Capítulo 14

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- Nem pense em ir junto comigo.

- Então me diga, em suas condições, como iria saber aonde está indo?

- Condições? Porque você não fala logo que é porque sou uma cega e aleijada? - grito.

- Eu...

- Tudo bem, se quiser ir comigo, venha.

- Quando? Para onde?

- Hoje, o lugar eu não faço a mínima ideia.

- Não quer esperar até o enterro de sua mãe?

- Não, a gente vai fugir sem deixar pistas de onde fomos. Não vamos contar a ninguém. Se tiver algo para resolver na cidade...

- Não, eu não tenho. Vamos quando você quiser. Mas é melhor você esfriar um pouco a cabeça, se despedir de sua mãe seria algo muito importante para você.

- Foi minha culpa ela morrer.

- Agora já chega, porque não tem como isso ser verdade.

- Se a gente tivesse esperado, eu podia ter feito algo para ajuda-la. Ou no mínimo, me despedir de verdade.

- Mas ainda pode.

- Como? Ela não pode mais falar comigo.

- Mas sua alma está presente, e pode sim falar com você.

- Não acredito nisso.

- Vá no enterro, se despessa, acredite que ela pode te ouvir.

- Não quero, ainda não estou pronta.

- Se não está agora, quando vai ficar pronta?

- Não sei.

- Por isso digo que é melhor esperar.

- Não! Quero ir embora, e vai ser agora!

- Tudo bem, vamos. Mas depois não diga que não avisei.

- Eu não vou me arrepender.

- Isto é o que vamos ver com o passar do tempo. Precisamos passar na pensão antes e pegar nossas coisas.

- Mas...

- Mas nada, agora já é demais. Quer fugir com a roupa do corpo e pronto? Claro que não. E também não vamos partir hoje, vamos esperar o médico liberar você.

- Isso é injusto.

- Só falta você se comportar como uma garota mimada. Você já é adulta, não baixe a esse nível.

- Quem é você para falar assim de mim?

- Só estou falando o que estou percebendo com essa sua atitude.

- Cala boca, você já está me irritando!

- Não vou fazer sempre o que você quiser, acostume-se com isso.

- Seu filho da...

De repente ele me empura, e eu acabo batendo minhas costas contra uma parede. Seu corpo chega perto do meu, me imprensando.

- Filho da o que? Anda, diz!

- Seu filho da pu...

Antes que eu temine a frase, sua mão percorre minha cintura, até chegar em meu rosto e Gabriel me beija. Um beijo profundo que pela segunda vez me levou para aquele mundo que eu não queria sair. Me perder em seus lábios passou a ser minha atividade favorita. Sua língua em minha boca, se tornara mais exigente, um beijo muito mais intenso do que o último. Talvez ainda melhor.

Me protejaOnde histórias criam vida. Descubra agora