Capítulo 3

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Beatriz

Acordo e procuro por Sérgio, passando minha mão de um lado da cama, tentando senti-lo.

- Procurando por mim? - ouço sua voz e fico um poco assustada, ele me pegou de surpresa. - Trouxe seu café da manhã. - se aproxima da cama, e eu tento alcaçar a comida. - Hoje quero cuidar de você, portanto, vou alimenta-la.

- Não faça eu me sentir um bebê.

- Prometo que será somente hoje.

- Tudo bem, o que preparou? - acabo cedendo.

- Uma sopa, receita da minha avó.

- Sempre é a receita da vovó. - digo sorrindo.

- Na verdade não, tenho uma macaronada que é receita do meu tio. - fala enquanto me dá a primeira colher na boca.

- Gostaria de provar um dia.

- Claro, pronta para arrumar suas roupas na mala?

Abaixo a cabeça.

- Sei que é difícil, mas tem que ir. Não pode viver sozinha aqui.

- Então venha algumas vezes e me ajude.

- Eu gostaria, mas não posso. O hospital ocupa todo meu tempo.

- Não quero viver lá.

- Você vai acabar se acostumando, sua mãe tem toda a razão.

- Porque tem que acontecer isto com ela?

- Coisas assim acontecem com as pessoas que menos merecem.

- Eu podia desistir de tudo, seria bem mais fácil.

- Já falei para não dizer essas coisas.

- Minha mãe...vai morrer, se acontecer o mesmo a mim, quem vai sentir minha falta?

- Eu. - ele coloca sua mão em meu rosto e o acaricia.

- Por favor, não faça isso.

- Porque? Não gosta de receber carinho?

- Não é isso, é que enquanto me acaricia deste jeito, penso que quer algo mais, que não quer só amizade.

- E eu quero mais.

- Mas eu não, me desculpe.

Depois disso, Sérgio termina de me alimentar em silêncio e se levanta da cama.

- Quer ajuda com as malas?

- Pode pega-las para mim? Estão em cima do armário.

- Claro.

Ele as pega e eu agradeço, começo a dobrar minhas roupas e bota-las separadas por cor, era mais fácil pois já estavam assim no guarda roupas e eu tive que decorar. Era difícil, mas era o único jeito de saber o que eu estava vestindo. Quando tudo está pronto vou para o banheiro e faço minha higiene matinal. Logo em seguida pego minhas malas novamente e caminho até a sala.

- Que bom que já arrumou as malas, acho que podemos ir.

- Espera, antes de ir, queria poder ligar para lá. Minha mãe anotou algum telefone?

Ouço um pequeno barulho de papel.

- Sim, anotou está aqui. Quer que eu ligue?

- Sim, mas eu quero falar.

- Tudo bem.

Fomos até o telefone em meu quarto, o único que tinha na casa. Ele disca o número e passa o telefone para mim.

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