Os ouvidos de Ksana zumbiam quando abriu os olhos e encarou o teto de madeira a cima da sua cabeça, sentiu o corpo deitado sobre algo confortável, no inicio não conseguia mexer-se e uma sensação de pânico instalou-se na sua mente. Porem apos se acalmar os seus movimentos voltaram e conseguiu mexer a cabeça, encarando pela primeira vez o sitio onde estava deitada.
A casa cheirava a algo familiar e também a lareira e comida quente. De certa forma era reconfortante. Ksana relembrou imagens passadas da sua infância, antes da morte dos seus pais. Perante o sossego da casa os paços leves e arrastados de alguém eram fáceis de ouvir.
- Oh felizmente! - A voz de uma mulher idosa chegou ainda com dificuldade aos ouvidos de Ksana.
Rodou a cabeça em direção ao som, visualizando a imagem ainda tremule de uma mulher de cabelo branco.
- Xiu, vai com calma. Estas segura! Assim que comeres algo e te aguentares de pé atualizo-te sobre tudo o que aconteceu a duas semanas. - Ksana conseguia sentir o seu corpo frágil, mas confiou o suficiente na mulher para que se deixasse ser sentada no sofá.
Reparou que as suas roupas haviam sido trocadas e que as que vestia era pelo menos o dobro do seu tamanho. Uma taça com sopa foi colocada no seu colo.
- Tens força suficiente para comer? Ou preferes que te de como tem sido? - Ksana não se conseguia lembrar de nada sobre o tempo que estivera, possivelmente, inconsciente.
Ksana abriu a boca, levemente corada.
A senhora sorriu gentilmente e deu-lhe a primeira colherada. A sopa estava quente e bem feita, o liquido parecia a melhor coisa que Ksana alguma vez comera. Pouco a pouco a tijela foi esvaziada.
- Queres mais? - A mulher perguntou atenciosa.
- Não. - Mal reconheceu a sua voz quando a ouviu, estava arranhada e seca. Mais uma vez a mulher sorriu gentilmente, um sorriso de avó. Deixou o coração de Ksana mais quente.
- Muito bem então. Como estas? Em primeiro lugar? - A senhora colocou a taça e a colher em cima da mesinha no centro da sala. Foi ai que Ksana reparou no balde perto do local onde estava deitada. - Tu comias, mas nada permanecia no teu estomago mais que meia hora. Mas acho que desta vez estas melhor.
- Des...desculpe o inco...incomodo.
- Esta tudo bem minha linda. - O sorriso repetiu-se, mas desta vez uma saudade brilhou nos olhos da idosa.
- Continue por favor.
- Tiveste um acidente com os teus superiores...Nicholai foi em teu socorro e acabou por ter de te atacar de forma mais violenta para que não fizesses nenhuma asneira.
- Toorou! Onde esta TOOROU!? - Um flash de todas as memorias antes do desmaio voltaram e o pânico instalou-se em Ksana.
Levantou-se bruscamente, a sua cabeça ficou tonta, o estomago revoltou-se e a sua cabeça doeu perto da fonte. Inclinou-se sobre o balde a tempo de vomitar o que tinha acabado de comer.
- Tem calma. Não a nada que possas fazer, e muito menos na situação em que o teu corpo de encontra. - Uma mão calejada segurou firmemente o ombro de Ksana.
- Quero falar com o Nich. - Ksana exigia respostas de alguém que lá estivera. Que vira tudo o que acontecera. E como ele sabia que eles lá estavam.
O silencio percorreu a sala, a senhora idosa parecia segurar o choro, segurando firmemente as suas calças.
- Senhora? - Ksana começava a ficar com medo de continuar a pergunta...Nicholai...não poderia...poderia?
- Ele não está morto. Foi escolhido por Dottore.
- Lamento.
Isso queria dizer que Pantalone já havia partido! Que perdera a sua hipótese que ganhar dinheiro! Que perdera tempo para salvar Toorou!
A cabeça de Ksana continuava as voltas, temeu desmaiar quando a sua visão escureceu.
- Mas ele foi feliz. Em breve estará de volta. - A esperança na voz da avó de Nicholai era notória.
Ksana não teve coragem de debater sobre aquele pensamento. Na verdade a sua cabeça estava confusa.
Varias memorias de diálogos começavam a surgir, Nicholai falando com Ksana, a avó dele a alimenta-la e por fim Nich deixou de aparecer nas suas memorias.
- Eu quero voltar para casa. - Ksana levantou-se mais uma vez.
- Linda, fica mais um pouco até te recuperares, ter vida jovem em minha casa nunca será um estorvo. - A mulher levantou-se com dificuldade.
- Não está tudo bem. Eu já estou bem - Mentiu. Só queria voltar para a casa de Toorou, para a sua vida.
- Ksana...- Era a primeira vez que a mulher dizia o seu nome. - A porta sempre estará aberta para ti. Sempre que precisares, eu vou estar aqui.
Ela sabia que Nicholai nunca mais voltaria...isso doeu em Ksana.
Apesar de não se apegar tanto aos seus camaradas da recruta, havia alguns que estariam sempre na sua mente, acontecesse o que acontecesse.
- Posso vir comer tá todos os dias?- Ksana corou pensando no gosto bom da sopa, agora sabia porque Nicholai sempre estava em boa forma.
- Mas é claro, parece-me um bom contrato. Eu deixo-te voltar para a tua vida normal, com a recruta mas em todas as refeições estará um prato a mais na mesa para ti. - Um sorriso alcançou os olhos da avó.
- Cristin. O meu nome é Cristin. - Ksana sorriu.
Andou devagar até a porta da sala, nem pensar que estava em condições de treinar...nem sequer meia hora ou dez minutos.
Mas o seu desaparecimento seria notório, e com certeza Pierro quereria falar com ela assim que metesse os pés dentro do palácio.
- Cristin? - Ksana olhou para trás com um brilho nos olhos.
- Sim? - Na cabeça da jovem mulher um plano formava-se.
- Alguém sabe que eu estou aqui?
- Não, que eu saiba não. Era de noite quando o meu neto te trouxe. - Ksana não tinha ninguém que a procurasse, a não ser os Fatui.
- Sabe cortar cabelo? - Ksana já sabia a resposta, o seu amigo passava a vida inteira a dizer que a sua avó era a melhor cabeleireiro sem curso de todo o Teyvat.
- Sim. Qual é a tua ideia?
- Preciso de tempo e um pouco de descanso para pensar no próximo passo. - Ksana sentou-se numa cadeira, obviamente descansando as pernas. O que fez Cristin sorrir.
- Isso mesmo, saberia que reconsiderias a minha proposta, vou buscar a tesoura!
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•[Sunflower]• Childe x Oc
FanfictionKsana é uma jovem recruta dos Fatui. Adotada por um Fatui quando os seus pais morreram, espera agora conseguir agradecer-lhe por tudo. Porém o seu pai adotivo, Toorou, encontra-se em estado grave, com um cancro misterioso. O objetivo da jovem mulhe...