Me proteja

Capítulo 16

Gabriel se afasta um pouco de mim e eu me recomponho.

- Você pode sim.

- Eu posso o que? - pergunto sem entender sua afirmação.

- Fazer brigadeiro.

- Eu com certeza deixaria queimar na panela.

- Ainda não enrolei todo o chocolate que preparei, se quiser podemos fazer isto juntos.

Sorrio.

- Tudo bem, acho que posso fazer isso.

Minutos depois já estavamos no balcão da cozinha fazendo pequenas bolinhs com o brigadeiro e colocando-os em forminhas de papel. Seu corpo estava atrás do meu, o envolvendo. Suas mãos estavam sobre a minha, me ajudando a pegar o chocolate.

- Estou me sentindo uma criancinha.

- Não se preocupe, as vezes é bom para alma se divertir um pouco.

Neste momento ele toca a ponta do meu nariz com sua mão. Demoro um instante para notar, mas logo depois percebo que com certeza ele deve ter me sujado com o brigadeiro. Tento fazer a mesma coisa com ele, só que não o acho.

- Isso é injusto.

- Tudo bem, me desculpe. Vou ficar parado, se quiser pode me sujar agora.

- Não tem mais graça. - digo cruzando meus braços.

Sinto sua mão acariciando minha face. Estava com um brigadeiro na mão, que escondo atrás de mim.

- Já te pedi desculpas o que mais posso...

Aproveito este momento, sinto seu rosto e jogo o brigadeiro na sua testa.

- Sua...

- O que foi? Não gostou da vingança? - digo lambendo meus dedos um por um.

Não demora muito e sinto que ele joga um brigadeiro bem no meu cabelo.

- Isso não vai ficar assim. - falo com raiva.

Pego outro brigadeiro e jogo na sua roupa. Com sorte consigo acertar pois ele ainda estava bem perto de mim.

- Acho melhor pararmos, não quero te sujar tanto.

- Está me desafiando?

- Quer saber? Estou sim.

- O que está acontecendo aqui?

No momento em que escuto a voz de Lúcia fazendo esta pergunta fico totalmente paralizada. Não sei como pensar, o que devo fazer e nem como agir. Nunca tinho visto ela brava e era a última coisa que queria ver. Não nos conheciamos a tempo suficiente para isso.

- Eu estava preocupada com você Beatriz! Soube que desmaiou quando estavamos no hospital, enquanto isto voltei para ca durante a noite pois me disseram que não iria acordar tão cedo. Quando volto para o hospital não te encontro, me disseram que Gabriel tinha te levado para casa. Fiquei mais tranquila e fui cuidar das coisas que precisamos para o funeral da sua mãe. Depois disso tudo eu te encontro assim? Brincando? Pelo jeito não tem nenhum respeito por sua mãe não é?

Assim que termina de dizer isto, escuto seus passos pesados indo para algum lugar da pensão. Provavelmente para o segundo andar, pois o volume de seus passos foi diminuindo cada vez mais até eu não ouvir mais nada.

- Ah meu deus, eu não queria irita-la desta maneira eu...

- Não, está tudo bem. Não é culpa sua. Vocês estão sofrendo muito, ambas as duas. Na verdade a culpa é minha, estava fazendo isto como uma forma de te destrair e acabei atrapalhando.