- Nem pense em ir junto comigo.
- Então me diga, em suas condições, como iria saber aonde está indo?
- Condições? Porque você não fala logo que é porque sou uma cega e aleijada? - grito.
- Eu...
- Tudo bem, se quiser ir comigo, venha.
- Quando? Para onde?
- Hoje, o lugar eu não faço a mínima ideia.
- Não quer esperar até o enterro de sua mãe?
- Não, a gente vai fugir sem deixar pistas de onde fomos. Não vamos contar a ninguém. Se tiver algo para resolver na cidade...
- Não, eu não tenho. Vamos quando você quiser. Mas é melhor você esfriar um pouco a cabeça, se despedir de sua mãe seria algo muito importante para você.
- Foi minha culpa ela morrer.
- Agora já chega, porque não tem como isso ser verdade.
- Se a gente tivesse esperado, eu podia ter feito algo para ajuda-la. Ou no mínimo, me despedir de verdade.
- Mas ainda pode.
- Como? Ela não pode mais falar comigo.
- Mas sua alma está presente, e pode sim falar com você.
- Não acredito nisso.
- Vá no enterro, se despessa, acredite que ela pode te ouvir.
- Não quero, ainda não estou pronta.
- Se não está agora, quando vai ficar pronta?
- Não sei.
- Por isso digo que é melhor esperar.
- Não! Quero ir embora, e vai ser agora!
- Tudo bem, vamos. Mas depois não diga que não avisei.
- Eu não vou me arrepender.
- Isto é o que vamos ver com o passar do tempo. Precisamos passar na pensão antes e pegar nossas coisas.
- Mas...
- Mas nada, agora já é demais. Quer fugir com a roupa do corpo e pronto? Claro que não. E também não vamos partir hoje, vamos esperar o médico liberar você.
- Isso é injusto.
- Só falta você se comportar como uma garota mimada. Você já é adulta, não baixe a esse nível.
- Quem é você para falar assim de mim?
- Só estou falando o que estou percebendo com essa sua atitude.
- Cala boca, você já está me irritando!
- Não vou fazer sempre o que você quiser, acostume-se com isso.
- Seu filho da...
De repente ele me empura, e eu acabo batendo minhas costas contra uma parede. Seu corpo chega perto do meu, me imprensando.
- Filho da o que? Anda, diz!
- Seu filho da pu...
Antes que eu temine a frase, sua mão percorre minha cintura, até chegar em meu rosto e Gabriel me beija. Um beijo profundo que pela segunda vez me levou para aquele mundo que eu não queria sair. Me perder em seus lábios passou a ser minha atividade favorita. Sua língua em minha boca, se tornara mais exigente, um beijo muito mais intenso do que o último. Talvez ainda melhor.

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Me proteja
RomanceBeatriz era uma menina mimada, metida, seu namorado era o mais popular do colégio. Quer dizer, até o dia do acidente, isto mudou sua vida para sempre. Ela ficou cega. Os amigos que ela achava que iam ficar para sempre ao seu lado, a abandonaram. Seu...