Capítulo 23

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Escutei um barulho irritante bem de longe, algo que não parava e me fazia desejar morrer. Tossi algumas vezes, sentindo algo quente em minha mão direita. Um toque. Um toque bem conhecido.

Respirei fundo algumas vezes antes de abrir os olhos devagar, fechando-os novamente por causa da enorme claridade no quarto, o que também me irritou, junto ao barulho ridículo que algo fazia. Logo me senti acostumada com toda aquela luz, o que me fez conseguir abrir os olhos por completo. Olhei para o lado de onde vinha o toque e vi os cabelos ruivos dela cobrirem todo meu braço enquanto a mesma descansava a cabeça, escondendo-a na cama. Mexi minha mão sem muita força, fazendo com que ela levantasse a cabeça rapidamente e me olhasse com os olhos que eu tanto tentava não me sentir atraída.

- Carol... - ela sorriu, abrindo a boca algumas vezes, provavelmente sem saber o que falar - Meu Deus...

- Oi Pri. - falei e me surpreendi com o tom da minha voz, na verdade a falta dela.

- Você está bem... - ela levou a mão ao cabelo colocando-o para o lado, aquele movimento que ela nem percebia e que acabava com qualquer tipo de dúvidas que eu realmente me sentia muito atraída por aquela mulher - Achei que não ia te ver acordada por um bom tempo. - sorriu novamente, parecendo não se conter em si de felicidade e transbordando isso em um enorme sorriso. Fiquei observando-a por alguns segundos antes de sorrir abertamente, assentindo.

- Onde estamos? - perguntei, olhando para os lados e vendo uma sala completamente branca e franzindo o cenho.

Não havíamos conseguido sair de lá. Olhei para ela e Priscila tinha um sorriso acolhedor nos lábios, praticamente me dizia silenciosamente para não me preocupar com nada. Trinquei o maxilar e mordi o lábio, me preparando para a resposta.

- No hospital. - falou, acariciando minha mão - Não se preocupe, eu falei que ia te tirar de lá. - suspirei aliviada - Você está bem agora. - assenti, entrelaçando nossos dedos.

- Fernanda? - perguntei, lembrando da mulher. Priscila franziu os lábios e olhou para nossas mãos rapidamente, respirando vagarosamente, como sempre.

- Ela está morta. - falou e eu concordei.

- Está onde eu queria que estivesse desde o inicio. .- eu falei baixo, com ódio em minhas palavras. Se ela não estivesse morta, eu mesma iria fazer questão de matá-la - E os outros? Suas amigas... - ela olhou para a porta.

- Estão lá fora. - deu de ombros - Algumas se recuperando de ferimentos.

Quando Priscila falou de ferimento lembrei o porquê de estar naquela cama. Eu havia levado um tiro. Sentei-me na cama e olhei para meu abdômen coberto pela blusa do hospital. Mordi o lábio involuntaria- mente. Com a mão que eu não estava segurando a de Priscila, levantei a blusa, não vendo nada por causa das gazes.

- Você perdeu muito sangue. - Priscila falou baixo e voltei a olhar para ela - Os médicos disseram que é praticamente um milagre você estar viva. Eu não soube o que dizer. Apenas assenti.

Priscila parecia triste ao falar aquilo. Talvez ela achasse que eu fosse morrer depois daquilo.

- Vaso ruim não quebra fácil. - falei a frase que vi em uma revista ou quadrinho quando era menor, o que fez Priscila sorrir, negando com a cabeça.

- Agora é minha vez de te chamar de idiota. - levou a outra mão até meu rosto - Eu achei que ia te perder, Carolyna.- calei todos os meus pensamentos naquele momento. Tudo que eu tinha em mente desapareceu ao ver Priscila naquele estado.

Depois de analisá-la bem, dava pra perceber que ela estava acabada. Olheiras fundas, lábios secos, pálida. Mesmo assim, aquela mulher estava ali por mim, se preocupando.

Monster- Capri [Concluida]Onde histórias criam vida. Descubra agora