Capítulo 9

2.1K 249 22
                                        

- Júlia?

- Adivinhou.

- Nossa, faz tanto tempo que...

- Não me venha com esse papo furado.

- Acho que não estou te reconhecendo.

- Sim, porque eu mudei, e muito.

- Você também não quiz saber mais de mim não é?

- Depois do que fez, como eu não ia me afastar?

- Não sofri aquele acidente porque eu quiz.

- Não estou falando do acidente.

- Então está falando do que?

- Eu era tão fiel a você, fazia tudo que queria. Como pode fazer isso comigo?

- Fazer o que?

- Falar para eu tranzar com o Roberto.

- Olha Júlia eu...

- A gente tranzou sim, naquela mesma noite. Ele me fodeu sem dó nem piedade, só para o bem estar dele, nem se preocupou se estava me causando dores ou não. Robero só queria sexo, desde o começo. Sabe o pior de tudo? Eu engravidei. Hoje em dia eu sou mãe, e o pai nem sei mais onde está. Roberto sumiu do mapa. Depois que saiu da escola, eu assumi o seu lugar, porque não tinha outra garota que sentia mais ódio de você do que eu. Vejo aqui que está cega e aleijada como me falaram, mas garota, esse é só o mínimo que pode pagar pelo que fez comigo. O que eu desejo para você, é a morte.

- O que está acontecendo aqui? - era a voz de Gabriel, ele havia retornado.

- Quem é ele ceguinha? Seu protetor?

- Pare de chama-la assim.

- Bom, tanto faz, acho que já vou me retirar. Mas se eu fosse você, ficava bem longe dela, te traz a pior sorte do mundo.

Ouço seus passos, estava finalmente se afastando daquela mesa.

- Quem era ela? - Gabriel pergunta.

- Uma ex colega minha.

- Te agrediu?

- Não, apenas me disse vedades, eu deveria mesmo morrer.

- Pare de dizer bobagens, você não vai morrer e nem eu deixarei que acabe fazendo uma besteira.

- Ela tem razão, eu ter ficado cega e aleijada não foi nada perto do que fiz para ela. - começo a chorar. - Eu mereço sofrer.

- O que fez de tão ruim para ela?

- Foi minha culpa, eu disse para ela não acreditar em romance e nem nada disso e tranzar logo com o namorado dela. Ele a machucou muito e ainda a engravidou. Ela é mãe solteira por minha causa, arruinei a vida dela!

- Isso é passado.

- Mas ela vai ter que conviver sempre com esse peso nas costas, e agora eu também.

- Ela sofreu, mas você também. Só que não podemos voltar no tempo e concertar as coisas, todos devem aprender a seguir em frente, simplismente assim.

- Tenho que morrer, e pagar por todos os meu pecados.

- Se fosse assim, eu também teria que morrer. Já cometi muitos erros, todos cometem.

- Não tão graves quanto os meus.- sussuro bem baixinho, acho que ele não ouve, pois não diz nada.

Tomamos o sorvete em silêncio e em seguida voltamos para a pensão.

Me protejaOnde histórias criam vida. Descubra agora