Beatriz
Acordo e procuro por Sérgio, passando minha mão de um lado da cama, tentando senti-lo.
- Procurando por mim? - ouço sua voz e fico um poco assustada, ele me pegou de surpresa. - Trouxe seu café da manhã. - se aproxima da cama, e eu tento alcaçar a comida. - Hoje quero cuidar de você, portanto, vou alimenta-la.
- Não faça eu me sentir um bebê.
- Prometo que será somente hoje.
- Tudo bem, o que preparou? - acabo cedendo.
- Uma sopa, receita da minha avó.
- Sempre é a receita da vovó. - digo sorrindo.
- Na verdade não, tenho uma macaronada que é receita do meu tio. - fala enquanto me dá a primeira colher na boca.
- Gostaria de provar um dia.
- Claro, pronta para arrumar suas roupas na mala?
Abaixo a cabeça.
- Sei que é difícil, mas tem que ir. Não pode viver sozinha aqui.
- Então venha algumas vezes e me ajude.
- Eu gostaria, mas não posso. O hospital ocupa todo meu tempo.
- Não quero viver lá.
- Você vai acabar se acostumando, sua mãe tem toda a razão.
- Porque tem que acontecer isto com ela?
- Coisas assim acontecem com as pessoas que menos merecem.
- Eu podia desistir de tudo, seria bem mais fácil.
- Já falei para não dizer essas coisas.
- Minha mãe...vai morrer, se acontecer o mesmo a mim, quem vai sentir minha falta?
- Eu. - ele coloca sua mão em meu rosto e o acaricia.
- Por favor, não faça isso.
- Porque? Não gosta de receber carinho?
- Não é isso, é que enquanto me acaricia deste jeito, penso que quer algo mais, que não quer só amizade.
- E eu quero mais.
- Mas eu não, me desculpe.
Depois disso, Sérgio termina de me alimentar em silêncio e se levanta da cama.
- Quer ajuda com as malas?
- Pode pega-las para mim? Estão em cima do armário.
- Claro.
Ele as pega e eu agradeço, começo a dobrar minhas roupas e bota-las separadas por cor, era mais fácil pois já estavam assim no guarda roupas e eu tive que decorar. Era difícil, mas era o único jeito de saber o que eu estava vestindo. Quando tudo está pronto vou para o banheiro e faço minha higiene matinal. Logo em seguida pego minhas malas novamente e caminho até a sala.
- Que bom que já arrumou as malas, acho que podemos ir.
- Espera, antes de ir, queria poder ligar para lá. Minha mãe anotou algum telefone?
Ouço um pequeno barulho de papel.
- Sim, anotou está aqui. Quer que eu ligue?
- Sim, mas eu quero falar.
- Tudo bem.
Fomos até o telefone em meu quarto, o único que tinha na casa. Ele disca o número e passa o telefone para mim.
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Me proteja
RomanceBeatriz era uma menina mimada, metida, seu namorado era o mais popular do colégio. Quer dizer, até o dia do acidente, isto mudou sua vida para sempre. Ela ficou cega. Os amigos que ela achava que iam ficar para sempre ao seu lado, a abandonaram. Seu...