seu discurso.
Havia loiça suja na pia, e uns restos num tacho em cima do fogão desligado. Se ficasse parada o barulho do relógio e os seus pensamentos iriam acabar por a deixar louca.
Para o lixo despejou a comida do tacho, passando o por água quando acabou. Dentro dele colocou os talheres e limpou o interior da pia com água e detergente.
Na sua cabeça fazia sentido, mesmo que os pratos, talheres e o próprio tacho estivessem sujos, ao menos o metal da pia havia sido higienizado.
Depois arregaçou as mangas, tirou do armaria aos seus pés o detergente e o esfregão tapou o ralo e ligou a água quente, deixou correr um pouco e só depois misturou o detergente, só uma gotinha era suficiente. A avó de Nicholai comprava detergente concentrado, diferente do que Ksana usava na casa de Toorou que era mais barato.
Na primeira vez que lavara a loiça na casa do seu falecido amigo, colocará tanto detergente que quando seu por si afinal uma poça no chão. Pedira tanta desculpa a Cristin por isso. A mesma sorriu, e agradeceu a ajudar, mesmo que Ksana só lhe tenha dato mais trabalho a limpar o chão...
Lavava primeiro os copos, sendo a peça com menos gordura fazia sentido lavar primeiro, depois já era de certa forma indiferente, pegou nos três pratos e colocou-os no fundo da pia, para ir amolecendo. Um por um os talheres saíram limpos de dentro da água, colocou os num canto perto dos copos, agora estava na fez dos pratos, já muito mais mole a sujidade saiu como se nunca lá estivesse estado.
Por fim lavou o tacho esfregando a sujidade com um esfregão mais grosso, aquela parte da bancada era pequena, colocou de novo os talheres de volta dentro do tacho e arrumou o melhor possível para que coubesse tudo.
Despejou a água suja e esperou para passar a pia por água de novo, tirou de dentro do armário o escorredor da loiça arrumou o gentilmente do lado em que anteriormente estava a loiça suja.
Deu uma olhada nas escadas, era impossível ver o quarto dali, mas ao menos sentia-se mais tranquila.
Voltou a priorizar os copos, colocando-os no fundo do escorredor, os pratos e talheres tinham o seu sítio específico, Ksana colocou-os no lugar, o tacho apoiou o melhor que conseguiu entre os copos e os pratos.
Enxaguou os esfregões tirando lhe toda a espuma e sujidade e secou a superfície a volta da pia.
A cozinha estava arrumada e não havia mais nada que Ksana podesse fazer. Rodou nos calcanhares e avançou em direção ao arco que dava passagem para a escada.
Piscou os olhos e encontrou-se numa sala branca, sua conhecida.
- Tsaritsa? - Ksana olhou a volta, procurando a Arconde.
Um riso feminino assustou-a quando a mulher vestida de azul escuro emergiu como água ao seu lado.
- Olá Ksana. - Um comprimento formal e um gesto de cabeça indicavam a bipolaridade perigosa do temperamento de Tsaritsa.
- Porque estou aqui? - Inquiriu.
- Vinha relembrar-te do nosso compromisso, tens até ao final do discurso para pensar. Pensei que podia já ter pensado...- Tsaritsa deslizou até a sua frente.
- Como disse o prazo é até ao final do discurso. - Ksana erqueu o queixo.
- Igualzinha. Até mete nojo. - Uma expressão de ódio e ranço retorceu-se no rosto da Arconde. A sala branca desfez-se e Ksana deu por si no mesmo sítio, perto das escadas.
O seu bolso estava quente, tocou-o por cima da roupa e o tato relembrou-a que fora ali que guardara o pingente de Tsaritsa. Tirou-o do bolso.
Era irónico como alguém com uma visão Cryo podia fazer algo aquecer algo a este patamar, com certeza derreteria facilmente plástico.
- Ksana? - A voz de Cristen no fundo da escada acordou-a do seu pensamento.
- Vou já. - Deixou o pingente para trás, rezando para que não queimasse nada.
Chegou ao quarto dos avós de Nic, bateu a porta e devagar entrou. Cristin tinha uma caixa dourada nas mãos.
- Aqui dentro está algo muito valioso para Nicholai e Beret, quero que a queimes quando a 00 bater. Mas não abras a caixa. - Ksana prometeu não abrir a caixa.
Eram 22:45 quando colocou a caixa de Cristin e uma caixa de fósforos na sua mochila. Não podia negar que se encontrava curiosa sobre o conteúdo dentro da caixa, mas por respeito a Cristin e a sua confiança no a abriu.
Colocou a mochila as costas, puxou o capuz da gabardina preta para a cabeça e cobriu o rosto da melhor forma que conseguiu.
Não se preocupava muito se não fosse ver Tsaritsa, a mesma já provara duas vezes que a encontraria.
O plano desta noite seria ver o ambiente entre os Fatui e Tsaritsa, se Ksana pudesse usar isso a seu favor, aliar-se a Tsaritsa.
- Não é manipulação se manipularmos o manipulador também. - Ksana sorriu escondendo-se na noite gelada de Sheznaya.
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•[Sunflower]• Childe x Oc
FanfictionKsana é uma jovem recruta dos Fatui. Adotada por um Fatui quando os seus pais morreram, espera agora conseguir agradecer-lhe por tudo. Porém o seu pai adotivo, Toorou, encontra-se em estado grave, com um cancro misterioso. O objetivo da jovem mulhe...