Fortunato

Chi si abbassa sarà innalzato

Ele já ouviu falar em mitos sobre como o seu reflexo no espelho poderia significar algo importante, um certo de tipo catarse espiritual que elevasse o seu eu interior para finalmente pode se tornar tudo aquilo que poderia ou quisesse ser, um mistério além da compreensão humana. Quando se encontrava na frente de um espelho e lembrava dessas histórias, Johnny só conseguia pensar:

"Mais que monte de merda."

Não existia nenhuma revelação mística em sua imagem no espelho, tudo que conseguia ver era o que sempre via toda vez que encarava o próprio reflexo, uma bagunça emocional danificada em forma de gente, e nisso estava sendo gentil na descrição. O rapaz tinha a total noção de que sua autoestima era baixa, mas como não poderia ser? Quando todos seus sonhos, ambições e desejos vão por água á baixo por causa de sua personalidade radioativa e seu próprio narcisismo disfarçado, Johnny não era exatamente a autoconfiança em pessoa.

E é por isso que tinha total noção do quão na merda realmente estava, porque diabos tinha concordo com uma ideia estupida de entrar na piscina com o Gyro? Será que seus hormônios tinham finalmente fritado as conexões nervosas de seu cérebro? Estava tão ocupado sendo hipnotizado por uma suspeita atração que não pensou na realidade? Entrar numa piscina como outro significaria que ele teria que ver tudo aquilo que Johnny desesperadamente tenta esconder embaixo de todas aquelas roupas largas e soltas?

Agora estava sentado em sua cadeira de frente para um espelho no quarto de Gyro, ainda com o gosto de pizza na boca, se não estivesse praticamente surtando internamente, teria tomado a oportunidade para "explorar" um pouquinho os aposentos dele. Se encolheu, bufando frustrado com a própria incompetência, porque tudo tinha que ser tão difícil consigo? Por que não podia ser leve e confiante como o italiano? Talvez não iria conseguir ir até o fim com isso, seria mais fácil só inventar um imprevisto e fugir antes de ter que encarar suas escolhas? É isso parecia a decisão mais lógica ali.

- Opa, agora podemos começar a ... Er ... Johnny? - Gyro entrou no quarto, dessa vez com o cabelo solto, seu sorriso confiante rapidamente se fechou em uma expressão curiosa e levemente preocupada.

Foi assim que o americano percebeu que sua cara estava branca como um fantasma, a ânsia de vomito e ansiedade escancaradas no rosto como uma pintura renascentista.

- O-oi! Desculpa é que ... - Desviou o olhar do reflexo para encarar o mais velho - Não trouxe roupa de banho - Coçou a cabeça por cima de seu gorro, sem graça pela demora para contar sobre o obvio.

- Isso é fácil de resolver caro - Gyro responde indo em direção ao guarda roupa levemente bagunçado - Posso te emprestar uma sunga minha, ou se preferir, mergulha só de cueca - Ele diz remexendo as peças de roupa na gaveta.

Precisou processar aquela frase, ele tinha realmente sugerido para Johnny entrar na piscina só de cueca? Engoliu a seco só de imaginar a cena, não era possível ele deixar algo assim acontecer, tinha total certeza de que isso seria o suficiente para atacar sua dismorfia corporal para o resto da vida.

- Valeu, mas eu prefiro não levar um esporro do seu sindico - Pressionou seus lábios juntos erguendo as sobrancelhas.

- Ele não precisa saber - Gyro respondeu brincando antes de ceder - Mas tudo bem, eu devo ter algo aqui que tenha o seu tamanho -

Johnny sentia uma mistura amarga de desejos, por um lado, queria que Gyro não encontrasse nada e o mandasse para casa, onde poderia se jogar em suas magoas e inseguranças nos travesseiros, aquilo é familiar, seguro. Por outro lado, uma minúscula faísca se formava, um "talvez", talvez não fosse tão ruim sair da zona de conforto na qual o loiro se enfiou?