Capítulo 12

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No dia seguinte, Gabriel me leva até o hospital para ver minha mãe, como ela estava dormindo sob o efeito de um sedativo e o médico disse que iria demorar a acordar, decido voltar na manhã seguinte, pois já estava ficando tarde. Dou um beijo em sua testa e saio do hospital.

- Só tem uma coisa que eu gostaria de saber. - falo assim que entramos no carro para voltar para a pensão.

- O que?

- Sérigo não veio me visitar hoje de manhã, ele sempre faz isto.

- Talvez esteja ocupado.

- É, talvez seja isso. Acho que não devia ter falado que não senti nada naquele beijo, deve ter magoado ele.

- Duvido.

- Porque disse isso? Ele falou algo para você?

- Não,

- Então porque...

- Não importa, só sei que deve se manter afastada dele. Só quer ter você para ele por uma noite e nada mais.

- Se fosse isso ele não teria me pedido em casamento, ele gosta de mim.

- Mas eu também gosto porra! - grita, me assustando. - Porque não escolhe um de nós e pronto?

- Ainda não sei em quem devo confiar.

- Você sabe sim, sabe que pode confiar em mim. Aqueles momentos que tivemos, que deixei você me sentir, não significou nada?

- Significou muito, e foi lindo.

- Então porque ainda pensa nele?

- Sérgio queria me ajudar, me pediu em casamento porque queria me ajudar quando minha mãe...você sabe...

- Foda-se, você sabe que eu posso muito bem cuidar de você.

- Gabriel, nós nos conhecemos a dias, já falei para irmos com calma.

- Se é amor, não importa a quantos dias nos conhecemos.

- Quem disse que é amor? Você mesmo disse que eu sou muito parecida com sua falecida mulher, pode estar simplismente me confundindo com ela. Pensa que ama a mim, mas me mantêm presa a imagem dela.

- Eu nunca confundiria.

- O que? Vai falar que comigo é totalmente diferente? Que sou mais importante? Ela era sua esposa, não tenho como supera-la.

- Então se case comigo.

Tento evitar, mas não consigo, simplismemte caio na gargalhada.

- Você é doido.

- Porque?

- Quem pede em casamento alguém que conhece a dias? Mais tudo bem, esta foi a melhor piada do século.

- Só que não foi piada. - ele sussura baixinho.

Lúcia

- Tia Lúcia. - grita Letícia enquanto corre para me abraçar.

- Feliz em me ver docinho?

- Claro, estava com saudades.

- E também, foi um momento muito oportuno Lúcia, viajo por três dias - fala minha amiga Amanda, mãe de Letícia.

- Pode ficar tranquila, vou cuidar muito bem dela.

- Disso não tenho dúvida, confio em você. Só não confio na dona Letícia, vai dar muito trabalho pra Lúcia?

- Claro que não mamãe, sabe como eu sou um anjinho.

- Sei, conheço muito bem esse anjinho.

- Vai ficar mais um pouco Amanda? - pergunto.

- Queria, mas infelizmente não dá. Preciso pegar um voo urgente, quando eu voltar, colocamos a fofoca em dia.

- Isto com certeza. - vou até ela e a abraço.  - Vai com Deus.

- Vou sim, ele sempre estará do meu lado me protejendo.

- Que bom que acredita nisso.

Ela sorri para mim.

- Bom, já que nos despedimos, já vou indo. Thau filha, comporte-se.

- Pode deixar.

Amanda sai pela porta e eu a fecho. Chego perto de Letícia e me agacho para ficar da sua altura.

- Tenho uma missão para você, será que vai ser capaz de cumpri-la mocinha?

- Sabe que sim. Mas antes, cadê o Gabriel?

- Ele saiu com uma nova hóspede que temos aqui, minha sobrinha.

- Ele tá namorando?

- Não, e é por isso que preciso que me ajude. Vamos juntar os dois.

- Quando posso conhece-la?

- Acho que vão demorar um pouco, foram visitar a mãe dela.

- Sua irmã?

Sorrio.

- Isso mesmo garota esperta.

- E onde ela está?

- No hospital.

- Fazendo o que lá?

- Minha irmã está muito doente.

- Ela vai morrer?

- Sim meu bem.

Luto com todas as minhas forças para não chorar na frente dela.

Letícia me abraça, forte. Sei que ainda era muito pequena, mas ás vezes as crianças são capazes de compreender coisas muito mais fáceis que nós, adultos.

- Olha, não vamos ficar tristes tá bem? Quero que preste muita atenção no que vou dizer.

- Tudo bem. - fala olhando para mim.

Beatriz

O telefone de Gabriel toca, eu sabia disso, pois estávamos só nós dois no carro, eu não tinha celular.

- Quem é?

- Do hospital, dei meu telefone para contato, mas não entendo porque estão ligando, acabamos de sair de lá.

- Então atende, pode ser algo sério.

- Alô? - tento escutar o que a voz do outro lado da linha diz, mas está um pouco longe de mim e acabo não conseguindo. - Agora? - ouço que ele respira fundo. - Nós estamos voltando para aí. - em seguida desliga o celular.

Gabriel para o carro.

- O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Nenhuma resposta.

- Gabriel, me fale, por favor. - começo a chora. - Aconteceu alguma coisa com a minha mãe?

- Sim. - ele pega em minha mão e a aperta forte. - Infelizmente sua mãe, faleceu.

Me protejaOnde histórias criam vida. Descubra agora