A quinta-feira passou como um jato e não teve absolutamente nada e relevante. Fugi de Elana o dia inteiro, Carolyna quase não falou comigo e Malu fez as mesmas piadas, como todos os dias. Tentei o máximo não lembrar o caso da número quinze, mas foi impossível. Aquilo ficou importunando minha cabeça o dia inteiro. Eu até perguntei para o guarda que me tirou da sala aquele dia se ele sabia de algo, mas ele se enrolou todo e acabou sem responder nada. E, quando vi, já era sexta-feira novamente. Comecei o dia já agradecendo, pois ia sair desse lugar hoje. A semana passou tão rápido que eu nem tinha o que dizer sobre isso. Daqui a pouco estaríamos em junho, mês do meu aniversário. Fiz tudo o que tinha que fazer na parte da manhã: tomei banho, coloquei a roupa, escovei os dentes, tomei café, fugi de Elana, peguei o café de Carol, e vim até o corredor do medo. Abri a porta, vendo Carolyna fazendo flexões no chão. Quis babar ao ver aquilo. A garota estava de calça de moletom e top, cabelos presos a um coque e o corpo suado, indo pra cima e pra baixo em um ritmo rápido. Seus músculos do braço estavam à mostra, mesmo tendo um braço bem fino. Fechei a porta e ela parou, sentando-se no chão e olhando para mim.
-Bom dia. - falei - Resolveu ser fitness? - perguntei, entregando seu café. Ela deu de ombros, bebendo um pouco de água.
-Não. Tenho que fazer uma sequência de exercícios diariamente. - falou, comendo uma torrada - Normalmente faço quando você não está aqui.
-Tem vergonha de mim? - perguntei e ela negou com a cabeça.
-Não me sinto confortável. - dei de ombros.
-Só finja que não estou aqui. Eu nem olho para você. - falei e ela olhou para mim com se soubesse que eu estava mentindo.
-Não, obrigada. - mordeu a goiaba que tinha em mãos - Prefiro quando estou sozinha mesmo.
-Ok. Você que sabe. - falei inocente.
Depois de um tempo, Carolyna terminou o café da manhã, indo ao banheiro, jogando o pote no lixo e começando a tomar banho em seguida. Enquanto isso eu tinha meus fones de ouvido, que dessa vez eu lembrei de trazer - tocando Arctic Monkeys para mim. Sorri, fechando os olhos e batucando os dedos no chão, de acordo com a melodia da música. Pela primeira vez naqueles dias eu tinha esquecido qualquer tipo de problema, mesmo que por um curto período de tempo. Senti um frio na barriga gostoso e abri os olhos, vendo Carolyna, me olhando, dessa vez com um sorrisinho no rosto. Tirei um dos fones, ainda olhando para a menina, e perguntei:
-O que? - ela logo tirou o sorriso do rosto, dando de ombros.
- Nunca mais escutei alguém cantar. É interessante. - falou e eu levantei as sobrancelhas.
-Sério? - ela assentiu.
-Sim. Desde que entrei aqui, tudo o que ouço são os barulhos das paredes. E agora sua voz. Pelo menos cantando ela não é tão irritante quanto falando. - cerrei os olhos e a garota sentou-se em minha frente.
-E porque você não canta? - perguntei ignorando sua alfinetada.
-Não me lembro de quase nenhuma música. A maioria das coisas que lembro são melodias. Letras mesmo são poucas. Além de eu nunca praticar. Não tenho uma voz boa. – falou tudo com pausas. Eu sorri.
-Você poderia tentar, não importa sua voz, o que importa é o sentimento.
-Isso é ridículo. - falou e eu ri.
-Eu sei. - ela se levantou, indo até sua cama e deitando-se na mesma - Não vai mesmo tentar?
-Não. - Carolyna ficou olhando para o teto por um tempo, até voltar a falar novamente - Falou com sua amiga? - perguntou sem olhar para mim.
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Monster- Capri [Concluida]
RomancePriscila Caliari, uma agente de missões especiais, foi escolhida para ser enviada a um lugar completamente diferente de qualquer realidade para cuidar de pacientes que foram classificados como especiais para o resto do mundo. Na verdade ela tem de c...